As Panteras (Charlie’s Angels, no original) foi uma série de grande sucesso de escala global. Lançado em 1976 nos Estados Unidos, o programa – que durou até 1981 – foi um fenômeno também no Brasil. O trio feminino de espiãs, independentemente da formação, faz parte da Cultura Pop desde então. A música tema é muito famosa e conhecida por pessoas das mais diversas gerações.

No ano de 2000, As Panteras contou com uma releitura, dessa vez para as telas de cinema. Protagonizada por Drew Barrymore, Lucy Liu e Cameron Diaz, o filme fez um relativo sucesso, com aproximadamente 261 milhões de dólares de arrecadação mundial, o que motivou a uma continuação, que não foi tão querida quanto a primeira obra.

E então, quase 20 anos depois, a mais nova versão de As Panteras chega aos cinemas. Desta vez, ao contrário da série e do filme do começo do milênio, dirigido por uma mulher: Elizabeth Banks. Com isso, a expectativa por parte do público feminino de ser apresentado a um estilo que não seja relacionado a estereótipos machistas, fazendo assim com que a linguagem seja mais voltada a situações às quais mulheres passam diariamente dentro do contexto apresentado na obra. É justamente o que acontece logo nos primeiros minutos de filme. O contraponto entre uma mulher e um homem sendo extremamente machista é o recado de que agora quem dirige é uma mulher. A mensagem foi passada, porém faltou um equilíbrio entre o tom geral do filme, visto que na menor parte do tempo ele se leva extremamente a sério.

Uma opção interessante desta nova versão foi quebrar algumas pseudo regras pré-estabelecidas em relação a gêneros de figuras importantes dentro da equipe. Bosley e Charlie continuam presentes na obra, porém de um modo diferente em relação ao que o público está acostumado.

As Panteras tem como base em seu DNA, desde os tempos da série, um tom leve, divertido e, eventualmente, galhofa. O que funciona perfeitamente no atual filme, principalmente em um momento específico envolvendo Patrick Stewart. A referência no momento às produções anteriores de As Panteras serve tanto como um alívio cômico quanto para estabelecer que não se trata de um reebot e sim uma continuação.  O universo tem continuidade e nada daquilo que fora exibido há anos atras foi esquecido, pelo contrário. Há um enorme respeito a tudo que envolve a história das espiãs.

Por outro lado, quando tenta fazer piadas com um maior preparo, sem naturalidade e sem a galhofa como o exemplo acima, o resultado é pouco efetivo. Algumas frases são soltas e sem graça, o que faz perder parte do tom leve.

Para os iniciados e sem conhecimento prévio da franquia, a figura de Elena (Naomi Scott) serve como uma porta de entrada ao universo estabelecido. Os olhos dela são os olhos do público. Tudo ali é novidade e apresentado de modo didático. Elena é um dos pontos fortes do filme, a atriz tem uma boa atuação e cativa os espectadores. Junto a ela, temos Jane (Ella Balinska) e Sabina (Kristen Stewart). Entre as três, cada uma com seu estilo. São três diferentes personalidades que se complementam.

No que diz respeito à ação, as cenas são muito mal trabalhadas. Há uma confusão visual devido aos inúmeros cortes entre cada movimento dos envolvidos no momento. Este recurso vem sendo utilizado por muitas obras ao longo dos últimos anos e isso tira muito da naturalidade e fluência das lutas. Desta vez não foi diferente. Não há muitos exemplos de cenas de ação que ficam marcadas na cabeça dos espectadores. As melhores saídas são quando há o recurso de inserir um tom cômico dentro do confronto.

A maior parte do grupo de vilões não é marcante. Os personagens operam, mas sem nenhuma grande e forte linha de diálogo, beirando ao genérico. Apenas um twist do roteiro torna a trama mais interessante dentro deste contexto. Fora do trio principal, nada de muito destaque e memorável.

De um modo geral, As Panteras diverte. Em meio a tropeços, o filme consegue engajar, pecando apenas quando tenta se levar a sério. O filme está longe de ser extraordinário, mas são cerca de duas horas de duração para um leve passatempo. A homenagem a toda a franquia é justa e estabelece a possibilidade de produção de novos filmes, tendo assim continuidades. Tudo vai depender da bilheteria deste novo pontapé inicial.

 

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