Um Príncipe em Nova York 2 (Coming 2 America, no original) chegou ao catálogo do Amazon Prime Video no dia 05 de março com a difícil missão de manter o bom trabalho realizado no primeiro filme, de 1988. Porém, não foi o que aconteceu.

Na continuação, a base do elenco da produção de 33 anos atrás permanece e temos a oportunidade de rever, principalmente, Eddie Murphy e Arsenio Hall dando vida mais uma vez a, respectivamente, Akeem (que agora é Rei) e Semmi. Aqui temos o primeiro ponto negativo da película. A dupla está pouco inspirada e sem o entrosamento visto na obra dos Anos 80. Falta sintonia e o personagem de Hall parece perdido e sem função no longa. Já Eddie Murphy está ainda mais apagado, com uma atuação morna e sem praticamente nenhum momento que provoque risadas. Por sinal, o Rei Akeem é uma ferramenta de condução de roteiro e não necessariamente o protagonista do filme. Quem assume esse papel na verdade é o filho do personagem.

Lavelle (Jermaine Fowler) é o real personagem principal da obra e a história é conduzida a partir do choque de cultura do filho bastardo às tradições e costumes no reino de Zamunda, fazendo assim um paralelo inverso à jornada do primeiro filme, que, de modo excelente, tratou com críticas e ironias o costume dos norte-americanos à época. Aqui, porém, a execução não tem a mesma qualidade e não conta com o tom sarcástico, tampouco o carisma de Eddie Murphy, que é um gênio e estava no início do sucesso de sua carreira. Desta forma, vemos poucas cenas em território americano, tendo assim poucos minutos dedicados ao choque de cultura apresentados no filme de 1988. Nos raros momentos em que isso ocorre, funciona.

A obra conta também com um subtexto questionando o modus operandi do Reino no que diz respeito à impossibilidade de mulheres serem escolhidas para assumuir o trono, o que impede as três filhas de Akeem de ter essa posição. O filme aponta desde o início que elas, em especial, Meeka, interpretada por KiKi Layne, têm capacidades físicas e diplomáticas para tal responsabilidade, tendo como barreira apenas as regras retrógadas. A mensagem que a obra quer passar é clara, porém mal executada, principalmente se considerar que não houve evolução do personagem de Eddie Murphy desde o primeiro longa. Pelo contrário, a construção dele foi convenientemente ignorada, fazendo assim com que Akeem regredisse. 

Um ponto fácil de ser notado é a ausência de um humor mais ácido e crítico, que era um elemento importante do primeiro filme. Sem esse fator, o longa perde muito de sua característica cômica, se tornando assim não muito atrativo e provocando poucas risadas, salvo raríssimas exceções. Fica uma ideia de que houve uma “mão no freio” no texto do roteiro, pois já são mais de 30 anos de diferença e o mundo agora é outro, teoricamente não cabendo mais determinado tipo de abordagem.

Algo a ser elogiado é o figurino de Um Princípe em Nova York 2, que  foi muito bem feito e contou com um nome de peso: Ruth Carter, que venceu o Oscar de Melhor Figurino por seu trabalho em Pantera Negra. É impossível não se atrair pelos belos trajes apresentados nos personagens. Tranquilamente, é o que mais chama atenção nesta continuação. 

Um Princípe em Nova York 2 se agarra na nostalgia para fazer com que o público tenha no minímo uma curiosidade de assistir e acompanhar até o final, porém falha em diversos elementos e se torna muito abaixo do primeiro filme, tanto no roteiro em si, quanto no humor apresentado pelos personagens.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui