A Menina e o Leão (Mia et Le Lion Blanc) / França, Alemanha, África do Sul, 2018. 98 min / Direção: Gilles de Maistre / Com: Daniah De Villiers, Mélanie Laurent, Langley Kirkwood, Brandon Auret, Ryan Mac Lennan.

 

Há filmes que já nascem tão formatados que fica impossível achar uma brecha para ampliar um debate. “A Menina e o Leão” (Mia et Le Lion Blanc no original) é um deles.  Dirigido pelo documentarista francês Gilles de Maistre, esta produção comete erros primários que comprometem o arco dramático.  Com tomadas aéreas visualmente bonitas, fotografia luminosa e paisagens de cartão postal, o diretor não consegue manter esta exuberância nas cenas onde é necessário um domínio dramático mais crível.

 

Na trama, Mia (a novata Daniah De Villiers)  é uma garota de 10 anos de idade que se muda com seus pais de uma Londres urbana para uma fazenda de leões no interior da África. Após ganhar de presente do pai, um bebê leão branco, chamado Charlie, Mia desenvolve uma forte relação com o animal interrompido quando este  atinge a idade adulta. O clímax se desenvolve quando Mia descobre negócios escusos do pai com caçadores e parte numa jornada para salvar a pele de seu melhor amigo.

 

Para que o filme tivesse mais realismo, a única maneira do leão não machucar a atriz mirim era que eles crescessem juntos. Para isso o diretor contou com a supervisão do zoologista Kevin Richardson que durante 3 anos cuidou, através de sessões diárias, da interação da atriz com o animal tomando, por várias vezes o lugar do diretor nas tomadas mais perigosas.

O resultado é um híbrido de “Boyhood” (2014) e “A História de Elza” (Born Free, 1966), mas sem o charme de nenhum dos dois. “A Menina e o Leão” é um filme padronizado, manipulador, sem muita personalidade, com diálogos repletos de chavões e personagens estereotipados e unidimensionais. O eclético elenco não consegue escapar das armadilhas novelescas armadas pelo diretor que acredita que o mais é mais e capricha nos acordes melodramáticos querendo arrancar uma lágrima a qualquer custo. Há vários absurdos que comprometem a trama, quando, por exemplo, Mia desfila com o leão num shopping e ao sair pela porta dos fundos dá de cara com uma savana repleta de animais selvagens.

A atriz Daniah De Villiers desenvolve pouca empatia com o que está fazendo e se limita a fazer caras e bocas e acariciar o animal que se comporta como um gatinho mimado ronronando quando está cansado.

Uma pena que “A menina e o Leão” cometa tantos pecados, pois a história é bonita e contém uma crítica importante sobre a conservação de algumas espécies animais, que se bem lapidada renderia um excelente drama.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui