O que falar sobre o 10º filme da franquia?  Na verdade, temos muito que falar. O filme tem ação, viagens pelo mundo, personagens que conquistaram seu lugar ao sol, os que foram e voltaram, afinal morte para a franquia é só um detalhe. Ele é até divertido se não levar a sério as muitas falhas técnicas e escolhas erradas ao longo de 2h20m.

Acho que para entender melhor o décimo filme, vamos revisitar a franquia.

Para começar a ideia de fazer um filme de ação e corridas clandestinas de carros começou sua jornada em 2001 e seguiu sua jornada com alguns percalços até chegar no formato que chegou nos dias de hoje.

Uma das características da franquia são as cenas de ação com carros envenenados de formas mirabolantes, mas a cada filme as cenas mirabolantes foram tomando proporções que fogem do aceitável e entra na seara dos absurdos. Com isso, “Velozes e Furiosos 10” se torna o mais absurdo de todos os filmes da franquia.

Como eu falei logo no início da crítica, apesar de ter muito problemas técnicos, o filme pode ser divertido para quem quiser rir com tantos absurdos. Acredite, é engraçado. A falta de coerência está presente no início, no meio e no fim, opa, não tem fim. É isso mesmo, o filme não tem fim, continua no “Velozes e Furiosos 11”. Esse é o segundo filme esse ano que faz isso. Não acho uma boa ideia que os estúdios comecem a fazer disso um hábito.

Para quem assistiu ao “Velozes e Furiosos 5: Operação Rio” (2011) vai revisitar o Rio de Janeiro. O filme passa por vários países e o foco principal e uma volta ao Rio, já que o vilão da vez é Dante Reyes interpretado por Jason Momoa. Dante é o filho de Hernan Heyes (Joaquim Almeida) que Toretto e sua família lutou contra ele, mas foi Hobbs (Dwayne Johnson) quem matou o vilão. A missão do décimo filme é a revanche de Dante, filho de Hernam que quer se vingar das pessoas que matam seu pai e ficaram com o que seria sua herança.

Temos um argumento interessante e que é muito usado em roteiros de milhares de filmes do mundo inteiro. Mas o problema aqui está na execução.

Para começar a direção de arte do holandês Jan Roelfs, que já assinou a direção de arte do “Velozes e Furiosos 6”, é algo que funciona nos adereços, mas as locações são inacreditáveis! Ele criou lugares que não existem no Rio de Janeiro. A sensação que passa é que Jan Roelfs nunca foi ao Rio e não deve ter visto nem imagens da cidade. O cartão postal da cidade, e do Brasil, o Cristo Redentor em todas as cenas do Rio estava na mesma posição e posicionado em lugares onde ele realmente não está. Outra coisa curiosa é como a clássica reunião de corridas estava no Arpoador, como assim? Não entra carro no Arpoador, só pedestre. Nem cabe carro. Eles de repente aparecem na Avenida Atlântica em Copacabana na posição invertida e jamais caberiam os quatro carros um ao lado do outro, com detalhe: sem nenhum trânsito e sem a pista do meio. Observando isso, podemos duvidar que as outras locações de outros países estão corretas. Uma pena! Seria uma ótima oportunidade de mostrar as belezas das cidades por onde passam.

A lógica é algo que a franquia abstrai a cada filme, mas nesse abusou do direito de abstrair a lógica. Para começar as diretoras de elenco  Kirsty Kinnear e Susie Figgis erraram feio em escalar Leo A. Perry para o filho de Toretto e Helena. O menino é um fofo, tem talento e é super despachado nas cenas, mas é negro. A Helena é branca, loira de olhos azuis, Dom também é branco e o filho deles, Brian Marcos, que aparece ainda bebê em “Velozes e Furiosos 8” é branco. Como um bebê branco, filho de pai e mãe brancos cresce e se torna uma criança negra?  Ficou difícil deixar de passar essa. Como a criança não é mutante, o erro não é do ator, mas de quem escalou errado. Quero ver Leo A Perry em outras produções. Acredito que ele tem potencial para fazer uma sólida carreira no cinema.

Outro erro ainda está no núcleo de Helena. A irmã de Helena, é brasileira como ela, e por que os personagens brasileiros não têm nenhum ator ou atriz brasileiros? A única brasileira no filme é a cantora Ludmila que aparece apenas para dar a largada na corrida.  A irmã de Helena, Isabel foi escalada a atriz portuguesa Daniela Melchior. Ótima atriz, diga-se de passagem, mas não é nada parecida com Helena e tem uma cena que ela esquece que é carioca e fala português de Portugal.

Por sinal, o personagem de Momoa é brasileiro, nasceu em Portugal, mas foi criado no Rio como carioca. Nem português ele fala direito da poucas palavras que fala. Embora Jason Momoa seja um ótimo ator e muito carismático, ele até convence como vilão com jeitão de Coringa, mas não convence como carioca. Ele está até engraçado.

O elenco tradicional está o mesmo de filmes anteriores. E como sempre na franquia, o vilão de hoje se torna o aliado de amanhã. Hobbs começou sua jornada na franquia caçando Toretto e depois virou aliado no mesmo filme, “Velozes e Furiosos 5: Operação Rio”, Helena era a policial carioca que acompanhava Hobbs na missão e também virou um membro da família de  Toretto. Ela viveu na Espanha com Dom enquanto ele estava longe das mãos do governo. Ela acabou gerando o filho, Brian Marcos Toretto. O detalhe é que a personagem carioca é interpretada pela atriz espanhola Elsa Pataki.

Temos de volta a família Shaw representados por Queenie (Hellen Mirren) e Declan (Jason Sthatam), e até a vilã Cipher (Charlize Theron) que persegue Toretto há alguns filmes da franquia, assim como  o irmão de Dom e Mia, Jacob (John Cena), vilão do “Velozes e Furiosos 9” entra para a equipe-família e tem as cenas mais legais do filme. Desta vez conhecemos a vovó Toretto que ganhou vida com Rita Moreno.   Tem participações de Pete Davidson da série “The Rookie” como o marginal Bowie. Ele está muito parecido com seu personagem Pete na série, mas valeu a participação.  

 

E ainda tem uma voz durante um embate entre Toretto e Dante que usa um termo típico dos paulistas: “Meu” !!!!

Depois de todo os integrantes da equipe de Toretto recebe perdão do governo e passam a trabalhar para uma força tarefa do governo liderada por Ninguém (Kurt Rusell). No oitavo filme, entra em cena o Ninguemzinho (Scott Eastwood) e nesse Brie Larson entra como Tess, filha de Ninguém (Kurt Rusell) que também é agente da agência.  

Todos os personagens que morreram nos filmes anteriores Com exceção de Vince (Matt Schulze) e Helena (Elza Pataki) que foram mortos por tiros na frente de Dom.  Letty (Michelle Rodriguez) morreu e não estava morta, Han ( Sung Kang) morreu e não estava morto. Agora é a vez de  Gisele (Gal Gadot) ressuscitar dos mortos.  

Agora é uma boa hora para mostrar para os produtores que para a Franquia voltar para os trilhos, está na hora de rever os conceitos. Além disso, vale a pena investir mais em histórias que façam sentido.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui