Nolan sendo Nolan

 

O diretor Christopher Nolan é conhecido fazer filmes com qualidade técnica impecável e uma elegância visual em seus filmes, mas uma outra característica desse diretor é a complexidade em contar histórias. Podemos dizer que é quase uma criptografia, e é complicado decifrar suas histórias, principalmente quando fala sobre seu tema favorito, dilemas sobre o tempo, presente na maioria de seus filmes. Isso reflete que seu eterno questionamento sobre o tempo, continua sem respostas e ainda o incomoda.

Desta vez, o tempo trabalha com espionagem. A explicação do que se trata o filme, talvez nem o próprio Nolan saberia responder. Ele gosta de deixar o público entender tudo sozinho, mas é difícil para o público entender com tantos elementos confusos.

Como seria difícil também para um roteirista entrar “no incrível mundo imaginário de Nolan”, o roteiro fica a cargo dele mesmo. Ele cria uma história em que o protagonista aceita salvar o mundo apenas armado com a palavra Tenet e uma explicação científica sobre o Tempo e sua inversão. O protagonista é um personagem sem nome vivido por John David Washington, que brilha mais uma vez em um filme. Parece que a genética é muito ativa na família Washington. Talento e carisma passou de pai para filho.

Enquanto o protagonista é um mistério a ser desvendado, o vilão é bem definido. Andrei Sator é um poderoso personagem russo vivido pelo ator britânico Kenneth Branagh. Podemos observar que a inspiração na criação de Sator vem da mitologia grega representando Hades e Perserfone, já que ele prendia a mulher com ele, assim como Hades fazia com Perserfone. Aqui a mulher de Sator, é Kat vivida por Elizabeth Debeki que também está muito bem. Esse é outro ponto positivo de Nolan, ele sabe como dirigir seu elenco. Além disso, a equipe de caracterização de personagens formada por Figurino, maquiagem e efeitos visuais fizeram um trabalho impecável. O ator Aaron Taylor Johnson está irreconhecível de cabeça raspada, barba e mais forte. Robert Pattinson interpreta Neil, o agente que orienta o protagonista, está ótimo em seu personagem de ação, um dos melhores trabalhos de sua carreira.

Falando em ação, Nolan proporciona ótimas cenas de ação, mas com os dilemas de tempo invertido, mesmo tendo ótimas cenas de ação, e uma montagem de tirar o fôlego, é fácil se perder nelas. Então o conselho é atenção redobrada ou assista mais de uma vez para ver se alcança o que realmente está acontecendo e o que está invertido.

O som é outro ponto positivo, não só pela técnica de efeitos sonoros e mixagem de som, a trilha sonora do músico sueco  Ludwig Göransson ganhador do Oscar de Melhor Trilha Sonora por “Pantera Negra”, além de trilhas como “Creed” e “Madalorian”. Já sentiu que a trilha vale a pena!

A direção de arte do britânico Nathan Crowley é bem interessante e trabalhou com Nolan em Dunkirk e Interestrelar, assim como o diretor de fotografia suíço Hoyte van Hoytema. Os dois trabalham em harmonia com as ideias do diretor/roteirista e esse trio emplaca mais um filme com uma belíssima fotografia e direção de arte.

Esse filme não seria possível se não fosse os ótimos efeitos visuais e principalmente a montagem de Jennifer Lame que merece atenção especial pelo ótimo resultado. O ritmo de ação, e as muitas versões de algumas cenas são fundamentais para o filme funcionar.

Tenet é um filme interessante pelo ótimo trabalho técnico, mas muito confuso quanto história, sem definição de começo, meio e fim, real e invertido.

Então, para quem gosta do jeito Nolan de contar história, esse é um prato cheio.

 

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