O ano de 2021 começa com uma boa estreia do Cinema Nacional com o filme “Um Tio Quase Perfeito 2” de Pedro Antônio. O longa é a continuação da história da família de Tio Tony, o carismático personagem de Marcus Majella que fez sucesso nos cinemas em 2017.
Para quem não viu o primeiro filme, recomendo que assista porque é um filme de família bem divertido. E ajuda a conhecer mais os personagens e como o relacionamento deles se estreitou.
O roteiro é escrito pelo diretor Pedro Antônio em parceria com Leandro Muniz, Sabrina Garcia e Rodrigo Goulart. O quarteto trabalhou todo o aprendizado dos personagens do primeiro filme e cada um evoluiu gradativamente, um amadurecimento natural de cada um. Tony (Marcus Majella) teve o maior crescimento, com seu personagem inicialmente era imaturo, inconsequente, irresponsável, mas com bom coração. Cuidar dos sobrinhos no primeiro filme o fez criar responsabilidade na marra e descobriu um talento natural para lidar com crianças e adolescentes. Ele é carismático e se tornou mais adulto nesse filme sem perder seu lado criança. Como maturidade é um processo que leva um tempo, alguns traços desse processo em andamento não estão completos, Tony tem insegurança e fica com ciúmes de perder o amor e respeito dos sobrinhos, da irmã, da mãe e das pessoas que ele conquistou para sua vida. O Noivo da irmã, Ângela (Letícia Isnard) é o Beto (Danton Mello) um sujeito simpático, boa gente, politicamente correto, bem sucedido ao invés de Tony agregar mais um mebro na família, foi mordido pelo bichinho do ciúme. Então ele criou gratuitamente uma rivalidade com o cunhado. Ponto positivo para o roteiro por tratar de um filme de família com dilemas encontrados em qualquer família de maneira que a história fica crível.
Outro ponto positivo foi o elenco que foi bem dirigido. Marcus Majella está bem tanto nas cenas cômicas como nas cenas mais dramáticas. A chegada de Danton Mello agregou ao filme um clima alto astral. O ator trouxe um Beto divertido, participativo, compreensivo e que se adequou muito bem ao elenco já entrosado do filme anterior. As crianças estão bem e são fofas e ganharam também sua cota de ciúme, já que o filho do Beto, Rodrigo (Phillipe Gomes) também está com ciúmes dos três filhos de Ângela.
A trilha sonora de Lucas Marcier e Fabiano Krieger oferece o clima certo para a proposta do filme e ficou interessante a paródia da música “Família” dos Titãs. E a montagem de Leonardo Gouvea tem um bom ritmo e é divertida. A Direção de Arte trabalha bem os cenários mais usados em cena como a casa de Ângela e os três filhos, a casa do Tony e sua mãe, Cecília, o colégio das crianças, e os cenários abertos do Rio de Janeiro mostrando a beleza da cidade e o tom aconchegante. Já os figurinos criados por Elisa Faulhaber é a parte mais fraca. As camisetas usadas por Tony são interessantes, as roupas do dia a dia estão adequadas com as personalidades, mas os figurinos do casamento de Ângela e Beto não acompanha a linha seguida. Ficou tudo com cara de almoço na casa tia e não uma festa de casamento. Ângela merecia um vestido noiva mais elegante, mais bonito, assim como a composição do cabelo e maquiagem. Beto também tem um figurino de noivo simples demais, e as crianças nem parecem estar vestidos para o casamento dos pais. Jeans, tênis e camisa de manga comprida não é roupa para um casamento, muito menos o filho do noivo. A gravata não adianta em nada se o resto não combina. Patrícia tem um vestidinho simples com tênis. A filha mais velha da noiva deveria usar um vestido para uma festa de casamento, mesmo sendo à tarde. João também não está bem e parecia um figurino de época e a fofa Valentina também não tem um vestido fofo de casamento.
Outra falha no casamento não está no figurino e sim no roteiro. Naturalmente a Valentina seria a dama de honra e não tem nada dizendo isso.
Mesmo com as falhas, o filme cumpre com sua proposta de divertir e reunir a família.
Um Tio Quase Perfeito 2 é produzido pela Arpoador Audiovisual e coproduzido pela Sony Pictures, Globo Filmes, Telecine e Morena Filmes. A distribuição é da H2O Films e da Sony Pictures. É bom saber que apesar de todos os problemas que o audiovisual vem enfrentando no Brasil, os produtores cinematográficos continuam lutando para manter o cinema brasileiro em funcionamento. É uma satisfação ao ver que o esforço de tantas pessoas envolvidas em fazer e lançar um filme tem um resultado positivo.
