O Festival do Rio nessa sexta-feira, dia 9 de novembro, mostrou para o público uma nova forma de assistir documentário. O trio de diretores Claudio Manoel, Álvaro Campos e Alê Braga contam uma trajetória interessante do humor no período da ditadura, onde eram cerceados pelos censores do governo. O filme conta com depoimentos de figuras que fizeram parte dessa história, humoristas, roteiristas e produtores. Uma pena que parte do material que foi garimpado, com muita dificuldade, não puderam ser usados por falta de autorização dos direitos do uso de imagem. Uma pena! Mas o material que está contido no documentário é de primeira! A montagem é um dos pontos que merece atenção, os assuntos ficaram bem amarrados e tem um bom ritmo. Como não poderia deixar de ser, se é para falar de rir pode ter certeza que algumas gargalhadas são garantidas. Isso dá leveza e prende a atenção do público.

Você deve estar se perguntando: “O que tem de novo nisso? ”, é que o filme acaba e depois tem outro filme que continua a contar a história pela ótica oposta. Primeiro vemos como o humor teve que lidar com a ditadura e repressão de ideias e manifestação das artes. No outro temos a arte tendo que lidar com sua liberdade recém conquistada e sem saber como fazer e as novas propostas de humor.

Vale dizer que os dois filmes são interessantes e surgem como um registro da história da nossa cultura. São relembrados grandes humoristas como Jô Soares, Chico Anysio, Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacharias, Manoel Nóbrega, Carlos Alberto Nóbrega, Costinha, Golias e tantos outros, assim como os programas que fizeram tanto sucesso como Viva o Gordo, Chico City, Os Trapalhões, A Praça é Nossa, Faça Amor Não Faça Guerra, Família Trapo e A Escolinha do Professor Raimundo.

No segundo filme os depoimentos relembram Armação Ilimitada, TV Pirata, Planeta Diário e Casseta Popular e como se fundiram no Casseta e Planeta, Programa Legal, Sai de Baixo, Hermes e Renato e vemos como uma nova fase se formou e foi se desenvolvendo com as novas formas de visão sem censura.

Os dois documentários chegaram em um momento muito oportuno onde as liberdades estão tomando novas formas. Estamos vivendo uma fase onde todos podem falar o que querem, mas ao mesmo tempo não podem pelas novas regras de novas formas de comunicação entre as pessoas. Hoje todo mundo é crítico de todo mundo e o politicamente correto começa a criar dilemas e novos limites.

Os dois documentários tem conteúdos que valem a pena conferir e  matar a saudade de quem viveu nesses períodos e curtiu esses programas de TV, as revistas, os cartoons, os shows, as peças de teatro e quem não viveu e nem ouviu falar é uma oportunidade de conhecer.

No fim das contas, “Tá Rindo de Que? – Humor e Ditadura” e “Rindo à Toa – Humor Sem Limites” são belas homenagens ao humor brasileiro e ao cinema.

Estamos na torcida para que os donos dos direitos de imagens dos materiais que não puderam fazer parte desse filme, repensem suas decisões. A liberação do uso de imagem para registro de um documentário  colabora com a preservação da memória do nosso humor, da nossa cultura, e uma forma de mostrar sua homenagem e respeito à memória de humoristas que já se foram e que infelizmente muita gente da nova geração nunca ouviu falar. Essa é uma boa oportunidade para se fazer um terceiro filme e honrar a memórias desses artistas que influenciaram a geração seguinte.

 

 

SERVIÇO:

 

“TÁ RINDO DE QUÊ? – HUMOR E DITADURA”

Sinopse: No período da ditadura militar, mesmo com toda a brutalidade, truculência e obscurantismo inerentes aos regimes de exceção, muita gente fez rir. O humor serviu como arma de resistência, mas também como válvula de escape, criou formas de driblar patrulhas e censuras, revolucionou linguagens, criou, debochou, divertiu, foi perseguido, proibido, encarcerado e, ainda bem, riu por último.

 

Ficha Técnica:

 

Direção: Claudio Manoel, Álvaro Campos, Alê Braga

Produção e coprodução: Emoções Baratas, Homem de Lata, 2Moleques, Globo Filmes, Globo News e Canal Brasil

Produtores: Álvaro Campos, Alê Braga, Claudio Manoel e Manfredo G. Barretto

Diretor Fotografia: Marcela Bourseau

Montagem: Gabi Paschoal, edt.

Arte: Luva

Trilha sonora: Eugenio Dale

Edição e finalização de som: Bernardo Uzeda

 

“RINDO à TOA – HUMOR SEM LIMITES”

Sinopse: “Rindo à toa” reflete de forma bem-humorada sobre o estilo da comédia praticada no Brasil a partir da reabertura política em 1988. O filme aborda a gênese e nascimento dos “humoristas” nos anos 80. Os ícones do humor revisitam sua trajetória e fazem uma autocrítica sobre seus estilos, refletindo sobre questões como originalidade, vanguarda, limitações e contexto histórico e social.

 

Ficha Técnica:

 

Direção: Claudio Manoel, Álvaro Campos, Alê Braga

Produção e coprodução: Emoções Baratas, Homem de Lata, 2Moleques, Globo Filmes, Globo News e Canal Brasil

Produtores: Álvaro Campos, Alê Braga, Claudio Manoel e Manfredo G. Barretto

Direção Fotografia: Marcela Bourseau

Montagem: Pedro Bronz, edt.

Arte: Luva

Trilha sonora: Eugenio Dale

Edição e finalização de som: Bernardo Uzeda

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui