Maria do Caritó chega aos cinemas no dia 31 de outubro. A produção brasileira protagonizada por Lilia Cabral na pele da personagem título e com direção de João Paulo Jabur apresenta a história de Maria, uma mulher solitária que nunca vivenciou um relacionamento  devido a uma promessa de seu pai, que a prometeu a ser entregue virgem a São Djalminha, um santo desconhecido. Com uma vida regrada a essa condição, a protagonista passa por um conflito interno, que é a linha de partida da obra, que teve origem em uma peça teatral de Newton Moreno com a própria Lilia Cabral nos últimos cinco anos dando vida à virgem prometida.

O filme se passa em uma pequena cidade do Nordeste.  Os primeiros minutos de projeção são dedicados a mostrar um trabalho de ambientação que é bem executado – embora por pouco tempo – muito em virtude do suporte da ótima trilha sonora somada a um timing eficiente e preciso, enriquecendo assim as cenas. Isso faz com que o espectador rapidamente embarque com a história. Como o maior ponto forte dentro deste quesito, destaque para Santo Antônio, canção de Maria Bethânia que está presente também no trailer de Maria do Caritó.

O tom inicial da obra é mais voltado à comédia, que alterna entre bons e maus momentos. O texto acerta em algumas cenas, porém há uma perda de força quando há um esforço muito grande em tentar provocar riso de quem está assistindo ao filme, tendo que recorrer a estratégias duvidosas e rasas como o humor físico. Maria do Caritó é divertido, porém não engraçado, principalmente quando tenta demais o ser. Os diálogos mais fluídos e sarcásticos são muito mais bem-vindos do que tentativas explícitas de piadas. Isso deixa claro a falha do roteiro tanto nas conversas voltadas ao humor quanto o diálogo mundano, que soa forçado e pouco natural.

No terço final, o drama, embora leve, ganha um maior espaço e dá uma nova camada a Maria do Caritó. Há presente um sub-texto envolvendo política e religião que não é aprofundado de modo claro, mas é possível notar todas as piscadinhas que o roteiro dá aos espectadores.

Em meio a isso, o momento chave de desenvolvimento da obra se passa através da relação com o elenco do circo. Há altos e baixos durante estes momentos. O personagem russo e o convívio com Maria não é muito bem executado, o que por algumas vezes torna confuso o entendimento do que de fato está se passando com os personagens envolvidos.

Maria do Caritó tem o filme para si e conta com um elenco de apoio ao seu redor, sem grandes destaques dos personagens secundários. Isso faz com que tudo dependa principalmente do quão bem feita é a atuação de Lilia Cabral, que não compromete, mas é prejudicada por um texto fraco em alguns momentos. A atriz conta com ,muitos anos de experiências na profissão e encorpora a personagem de modo competente.

Quando tem o tom mais fluído, Maria do Caritó se torna mais atraente. Parte dos diálogos acerta, principalmente tudo que gira em torno da falta de relacionamentos da personagem-título com as brincadeiras consigo mesmo. Em contraparte a isso, o filme apresenta mudanças de clima dramático e erra na mão no texto em momentos chave, se tornando assim inconsistente.

 

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