Se alguma franquia tem dificuldade em entender em qual gênero de história se encaixa, essa é a franquia das Tartarugas Ninja. Originada de um quadrinho underground em preto-e-branco e cheio de violência, a história se tornou popular quando foi lançada em desenho animado nos anos 90, uma adaptação divertida, supercolorida e cuja violência era contida, tal como era moda na época (nos desenhos do Rambo, Robocop e Comandos em Ação, por exemplo, os disparos de armas de fogo destruíam apenas os veículos, e no máximo atordoavam alguém). Todas as produções do universo Tartaruga posteriores ao desenho acabaram por não assumir nenhum desses dois lados – ser sombrio e violento ou ser uma comédia colorida – e com isso acabaram se perdendo entre os dois caminhos.

 

Na nova animação “As Tartarugas Ninja: Caos Mutante”, o diretor Jeff Rowe abraça a galhofa como algo positivo e tenta dar uma nova repaginada na história, porém mantendo seus principais elementos. Nesta nova versão, a fórmula capaz de transformar animais em seres antropomorfizados é criada por um cientista que é morto por uma organização do governo. A fórmula acaba caindo no esgoto de Nova York, onde transforma não apenas as tartarugas mas também o Mestre Splinter – que desta vez é somente um rato de rua que, por ter medo dos humanos, não quer que seus filhos subam à superfície. A assimilação da galhofa fica muito clara quando o filme mostra que todos os personagens aprendem a arte ninja simplesmente ao assistirem TV. Donatello, Leonardo, Michelangelo e Rafael mantêm suas personalidades originais, mas agora são fãs de anime, música pop e cinema – o que faz muito sentido já que os personagens passam a ter como referência os adolescentes dos dias de hoje. O maior desejo dos 4 garotos é serem aceitos pela sociedade. Em busca disso, eles acabam se aproximando de April O’Neill, que nesta versão ainda é uma adolescente no colégio, mas que já mostra sua vocação para o jornalismo.

 

Jeff Rowe fez sua estreia na direção em 2021 com “A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas”, e é possível ver claramente a influência dessa obra em seu novo filme – seja na arte, nos traços ou na linguagem. Rowe tem um forte dinamismo estético e narrativo que se encaixa muito bem com o estilo da franquia das Tartarugas Ninja. Tanto os diálogos acelerados quanto a movimentação rápida das cenas funcionam muito bem para a história.

 

“As Tartarugas Ninja: Caos Mutante” oferece uma ótima porta de entrada no universo das Tartarugas para a geração atual, ao mesmo tempo em que agrada aos fãs antigos, ao trazer muitas referências das versões anteriores, inclusive até musicais. É um filme que vale a pena ser assistido.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui