Um filme que tem a mesma premissa de um dos grandes trabalhos do brilhante Mel Brooks e que conta um elenco estelar pode não funcionar? “Vigaristas em Hollywood” nos ensina que sim, isso pode acontecer em situações em que o projeto tem boas intenções, mas carece de alma.  Falta ao diretor George Gallo a genialidade para transmitir emoção nas cenas de comédia, que acabam caindo no humor pastiche, mesmo que de forma competente. Um dos pontos interessantes do filme, porém, são as citações nostálgicas de filmes clássicos de Hollywood, que muitas vezes se referem a filmes menos conhecidos do grande público.

 

Em “Vigaristas em Hollywood”, o produtor de filmes B Max Barber (Robert De Niro) e seu sobrinho e sócio Walter (Zach Braff) vivem na penúria após o fracasso de seus últimos filmes, até que se deparam com a oportunidade de vender o único bom roteiro que eles possuem para um antigo pupilo de Max, James Moore (Emilie Hirsch), que hoje é um dos principais produtores de cinema do momento. Max tem dívidas com um mafioso local, Reggie Fontaine (Morgan Freemann), que financiou seu último filme, um fiasco de bilheteria, e a oportunidade de vender o roteiro pode ser sua salvação. Porém, ao visitar James no set de filmagens de seu próximo projeto, Max descobre que se o ator principal de um filme morre, a seguradora paga uma pequena fortuna como indenização. Com isso, Max tem a ideia de produzir seu próximo filme escalando um ator bem idoso como protagonista, Duke Montana (Tommy Lee Jones), planejando que ele sofra um acidente durante as filmagens e dessa forma a seguradora pague um bom dinheiro à sua empresa. Para completar, Max envolve Reggie, o mafioso, em seu plano.

 

A premissa dessa história é a mesma do clássico de Mel Brooks “Primavera para Hitler”: o filme original trazia dois produtores de musicais da Broadway tentando criar uma peça que fosse tão ruim que seria cancelada após a primeira exibição, permitindo que eles pudessem ficar com os lucros de uma contabilidade fraudulenta; em “Vigaristas de Hollywood”, dois produtores de cinema querem assassinar o protagonista antes que o filme seja finalizado. É nesse ponto que a falta de genialidade de Gallo se torna gritante. Enquanto Brooks insere motivações que fazem a história andar ao mesmo tempo em que mostra os bastidores da Broadway com um humor fino, Gallo cria situações repetitivas – o produtor cria um plano para o ator morrer e ele sobrevive. A sensação que o filme traz é de que a história está estagnada e só serve para contar piadas fracas. Além disso o timing do filme é muito ruim, tendo em vista que foi lançado logo após a terrível tragédia que envolveu o ator Alec Baldwin, que vivenciou uma morte no set de filmagens de seu último filme.

 

Embora “Vigaristas em Hollywood” faça menção de que sua história é um remake do filme homônimo de 1983, ele é claramente inspirado no filme de Mel Books, que é bem mais antigo. As atuações do elenco estelar escalado estão bem razoáveis. É interessante ver De Niro atuando sem seus trejeitos habituais e fazendo uma comédia na qual ele não faz uma paródia de si mesmo. Tommy Lee Jones interpreta um vaqueiro idoso que ainda inspira as pessoas, e que apresenta a mesma personalidade rabugenta presente em seus trabalhos anteriores. E Morgan Freeman volta a interpretar um vilão, depois de muito tempo somente fazendo o papel do “bom moço”, do “cara legal de que todos gostamos”.

 

Note: 3,0 estrelas

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