O longa dirigido por Pedro Peregrino é um suspense policial em que a protagonista da história é Lúcia,  comissária da inteligência da Polícia Civil. Com uma carreira brilhante e professora respeitada, ela dedicou 30 anos de sua vida para esse trabalho, abrindo mão da vida pessoal. O resultado é uma mulher que mora sozinha e seu único parente é seu Tio Padre Walter.

Ao ser diagnosticada com  Mal de Alzheimer ela começa a preparar o caminho para a doença. Ela pede aposentadoria, registra escrevendo e gravando tudo para não esquecer de nada. Mas antes de se aposentar ela pega seu último caso e quando tudo parecia ser mais um dia de trabalho, ela descobre um esquema no qual ela vira suspeita. E com o problema do Alzheimer a trama se complica.

Temos então um bom gancho para desenvolver um dilema para ser resolvido, como uma profissional bem-sucedida, que dedicou sua vida à Polícia, e precisa do intelecto e agilidade de raciocínio e ação de movimentos lida com uma doença que ataca justamente sua principal ferramenta de trabalho?

De uma coisa é certa, a trama te prende! E o elenco está bem entrosado. O Rio de Janeiro é o cenário dessa história que ganhou belas tomadas no olhar do diretor Pedro Peregrino e valorizada pela fotografia de Fabricio Tadeu que usou esse recurso para dar o tom pesado que o filme precisa, mas faltou fazer uma fotografia diferente na hora do flashback.  

O maior acerto desse filme foi a escalação de Glória Pires para interpretar Lúcia. Ela tem uma força e realmente mereceu o Prêmio que recebeu no Festival de Gramado, o Quiquito de Melhor Atriz. Assim como Glória Pires, o elenco também é bom e tem uma boa troca com ela em cena. Principalmente, as cenas que ela tem com Paulão, interpretado por Alexandre Moreno, o tio Padre Walter, interpretado por Genésio de Barros e Beto, o chefe do tráfico interpretado por Daniel Bouzas.  Um ponto que vale a pena estacar é que o chefe do tráfico aqui não é negro, é branco.  Com isso, a escalação mostra uma realidade que sai da obviedade de chamar um negro para ser o chefe dos bandidos.

A direção de arte Tiago Marques Teixeira é rica em detalhes nos objetos de cena usados por Lúcia, tanto em casa, quanto na delegacia.

O roteiro escrito por Newton Cannito e Thiago Dottori tem pontos positivos e alguns nem tanto.  A trama e o desenvolvimento dos personagens é bem elaborado, mas o Alzheimer não foi bem desenvolvido nos sintomas e nem no tempo de evolução da doença. A cena do médico falando sobre a evolução da doença de Lúcia é que atrapalha. No início do filme mostra a comissária já diagnosticada e organizada em se preparar para a doença. E a cena do médico joga por terra o que foi preparado no início. Os roteiristas esqueceram dos sintomas e quanto tempo leva para a evolução dos estágios da doença. Isso faz diferença no desenvolvimento da personagem. Já que a doença tem quatro estágios e a progressão seria importante para localizar o público em como Lúcia está e dependendo disso, qual seria o passo mediante as reações. Em nenhum momento ela ficou esquecida ou confusa. O que ela tinha eram ausências, mas em nenhum momento mostrou que ela estava esquecida dos fatos e detalhes. Mesmo assim, a trama prende a atenção.

Esse filme mostra que as muitas possibilidades de fazer filmes dentro desse gênero Thriller Policial com toques de drama dentro do cinema brasileiro. Vamos embarcar nessa jornada e apreciar um belo trabalho artístico e uma crítica social.  

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