Baseado na premiada – e aclamada – produção musical da Broadway. Querido Evan Hansen, traz a história do protagonista-título interpretado por Ben Platt (que também fez o papel nos palcos), um adolescente com transtorno de ansiedade social, que vive com sua mãe ausente (Julianne Moore). Até que um incidente no colégio o faz conhecer  Connor Murphy (Colton Ryan) – um rapaz que não tem qualquer tipo de relação afetiva – nem mesmo com a própria família, e que dias depois acaba cometendo suicídio. Desde então, os pais de Connor (Amy Adams e Danny Pino), acreditam que o filho tinha amizade com Evan, que mente ao confirmar tal amizade. Por isso Evan entra numa espiral de eventos cada vez mais comprometedores, que vão desde o acolhimento dos pais de Connor (e uma relação com a irmã de Connor, Zoe (Kaitlyn Dever) – por quem ele era secretamente apaixonado), até tornar-se o centro das homenagens ao aluno falecido, organizadas pelo próprio colégio.

Para dirigir essa produção, um dos diretores com maior sensibilidade artística sobre jovens e crianças foi convidado: Stephen Chbosky, que esteve à frente do (provavelmente) melhor filme sobre adolescentes da década, “As Vantagens de Ser Invisível” (2012), que também aborda o tema de um jovem que tenta tirar sua própria vida. Em Querido Evan Hansen, vemos que o diretor não deixa pontas soltas: tudo será aproveitado em seu devido tempo. Mesmo que em alguns momentos certas cenas pareçam ser uma repetição sem sentido. Chbosky deixa os atores à vontade para suas interações e interpretações, com grande destaque para o protagonista, que assume os trejeitos e tiques de que o personagem necessita para que acreditemos no incômodo que o atormenta o tempo todo.

Nos EUA, o filme estreou durante o período da campanha do Setembro Amarelo, aproveitando a temática para trazer à discussão sobre o suicídio tanto os jovens, como suas famílias.  De fato, quando a peça da Broadway estreou em 2016, encontrou bastante eco em outras produções, como o seriado 13 Reassons Why. O filme traz relevância e sensibilidade ao tema –não entra em detalhes  nem apresenta cenas gráficas ou sobre o suicídio em si. Ao contrário, opta pela discussão sobre seus efeitos, que são o centro do filme. Em especial o processo de luto, que acompanhamos  se desenvolver de três maneiras distintas na família Murphy: a negação, o distanciamento e o conflito.

Quanto à parte musical, apesar de ser premiada e adorada por quem conhece a produção, ela acaba apresentando problemas. Por ser um filme melancólico, suas canções se apresentam em sinergia com a atmosfera a que o filme se propõe. Com exceção da única cena cantada por Connor num flashback, que acaba se destacando – o que pode desconectar o espectador da história. Creio que, talvez por ser um filme (e não mais o musical que lhe deu origem), seria importante dedicar mais tempo ao desenvolvimento da trama do que aos quadros musicais em si. Com efeito causa certa confusão a cena que vai viralizar para o mundo: aquilo é um discurso (que para nós, espectadores, se apresenta musicalmente), ou ela realmente é uma música, como se fosse diegética no filme?

O filme tem como grande força sua tocante história, e, mais importante ainda, a discussão que propõe; e nas atuações (principalmente de Platt) , com Amy Adams e Julianne Moore dando maior peso para suas personagens, mas deixando o protagonista brilhar.

Nota: 3,0 Estrelas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui