(Foto: Leo Lage)

Hamlet é um dos filmes que está na mostra competitiva de longas gaúchos do 51° Festival de Gramado. É um filme que tem uma mistura de documentário com ficção e mostra as ações de estudantes secundaristas em Porto Alegre em 2016 contra o processo de impeachment que Dilma Rousseff sofreu com protestos e ocupações em escolas. Em meio a um dos momentos mais agitados da história recente brasileira, o Jovem Hamlet sofre todas as transformações e precisa encontrar o seu espaço. O longa tem uma participação da hoje presidente do banco do BRICS na reta final da história e trechos de discurso contra o processo na abertura. 

Esta mistura que o diretor Zeca Brito fez é arriscada e isso se potencializa envolvendo um dos episódios que mais causam debates acalorados no país. Tecnicamente, o longa consegue passar o ponto de vista que se propõe trazer e a mescla ajudou a amarrar a trama. Tem um roteiro que funcionou, é ágil e em diversos momentos as cenas ficcionais conseguiram se encaixar bem com as reais e é o maior diferencial do filme. 

A fotografia do filme, que é assinada pelo Zeca e por Bruno Polidoro, Joba Migliorin e Lívia Pasqual é um ponto a ser destacado. Os registros em preto e branco conseguem trazer o clima que faz o filme ter densidade e profundidade que a história carrega. A agilidade que a edição feita por Jardel Machado Hermes trouxe fez o filme ter uma série de desdobramentos de maneira que prende o espectador e não tenha dificuldades de entender o que o filme busca passar. 

A atuação de Fredericco Restori como Jovem Hamlet é boa, conseguindo dosar a intensidade que precisava entregar como um jovem que ganha holofotes e a liderança no movimento secundarista, mas quer buscar a sua identidade no mundo. Conseguiu se destacar no longa e a ajudar que a parte ficcional não prejudicasse a documental e sim a ser um elo complementar que faz o filme a ser sólido. 

O único ponto negativo no filme o final que ficou um pouco truncado. A mistura de um episódio com o Jovem Hamlet e o protagonista indo ao ato de Dilma Rousseff em POA contra o processo não conseguiu ser bem construído e faltou uma ligação mais firme. Entretanto, este problema de ligação de episódios não compromete os acertos que a edição trouxe em 87min do filme que será apresentado no festival.

O filme traz é bem construído, com uma fotografia excelente e uma edição que ajuda o filme a se destacar e ter a profundidade que queria passar. Hamlet, que carrega o nome de um dos mais conhecidos personagens da história, consegue passar o seu recado e as suas visões, mas também traz um novo olhar sobre um dos movimentos que mais agitaram o intenso ano de 2016. 

 

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