A sétima edição do Festival ECRàacontecerá no Estação Botafogo e Cinemateca do MAM com entrada gratuita. O evento acontecerá entre os dias 29 de junho e 2 de julho no Estação Botafogo e na Cinemateca do MAM com entrada gratuita e entre os dias 6 e 9 de julho on-line através do site do festival com parte das obras selecionadas.
 
Pelo sétimo ano consecutivo o Festival ECRÃ traz ao público do Rio de Janeiro um panorama das artes audiovisuais que fogem do formato convencional em forma de filmes, videoartes, performances, instalações e games que apresentam inovações de linguagem e dá espaço para obras que geralmente não chegam ao circuito de cinema, museus e exposições.   
 
Filmes de Longa e Média-metragem
 
O ECRÃ traz este ano destaques de festivais internacionais e lançamentos de caráter mundial. Entre eles está a primeira exibição no Brasil de A Longa Viagem do ônibus Amarelo de Júlio Bressane e Rodrigo Lima que totaliza 432 minutos e foi apresentado no festival de Rotterdam e no BAFICI. Outro destaque é Testemunhas Silenciosas do mestre colombiano Luis Ospina e Jerónimo Atehortúa. Ospina faleceu durante o processo de produção do filme e Atehortúa foi responsável por terminar o filme. O filme também fez parte dos festivais de Rotterdam e BAFICI.
 
Também de Rotterdam o média Mangostão de Tulapop Saenjaroen faz sua estreia na América do Sul. Do Festival de Berlim, o ECRÃ apresenta Allensworth, novo longa de James Benning que esteve no ECRÃ no ano passado para uma masterclass. Como o filme de Benning, Enez de Emmanuel Piton e Três Margens de Damien Cattinari acompanham, respectivamente, a natureza de forma a construir novas narrativas. Ambos os filmes estreiam mundialmente no ECRÃ.
 
Do festival Cinéma du Reel o ECRÃ apresenta As Cartas de Didier da diretora francesa Noelle Pujol. Trata-se de um musical experimental bem humorado que remete ao cinema de Straub e Huillet. Dois mestres do cinema experimental americano estreiam seus filmes no Festival ECRÃ: Deborah Stratman lança Últimas Coisas, exibido no Festival de Sundance e Lewis Klahr usa suas tradicionais técnicas de animação em A Rosa Azul do Esquecimento. A estreia mundial de Perucas Loiras do artista multimídia Chris Saint Martin será no ECRÃ. O filme questiona a estética da branquitude com experimentalismos e ironia. Outro filme que estreia mundialmente no ECRÃ é Ciclos da Criação do inglês Guli Silberstein que mostra o desenvolvimento da humanidade em forma de looping imagético e técnicas de animação.
 
Outra estreia mundial é o belo Aposentadoria ou a última casa de meu pai de Julie Pfleiderer que mostra pai e filha conversando sobre vida e sociedade enquanto a ideia do fim de um ciclo se aproxima. O canadense Alvin Santoro faz um remake digital de A Região Central do realizador canadense Michael Snow em RGNCNTRL. Santoro adapta o game Red Dead Redemption e faz um trabalho semelhante ao que Snow fez com uma câmera.
 
A Argentina tem destaque na seleção de longas e médias do ECRÃ: Um dos maiores nomes do cinema independente argentino, Raúl Perrone, estreia mundialmente o seu longa SINFON14 no Festival ECRÃ. O filme narra um grupo de aristocratas que cedem aos seus desejos carnais sob a iminência da morte. Da seleção do festival de Berlim, O Rosto da Medusa de Melisa Liebenthal acompanha com bom humor e inovação visual um conto de conflito existencial. O premiado Herbaria do diretor Leandro Listorti estabelece um paralelo entre os mundos que o interessa: o das plantas e o do cinema. Esta é a estreia do filme no Brasil após passar em grandes festivais como o BFI de Londres. De Jeff Zorrilla, Diários de Lockdown narra as mudanças do diretor durante o período de lockdown com grande influência do mestre do cinema experimental Jonas Mekas.
 
Entre os longas e médias brasileiros, o ECRÃ traz a première mundial de Espaço Liminar, longa-metragem de estreia do diretor carioca Gabriel Papaléo, o vencedor do Indie Lisboa Vermelho Bruto de Amanda Devulsky, A Vida São Dois Dias de Leonardo Mouramateus, o primeiro longa do diretor pernambucano Alcimar Veríssimo chamado A Função do Outono, o média da multiartista Darks Miranda chamado Uma Noite Perigosa na Ilha de Vulcano e a première do média do diretor paulistano Aloísio Corrêa chamado Ponto Cego. 
 
