Na última segunda-feira, dia 26 de agosto, aconteceu no Rio de Janeiro a pré-estreia de gala de “Bacurau”, filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, que conquistou o prêmio do Júri do Festival de Cannes 2019 (Confira o vídeo acima). A produção mostra a cidade que dá título ao filme, que fica no Oeste de Pernambuco, e que lida com estranhos acontecimentos, como o seu desaparecimento do mapa do Brasil e uma série de assassinatos. O povo de Bacurau resolve reagir para garantir a sobrevivência antes que algo terrível ocorra com os moradores.
A sessão, que foi super concorrida, aconteceu no Cine Odeon, no centro do Rio, e contou com a presença dos diretores, além dos atores Sonia Braga, Karine Teles, Silvero Pereira, Bárbara Colen, Alli Willow, Buda Lira e Suzy Lopes. Atores e celebridades também prestigiaram o filme.
Um dos destaques da noite foi o ator Silvero Pereira, que interpreta o assassino Lunga. Ele chamou a atenção com seu figurino, que incluía um adereço que lembrava uma mordaça e nele estava escrito “Censura Não!”. Silvero disse que resolveu protestar porque há uma tentativa d desmontar a cultura e retirar os direitos adquiridos. “A gente não pode mais baixar a cabeça e dizer que o que vem daqui pra frente é lei. Não. As leis já existem. O que vem daqui pra frente é progresso.”, declarou.
A atriz Sonia Braga disse que o momento mais importante que viveu durante a divulgação de “Bacurau” foi quando voltou à cidade de Barra, no Rio Grande do Norte, que serviu de locação para o filme, e exibiu o longa para a população. Para Sonia, o filme ajudou a trazer benefícios para essa comunidade, que não tinha posto de saúde e a escola e as estradas estavam em péssimas condições. “Quando as pessoas fizerem as suas viagens, que elas observem também o caminho à sua volta e que procurem as autoridades e exijam delas que tomem conta do trabalho que fazem”, disse a musa do cinema, que também pediu para que a Amazônia seja preservada pelo atual governo e não destruída.
Em entrevista exclusiva para o site, o diretor Kleber Mendonça Filho disse que “Bacurau”, assim como seus filmes anteriores, trabalha a questão da memória e cujo principal símbolo é o museu que foi construído na cidade. Para ele, a memória é um tema muito caro para seus projetos. “Ele surge naturalmente nas coisas que eu escrevo”, afirmou o cineasta. Já Juliano Dornelles destacou o fato de que queria trabalhar com diversos gêneros cinematográficos, como faroeste e a ficção científica, sem identificá-los totalmente. “Eu acho que a ideia sempre foi construir uma história pautada pelo cinema popular, sempre se remetendo aos filmes e as cenas que a gente sempre gostou”, disse Dornelles.
“Bacurau” estreia nos cinemas no dia 29 de agosto.
