Chega aos cinemas mais um filme inspirado em uma série de sucesso na TV. Uma das mais populares séries dos anos 90, Baywatch falava sobre um grupo de salva-vidas que resgatava pessoas que se acidentavam e diversos perigos que aconteciam na praia. Era um drama e não uma comédia. No Brasil, a série ganhou o nome de S.O.S Malibu, mas o filme manteve o nome original, Baywatch.
O filme tem alguns acertos e muitos erros, mas mesmo assim pode agradar quem gosta de comédia besteirol.
Se os produtores tivessem optado por seguir a linha da série, o resultado poderia ser bem melhor. Mas a opção foi fazer uma comédia com um humor nada refinado. Fator que pode desagradar aos fãs da série.
A escolha dos produtores para direção foi Seth Gordon que tem em seu currículo filmes com esse tipo de humor como: “Quero Matar Meu Chefe” e “Uma Ladra Sem Limite”. O diretor abusou de piadas de mau gosto e explorou o único universo do qual ele achou possível fazer piada, sexo e drogas. Um filme com muitas possibilidades se perdeu em tantas bobagens. A sorte do filme foi o carisma do elenco e a disposição em fazer o melhor que fosse possível, já que aceitaram participar do projeto.
O roteiro escrito por Damian Shannon e Mark Swift está cheio de buracos, alguns clichês e algumas críticas. Mas pelo menos se manteve no universo da praia de Malibu, teve crime para resolver e brincou com as câmeras lentas clássicas da série onde o time de salva-vidas corriam na praia. Um roteiro que conta com a pré-disposição do elenco em embarcar nas piadas de mau gosto foi corajoso em arriscar a desagradar algum deles no meio do caminho.
O elenco é um dos pontos fortes do filme que conta com uma dupla que funcionou bem pela primeira vez trabalhando juntos. Dwayne Johnson e Zac Efrom usaram seus carismas e entraram na brincadeira e embarcaram nas loucuras dos roteiristas e do diretor que poderia ter poupado os dois atores e o público de certas cenas. Mas as cenas estão lá e eles fizeram o que foi determinado. A equipe ainda é formada por Alexandra Daddario, conhecida pelos filmes de “Percy Jackson”, Kelly Rohrbach que fez “Café Society”, Ilfenesh Hadera do filme “Oldboy: Dias de Vingança” e a série “The Black List” e Jon Bass do filme “Loving” e de séries como: “American Horror Story”, “House Of Lies” e “Girls”. O quarteto está ótimo cumprindo suas propostas. A personagem da traficante latina ficou por conta da atriz indiana Priyanka Chopra. Uma boa surpresa é a presença do ator cubano Oscar Nuñez que interpreta o vereador Rodriguez. Nuñez interpretou o impagável Ramone no filme “A Proposta”. E as participações especiais de David Hasselhoff que interpretou Mitch na série e a atriz Pamella Anderson que interpretava Casey Jean. Kelly Rohrbach interpreta a mesma personagem, mas ganhou o apelido de C.J.
Apesar do filme ter seus bons momentos, não representa a série em si que teve sua versão para o cinema em “Baywatch: Casamento Hawaiano” em 2003. Os produtores de Hollywood precisam mudar o conceito. Se vão filmar e levar para as telas do mundo inteiro filmes que tem um apelo afetivo com o público, por favor respeitem a obra original. Se querem fazer bilheteria com os fãs, devem repensar a forma de fazer isso. Baywatch era uma série séria, não precisa ser uma cópia, mas a essência precisa ser preservada. Se a ideia é dar um tom de comédia, precisa ser muito bem pensado para não perder a mão. Apesar de não ter muito valor em premiações, a comédia é um dos gêneros mais difíceis de fazer. Tudo tem que ser bem dosado para funcionar bem.
Infelizmente o longa dirigido por Gordon entra numa vasta lista de filmes baseados em séries clássicas de TV que não tem muito a ver com o original. Fica a dica: No próximo filme baseado em série de TV, tentem fazer a série com linguagem de cinema, respeitando o gênero e essência. Um bom exemplo de que isso é possível, o filme feito sobre a popular série Arquivo X, foi extremamente eficiente respeitando a obra e levando os fãs da série a voltar as salas de cinema para rever o filme enquanto esteve em cartaz.
O filme mesmo não sendo o esperado, não é de todo ruim porque tem a praia de Malibu, o elenco é bom e algumas críticas que são válidas. Como por exemplo sobre os uniformes das salva-vidas. Extremamente desconfortáveis, agarrados ao corpo e mostrando mais do que deveria. Quem vai salvar vidas precisa estar em condições para fazer isso. Quem mais sofreu com esse figurino foi a atriz Kelly Rohrbach em que o maiô era cavado na parte de baixo e decotado demais na parte cima, onde ainda tinha um zíper frontal. Nenhuma profissional de verdade usaria esse uniforme desconfortável para entrar no mar e salvar alguém de afogamento. Muito menos usaria metal na água do mar, oxida! O incômodo a faria se afogar junto com a vítima.
O filme acaba e ainda tem cenas de bastidores com erros de gravações que vale a pena ficar até o fim para conferir.