Filmes de Curtas-metragem
 
Na programação de curtas-metragens o Festival ECRÃ traz atrações de diversos cantos do mundo e que transparece a diversidade no rigor fílmico dessas obras como é o caso de Thue Pihi Kuwii: Uma Mulher Pensando de Aida Harika Yanomami Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yariana Yanomami. Este é o primeiro filme realizado por mulheres indígenas Yanomami; Lalabis da multiartista Noá Bonoba, Visão do Paraíso do brasileiro radicado nos EUA Leonardo Pirondi e Crescendo Absurdo de Ben Malcolm e Julie Niemi, são bons exemplos deste rigor. Os filmes de Pirondi e Malcolm e Julie Niemi foram selecionados para o festival de Rotterdam deste ano.
 
O vencedor do prêmio da crítica do festival internacional de Istambul 8 de Março de 2020: Uma memória dirigido por Fırat Yücel também está na seleção do ECRÃ. O aclamado diretor Ben Russell está de volta ao festival com seu novo curta-metragem chamado Contra o Tempo. Hiroyuki Onogawa, conhecido por sonorizar os filmes do consagrado diretor japonês Sogo Ishii lança seu primeiro curta-metragem no Festival ECRÃ. Dirigido em parceria com Rii Ishihara, Flashback Antes da Morte é um suspense que explora o espaço-tempo com bastante liberdade. Também da seleção de Rotterdam, Cego por Séculos da tailandesa Parinda Mai compõe a seleção.
 
Lançamentos mundiais como Primeiro Beijo Tristeza Prematura de João Pedro Faro, Nada Haver de Juliano Gomes e Machinas Simples, Intervenções e Oscilações de Natália Reis e Lucas Stamford também estão na programação do ECRÃ. Filmes exibidos em grandes festivais brasileiros fazem suas estreias no Rio através do ECRÃ: Garotos Ingleses de Marcus Curvello, O que é saudade? de Uriel Filipe Marques SIlva, Primavera a cada vida de Rafael Saar e Joaquim Castro, Cemitério Verde de Maurício Chades, Gargaú de Bruno Ribeiro, Licantropia de Janaína Wagner, Cinema para os Mortos de Bruno Moreno e Renato Sircilli, Vendo de olhos fechados de Anália Alencar, A Casa de Luzia de Rodrigo Antonio Silva e Quilombo Continuum de Juliana M. Streva.
 
Completam a seleção filmes exibidos em festivais importantes como Glasgow, Cosmic Rays e Bushwick como ABURIDASHI Variedades: Vídeo-Cartas Escritas Com Tinta Invisível de Nonoho Suzuki, Sonho de Esplendor de Getong Wang, Capítulo 3: Pacifica um mentiroso da dupla Better Lovers em parceria com o artista Hsin-Yu Chen, Contexto da Arte de Ira Konyukhova, O Chá dos Gatinhos de MiruFiyu, As Coisas que eu te digo de Daniela Silva Solórzano.
 
Stan Brakhage e Sessões Especiais
 
O Festival ECRÃ orgulhosamente apresenta um programa dedicado a um dos maiores nomes do cinema experimental da história: Stan Brakhage. Entre curtas, médias e longas, o programa reúne sete filmes do diretor produzidos entre as décadas de 50 e 60. O ECRÃ também apresenta em sessão especial a pré-estreia de Octávio III, novo longa de Cavi Borges que retrata a carreira e os últimos dias de vida do ator que batiza o filme. Abre a sessão o curta Corpo em Guerra de Felipe Rodrigues, também em estreia mundial. Ambos os diretores estarão para um bate-papo. 
 
Games
 
Os jogos exploram caminhos da arte que nos levam para mundos da imaginação, do desconhecido e do inusitado. Esse ano as obras selecionadas exclusivamente para a etapa online do Festival ECRÃ refletem a diversidade dessa linguagem como forma de expressão artística, que avança na vanguarda entre as novas possibilidades que a tecnologia permite, e o eterno desejo humano de se expressar. Em Astro Pig, do escritor, game designer e produtor de jogos independentes brasileiro Victor de Paiva, acompanhamos as aventuras de um porquinho astronauta. Nesse espaço caracterizado de forma lo-fi, o público poderá explorar diversos desafios em meio ao cosmos.
 
