Crítica – O Doutrinador

O Doutrinador / Brasil, 2018. / Direção: Gustavo Bonafé / Com: Kiko Pissolato, Tainá Medina, Samuel de Assis, Du Moscovis, Natallia Rodrigues, Natália Lage,

Yes, nós temos quadrinhos ! Baseado na HQ homônima criada por Luciano Cunha e adaptada para os cinemas por Gabriel Wainer (e mais oito colaboradores), “O Doutrinador” aposta num nicho crescente no mercado mundial: a adaptação de quadrinhos, ou HQs (como os experts preferem chamar).

Na trama, o agente federal Miguel (Kiko Pissolato) assume a identidade de O Doutrinador depois de uma tragédia pessoal, iniciando uma cruzada para limpar o governo brasileiro de políticos e empresários corruptos em pleno período de eleições.

Sem o apoio das grandes majors brasileiras (leia-se Globo Filmes) e sem grandes nomes do elenco (apenas com participações especiais de Eduardo Moscovis e Marília Gabriela), “O Doutrinador” é uma produção independente feito na base da raça e da dedicação. A utópica história de um vigilante mascarado que decide fazer justiça com as próprias mãos, reverbera diretamente no inconsciente coletivo de todo brasileiro que está cansado de assistir ao debochado espetáculo da impunidade que assola nosso país.

O filme cai como uma luva no atual painel pós eleitoral quando a população brasileira anseia por um herói que extermine os corruptos sanguessugas de maneira implacável, coroando a máxima de que “político bom é político morto”. Aqui não há situações politicamente corretas e apesar da narrativa seguir um padrão estereotipado em filmes deste gênero, há uma densidade que põe tudo para funcionar. Estruturado como uma ficção, mas fortemente calcado em situações reais, o roteiro traveste personagens e locais para que o espectador faça suas próprias descobertas. Essa brincadeira rende bons frutos, explorando uma interessante construção imagética com a excelente fotografia de Rodrigo Carvalho e a dinâmica montagem de Federico Brioni.

Este nicho aberto há muitos anos pelas poderosas Marvel e Dc Comics, cujos fabulosos super heróis estão sempre em busca de justiça, pode e deve virar realidade em nosso país, abrindo um extenso mercado de trabalho para profissionais que ainda permanecem no anonimato por absoluta falta de investimento.

Pelo visto “O Doutrinador”, que será transformado em série em 2019 pelo canal Space, não correrá o risco de esgotamento, tamanha a quantidade de políticos corruptos que ainda falta exterminar.