O diretor francês Joann Sfar escolheu para seu terceiro longa, uma refilmagem de 1970, baseado no romance de Sébastien Japrisot. Esse thriller tem 1h33m para desenvolver toda a trama de suspense onde só vamos entender o que está acontecendo no fim.

O filme tem tudo para ser bom. O argumento é interessante e tem possibilidades de desenvolver um bom roteiro. Para isso, um roteiro depende da estrutura de acontecimentos, de coerências de cena após cena, bons diálogos e estrutura de personagens como construção de personalidades e motivações de suas ações de acordo com suas personalidades, de desencadeamento de motivação ou instinto de sobrevivência.   Os roteiristas Gilles Marchand e Patrick Godeau perderam a mão um pouco de cada item. O público desse gênero é bastante exigente na hora de construir o quebra-cabeça para finalizar um quadro final da trama.

Outro fator importante depende muito da movimentação e dos enquadramentos do diretor. É uma pena que o diretor deixou seu lado machista falar mais alto ao explorar os corpos das atrizes Freya Mavor e Stacy Martin que interpretam a protagonista Dany e a peça chave da trama, Anitta. Os enquadramentos dos corpos das atrizes em cenas dispensáveis para trama, não só incomoda, mas como desperdiça o tempo que poderia ser usado melhor para contar mais da história. Nas cenas de sexo só as mulheres são expostas, os homens ficam preservados desse tipo de exposição. Além disso, nenhuma dessas cenas tem importância para a trama.

O figurino de Dany deixa claro que não foi feito para personagem e sim para valorizar mais o corpo da atriz. Uma personagem que é tímida e sem auto estima como Dany não iria trabalhar com um vestido curtíssimo mostrando mais do que deveria com uma plataforma alta. Inúmeras cenas mostrando o corpo da atriz como se fosse uma mulher sedutora e destruidora de corações, que não é o caso. Assim como em uma cena de banho em que ela deixa o roupão bem aberto ao invés de se secar, já que quem sai do chuveiro vai se secar. Outras cenas em que ela fica sem blusa com naturalidade na frente homens estranhos. Já Anitta tem uma cena que não tem o menor sentido, ela tira a roupa para uma cena de sexo com o marido em uma situação totalmente sem sentido para situação apresentada. Ela aparece sem roupa e o marido vestido. Fica aqui a reflexão sobre o assunto e quem sabe o diretor possa tomar mais cuidado nos próximos filmes.

Apesar das falhas, o elenco é bom e fez um bom trabalho dentro das suas limitações para desenvolver os personagens. Freya Mavor se destaca como a melhor em cena.

A fotografia do diretor de fotografia belga Manuel Dacosse, nos dá a impressão de estar nos 70 e valoriza as cores e uma estética característica usadas em alguns filmes ambientados no mesmo período.

A direção de arte fez um bom trabalho de ambientação com adereços de cena. A trilha sonora conseguiu dar o clima da época, mas o filme tem dois problemas, um está nas mãos do roteirista e outra nas mãos do diretor.

A Dama com óculos Escuros com Uma Arma no Carro tem um título grande, uma boa equipe, mas por falhas básicas para o gênero, não consegue te levar na história. Para quem não se importar tanto com a estrutura de história e personagem, assim como também com a movimentação de câmera para dar um ar de thriller, pode se divertir.

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