Outro jogo brasileiro, que marca presença nessa edição do Festival ECRÃ, é Cat Leather Jackets, uma experiência musical-narrativa sobre uma banda de rock adolescente. Entre melodias, conversas e escolhas que mudam a história, essa experiência interativa criada por Diego Amorim, permite que o público vivencie como é ter uma banda e como um teclado pode virar uma guitarra. Dumpling.love é um site. É passear por uma floresta de tecnologia abandonada / fazer amigos animais / explorar o arquivo / encontrar a mecânica do jogo / jogar videogames / dumpling.love é um parque”. Não há melhor forma de descrever ele do que sua própria descrição.
 
Desenvolvido por “the parks staff” e eternamente em construção é parada obrigatória a Etapa Online do 7° Festival ECRÃ. A qual será aberta por uma experiência interativa através de uma transmissão em Live de Tapeçaria, de mut. “Quão profunda é a água escura?” Essa pergunta norteia a experiência interativa criada por Rhett Tsai (Yuxiao Cai), que leva os participantes através de uma guerra, cujas marcas coletivas e individuais serão carregadas para sempre. 
 
Instalações e Artes Interativas
 
O Festival ECRÃ retorna com a experiência imersiva do óculos de realidade virtual, o VR. As duas obras brasileiras que ocupam este equipamento são Aquilo que é precioso e Entornos, ambos com estreias no Rio de Janeiro e com bate-papo com os realizadores das obras, Yaminaah Abayomi e Felipe Vasconcelos, respectivamente.
Ocupando os recém reformados corredores e arredores da Cinemateca do MAM, o ECRÃ instalará quatro obras: Plantarians: appendix, ambiente sutil e forte criado por Ellie Kyungran Heo; Rua do Monte, 11, estreia mundial da artista Carolina Cruz; O Som de Lugar Nenhum de Thomas Webber falam cada um à sua maneira sobre as relações de amor, a família e o casal e as suas complexidades territoriais e Matéria e Memória de Crystal Duarte, artista não binárie que retorna ao ECRÃ agora com sua instalação/performance/happening, que será exibida em uma única ação de seis horas ao longo do domingo dia 02/07.
Para a etapa online, duas estreias internacionais acontecem em forma de Artes Interativas com EuMedeia de Valéria Nunes e rio karioka de Helena Lessa, que discutem as lendas, espaços e folclores que definem tanto os locais e quem vive neles. O ECRÃ também terá em seu Instagram o lançamento exclusivo da websérie Fake Live de Alexandre Paes Leme, protagonizada pela atriz Fernanda Paes Leme. Os nove episódios acompanham a vida da atriz e influencer durante a quarentena, pelo ponto de vista do seu celular, até que sua identidade seja roubada por uma falsa Fernanda. Fake Live também terá alguns de seus episódios exibidos na sala de cinema durante o ECRÃ. 
 
 
Performances
 
A arte existe hoje de forma expandida. Definir o que se encaixa no campo do cinema, das artes visuais, das artes cênicas, performance etc. se torna cada vez mais difícil pelo hibridismo das expressões artísticas. A curadoria de performance do sétimo ECRÃ celebra a arte no campo expandido, valorizando as obras que dialogam com campos que não seriam normalmente atribuídos à performance. A performance de abertura do ECRÃ 2023 é Projétil RGB, de Tetsuya Maruyama, artista Japonês que estuda cinema e arte no Brasil. A performance usa o projetor de cinema e tinta de maneiras não convencionais para criar sobre uma tela uma “projeção”. É performance, é arte visual, cênica, cinema.
 
O encerramento da etapa presencial do festival contará com um Cine Concerto com Taiyo Omura, Paula Otero e Marcelo Conti, mostrando o diálogo da performance musical com o cinema. Nesta apresentação vão acompanhar o filme “Uma Página de Loucura” (1926) de Teinosuke Kinugasa. Nas videoperformances, OMOS, obra Britânica afrofuturista que celebra a cultura queer e une dança, música, e cinema, junto com Carpela, que usa o corpo e o desconforto para provocar o espectador. Na etapa online teremos desde performances de dança como Pathos e A que passo você está de perder o controle?, que usam da edição de imagem e som para distorcer seus movimentos, até vídeo-peça-performances como Depoimentos- Black Brecht: E se Brecht fosse Negro?, obra brasileira que distorce o campo das artes cênicas no audiovisual, e Casa 12, que usa o documental para expandir no campo da performance. Elas e Ar quente se usam da narrativa na performance para passar sua provocação e estranhamento. E temos Lee Campbell retornando para mais uma edição do ECRÃ online para fazer sua performance Navegar, ao vivo pelo zoom. 
 
Trazer o olhar da provocação do campo expandido para o sétimo ECRÃ é afirmar esta inserção do festival no circuito de arte contemporâneo do Brasil e do mundo, por ser um ambiente onde a experimentação, o diálogo entre mídias e meios e o novo são celebrados, exaltados e trazidos para que nosso público também seja provocado.
 
Videoartes
 
Para a sétima edição, o ECRÃ traz uma seleção de 24 obras exclusivas para sua etapa online. Com uma seleção que se expande para 15 países, as videoartes apresentam obras de renomados e iniciantes artistas. Retornando para este edição estão as brasileiras Hannah Maia, o duo Amanda & Isadora, Thays Pantuza e Darks Miranda (que também tem um média nesta edição), exibindo, respectivamente, Crisálida, Curso De Artista, Eu Não Seria Eu e A Ilha. Já os estrangeiros retornam da Rússia, como é o caso de Alexei Dmitriev com sua comédia irônica Estoque; do Reino Unido, com Toby Tatum e mais um de seus imersivos e contemplativos vídeos, Um Feitiço No País Das Fadas; da Turquia, com Frequência Espectral Do Arco-íris de Hüseyin Mert Erverdi; e Coréia do Sul, com a segunda aparição do artista Seyeong Yoon, que finalizou sua nova obra, Insânia exclusivamente para o ECRÃ.
 
Esta categoria também conta com diversas estreias internacionais e nacionais. A Analogia Do Espaço do ucrâniano Oleksandr Hoisan, Corpos Online da belga Mischa Dols, Prezado Alceu – Como Eles Sonham, Como Nós Sonhamos, do neozelandês Brit Bunkley e os estadunidenses Deep Sophia, de Yvette Granata, Ninguém Quer Consertar Mais As Coisas, de Joseph Wilcox e Retratos, de Johannes DeYoung fazem parte desta conta e refletem sobre os corpos físicos, virtuais, humanos, animais ou mesmo de uma pedra e suas novas configurações nos espaços que ocupam e que vão ocupar no futuro.
 
Dialogando com a performance, a produção fílmica e as redes sociais o ECRÃ exibe em sua plataforma de streaming respectivamente Escorreguei, Caí e Bati Com a Cara Na Pista De Dança, de Lisa Freeman, o obra da Irlanda é uma aula de composição, atuação e direção; Cosmonauta, de Albert Bayona, que usa imagens brutas e sem efeitos do filme O Cosmonauta; Escapes Instantâneos de Stefano Giannotti, que originalmente foi criado com vídeos de 30 segundos postados em suas redes ao longo de alguns anos.
 
No ECRÃ ele será exibido como uma coletânea de mais de uma hora de duração. A mudança do mundo e das relações pessoais estão retratadas com ironia, desilusão, verdade, terror e alerta nas obras do suéco Mats Landström, Em Direção Ao Sol; dos brasileiros GONZALEZ, Camila Santos e Thiago Pombo, Linha Amarela, Meu Corpo É Um Zumbi e Quando O Infinito Chega Ao Fim, respectivamente; e vindo oriente, representando o Japão com a estreia latina de Mudança_climática de Kayoko Nakamura.
 
Concluindo a seleção das videoartes, recebemos com uma seleção dupla da estadunidense Emily Greenberg. A artista de mídia, cineasta e escritora cujo trabalho examina a construção mediada de autoridade, realidade e transparência faz sua estreia no ECRÃ com a obra criada com Inteligência Artificial e trechos das teorias de Freud sobre sonhos em Realização De Um Desejo e obra feita quase interinamente no Google Earth Sobre A Exatidão Na Ciência: Um Filme Em Três Partes, discutindo cartografia digital, guerra e jornalismo.
 
Programação
 
A programação completa do Festival ECRÃ está disponível no site  www.festivalecra.com.br
 
O Festival ECRÃ tem apoio do Museu de Artes Modernas do Rio de Janeiro; Grupo Estação; Cavideo; Departamento de Artes & Design PUC-Rio; EDT.; Bessa Produções; Cogumelo Corp.; JL Ribas; e é apresentado por 5D Magic, 7 a 1 Filmes e Cara Feia.

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