“Nós somos nossos maiores inimigos”. Essa frase soa um tanto clichê, porém somos bichos animalescos! A referida frase foi incluída no cartaz de divulgação do filme “Nós” (“Us”), do diretor e roteirista Jordan Peele, que produziu o sensacional “Corra” (“Get out”) e, graças a ele, levou para casa o Oscar de roteiro original de 2018. No seu novo projeto, ele ousa ainda mais ao misturar um terror psicológico contundente e complexo com doses de humor.

Tudo começa quando a família de Adelaide (Lupita N’yongo) e Gabe Wilson (Winston Duke) vão passar férias na praia. Até aí, tudo certo. Só que Adelaide pressente que algo de ruim está para acontecer (Já que ela carrega um trauma de infância que vale muito a pena prestar atenção nas cenas iniciais do filme). Aí que algo acontece, quando eles são atacados por uma família que são exatamente suas sósias. E elas tem características monstruosas. Ou seja, o medo da protagonista, que desde a infância a acompanha, nos mostra que é bastante real.

Jordan Peele tem se consolidado um mestre do terror contemporâneo, dando um frescor a um gênero que, há décadas, tem sofrido com a mesmice dos seus projetos. Confesso que de uns anos para cá temos tido boas amostras de terror psicológico, tais como “A Bruxa”, “Hereditário” e o já citado “Corra”, deixando de lado os chamados Jump Scares (Ou sustos fáceis). Nessa linha que “Us” segue, nos proporcionando momentos de tensão sem precedentes e a vontade de não desgrudar os olhos da telona.

Esse ambiente aterrorizante se deve muito à fotografia do filme, produzida por Mike Gioulakis, o mesmo de “Fragmentado” e “Vidro”. Além disso, o roteiro de Peele, misturando terror com situações fantásticas da mitologia alemã (Doppleganger é um monstro ou ser fantástico que tem o dom de representar uma cópia idêntica de uma pessoa que ele escolhe ou que passa a acompanhar, o que hipoteticamente pode significar que cada pessoa tem o seu próprio), nos proporciona um cenário tenso.

Outro ponto que merece e muito ser destacado é a atuação do elenco, tanto o principal quando os coadjuvantes, visto que todos eles interpretama si próprio e suas sósias malignas. Winston Duke, que interpreta Gabe e foi o rei M’Baku no aclamado “Pantera Negra”, é o tom cômico do longa. Os atores Evan Alex e Shahadi Wright Joseph, que interpretam Jason e Zora Wilson, filhos do casal protagonista,  estão muito bem, mas quem se destaca é Lupita N’yongo. Ela é um assombro em cena e, a partir daqui, já é uma das possíveis indicadas ao Oscar de melhor atriz em 2020. Seu trabalho é bastante equiparado ao de Toni Colette em “Hereditário”, que dá um show de interpretação (Pena que foi ignorada pela academia).

Termino minhas avaliações constatando o talento indiscutível de Jordan Peele para o gênero terror e aquela expectativa do que ele fará a seguir. Um filme inteligente, complexo, sarcástico e bem –humorado. Já entrou para minha lista dos melhores de 2019. Vale muito o ingresso.

Trailer

 

 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui