A atriz Bárbara Paz dirigiu o documentário em homenagem ao marido, o cineasta Héctor Babenco, um dos cineastas mais importantes do Brasil. Ele tem um toque poético e afetivo que mostra o carinho entre Babenco e Bárbara. A fotografia é interessante. O preto e branco promoveu ao filme uma estética elegante, mas o documentário tem alguns problemas começando pela falta de narrativa e localização.

Sem narrativa o documentário se perde em meio a imagens misturadas na montagem, e sem legenda, a direção supõe que quem está assistindo sabe tudo sobre Babenco. Só que não. A função de um documentário é esmiuçar o assunto. Aqui não acontece isso. Temos uma mistura de cenas de arquivo antigas do diretor com as últimas durante seu tratamento de câncer, e cenas de bastidores de alguns filmes como seu último filme, “Meu Querido Hindu”, cenas de alguns filmes e até alguns diálogos em outro idioma jogados na tela sem nenhuma legenda.

A sensação é de assistir um filme em processo de construção com um material bruto inacabado. Uma pena porque Babenco merecia um documentário que contasse sua história como cineasta e sua luta para viver seu grande amor pelo cinema e as relações que foram construídas ao longo de sua trajetória cinematográfica. Esse argentino de nascimento e brasileiro de coração tem uma filmografia com filmes marcantes e importantes para a história do cinema brasileiro e do cinema mundial, já que seu filme “O Beijo da Mulher Aranha” foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Direção para Babenco, Roteiro Adaptado para Leonard Schrader e levou o Oscar de Melhor Ator para William Hurt. Além disso, o filme levou a atriz Sônia Braga a ser conhecida no mundo todo e virar uma referência.

Hector Babenco se apaixonou pela arte de contar histórias e em sua carreira foram ao Todo 10 filmes e todos tem sua importância. “O Rei da Noite” (1975), “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia” (1977),  “Pixote, a Lei do Mais Franco” (1980), “O Beijo da Mulher Aranha” (1984), “Ironweed” (1987), “Brincando Nos Campos do Senhor (1990), “Coração iluminado” (1998), “O Passado” (2007) e seu último filme, “Meu Amigo Hindu” (2016).

Uma oportunidade perdida foi não ter entrevistado algumas das pessoas com quem Babenco trabalhou nos 10 filmes e mostrar o quanto ele era apaixonado pelo que fazia e porque ele se tornou importante.

Foi interessante mostrar algumas imagens de arquivo da família de Babenco na Argentina, mas sem legenda ficamos perdidos. Assim como a participação no Oscar 1984.

Tem uma cena em que uma mesa de jantar tem pessoas celebrando, mas também fica perdido para quem não sabe quem são aquelas pessoas e porque estão ali, já que quando se faz um filme, o cineasta o faz para todas as pessoas de todos os lugares e tem que lembrar que vai atravessar gerações. Os nomes estão todos nos créditos finais, mas sem localizar quem é quem.

Então, Bárbara Paz que é uma ótima atriz, muito visceral, começa um novo caminho como cineasta com “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou” é o seu primeiro passo atrás das câmeras e é válido, já que ela demonstra ter senso estético e poético. Quanto a parte técnica de um documentário vamos aguardar novos aprendizados.

 

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