“A Conferência” é o terceiro telefilme alemão produzido nas últimas três décadas que traz como tema a Conferência de Wannsee. Esta nova abordagem do assunto marca a data de 80 anos de realização desse evento, ocorrido nos subúrbios de Berlim em 1942. Esse encontro, que reuniu membros do Partido Nazista, teve como tema central a discussão em torno do que veio a ser conhecido como “A Solução Final”, que tratava da população judaica que estava sob o domínio da Alemanha Hitlerista.

 

Por ser justamente um filme produzido para a TV alemã, os principais integrantes desta reunião podem não ser conhecidos de grande parte do público internacional, tendo em vista que a alta cúpula nazista não estava presente nessa conferência, que contou com a presença apenas dos principais asseclas do partido. O organizador da conferência era Reinhard Heydrich, subalterno do líder da SS Heinrich Himmler, e encarregado pela ocupação da Boêmia e da Morávia (parte da antiga Tchecoslováquia). Heydrich era um dos principais articuladores da questão judaica e foi o oficial nazista de mais alto posto morto durante a II Guerra pelas mãos dos Aliados (neste caso, por Partizans Tchecos). Outra figura proeminente presente na reunião foi Adolf Eichmann, um burocrata do Partido Nazista que foi responsável pela organização logística do Holocausto, resolvendo principalmente a questão do transporte dos judeus para os campos de concentração através de trens. Eichmann fugiu para a Argentina no fim da Guerra, onde foi capturado por um grupo de caçadores de nazistas e, posteriormente, extraditado para Israel.

 

O principal embate do filme acontece com a presença de Roland Freisler, Ministro da Justiça do Reich e principal articulador das Leis de Nuremberg que, entre outras questões, fala a respeito da cidadania de filhos e netos de judeus casados com os chamados “arianos puros”. Uma das novas diretrizes estabelecidas pela Conferência de Wannsee foi a inclusão desses filhos e netos – e também dos veteranos de guerra judeus – na lista de pessoas a serem enviadas para os campos de concentração.

 

O filme não tem pretensões artísticas, bem como não pretende aprofundar a análise dos personagens presentes. O longa se concentra, quase que todo o tempo, na reunião e nas discussões acerca da “Solução Final”, oferecendo poucas interrupções e respiros ao espectador. É um filme verborrágico, e até burocrático, oferecendo uma imersão nas discussões. Fica muito claro como o ódio contra a população judaica era algo muito explícito na sociedade nazista. Os oficiais lidavam com os números de mortos como algo sistemático. Os poucos momentos em que demonstravam alguma empatia em relação ao horror causado por suas ações, era quando de alguma forma elas afetavam seus próprios soldados, e nunca em relação às vítimas em si.

 

A intenção de “A Conferência” é trazer à tona o fato de que existiam – e ainda existem – grupos políticos capazes das maiores atrocidades contra a humanidade, que não tem qualquer empatia com o próximo, em especial com pessoas de religião, gênero, cor de pele ou classe social diferentes. É um filme importantíssimo para entendermos como o ser humano pode ser podre.

 

Nota: 4,0 estrelas

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