Vidas à Deriva (Adrift) / Eua, Hong Kong, Islândia, 2018. 96 min / Direção: Baltasar Kormákur / Com: Shailene Woodley, Sam Claflin, Grace Palmer

 

Baltasar Kormákur tem um forte apreço pela sobrevivência humana frente às leis da natureza. Desde “Sobrevivente” (Djúpið de 2012) realizado em sua terra natal, o diretor islandês demonstra sua admiração pelos fatos verídicos, estreando em Hollywood com o thriller “Everest” (2015) sobre a fatídica expedição ao mais famoso pico do mundo.

Em “Vidas à deriva” (Adrift no original) temos outro real capítulo de superação humana, onde uma viagem dos sonhos transforma-se num pesadelo quando o casal de namorados Tami Oldham e Richard Sharp são surpreendidos por um furacão nível 4 durante uma travessia no Pacífico.

O que temos aqui é mais um exemplo de um produto sem muitos erros onde o manual da sobrevivência é seguido à risca emoldurado por belas paisagens, trilha cativante e um casal de jovens atores com uma química estranha, embora atraentes e simpáticos. A opção por uma narrativa em flashback desconstrói a expectativa daqueles que já sabem o desfecho (o roteiro foi baseado no livro: “Red Sky in Mourning: Uma verdadeira história de amor, perda e sobrevivência no mar”, escrito por Tami em 1998), mas o aspecto da identificação primária é o que mais chama atenção neste filme.

O argumento fala de um paraíso desmoronando nas costas de uma mulher isolada no meio do oceano com a costumeira falsificação da realidade, sem que a platéia faça algum esforço intelectual para compreender o significado da perda total da esperança. No entanto, há uma boa combinação de um drama real de superação e uma love story convincente, suficientemente cativante para prender a atenção durante 96 minutos.  Baltasar dribla os clichês transformando-os em elementos, até certo ponto, inspiradores após testemunharmos um evento onde quase nenhum ser humano seria capaz de sobreviver. A missão é cumprida e “Vidas à Deriva” consegue se esquivar das turbulentas correntezas do melodrama vitimista e chegar a salvo em seu destino final.

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Zeca Seabra – Cinéfilo carioca com formação em Comunicação Social pela Puc em 1980 e em Hotelaria pela Estácio de Sá em 1983. A partir de 1995 participou de vários cursos e em 2006 começou escrevendo textos críticos para o blog paulista “Cinema com Pipoca”, um dos primeiros a tratar do assunto. Desde 2010 participa de debates e encontros com textos já publicados em catálogos de mostras especializadas. Em 2016 participou da oficina crítica cinematográfica com o renomado crítico francês Jean-Michel Frodon. É membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro) desde 2013 e crítico do site Almanaque Virtual.

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