O terceiro filme da franquia é o primeiro que não conta com J.J Abrams como diretor que passa ocupar a função de produtor. A direção desta vez fica com o cineasta chinês Justin Lin, o mesmo diretor da franquia Velozes e Furiosos. A expectativa quanto a mudança na direção é natural, já que Abrams fez um ótimo trabalho com os filmes anteriores. Podem respirar tranquilos, Star Trek: Sem Fronteiras respeita a ideia original dos filmes anteriores e é um bom filme.

 O 13º filme da franquia e o 3º do reboot teve um bom roteiro escrito por Simon Pegg que interpreta o engenheiro Montegomery Scotty e Doug Jung que faz uma participação como o marido do piloto Hikaru Sulu, interpretado por John Cho. Uma homenagem ao ator George Takei que interpretou o personagem na série e nos filmes da primeira equipe. Takei é um ativista defensor das causas gays. Outra bela homenagem foi feita para Leonard Nimoy, falecido no ano passado. O embaixador Spock é homenageado no roteiro como parte do conflito do Comandante Spock. O filme trabalha também os conflitos internos de Kirk e Spock e trabalha bem a estrutura dos personagens com diálogos bem escritos e o texto do diário de bordo do Capitão Kirk muito bonito. Outros dilemas internos são criados de forma sutil, mas com estrutura de sustentação para cada um deles, como caso dos novatos, Krall (Idris Elba) e Jaylah (Sofia Boutella). Os dois roteiristas entenderam o que precisava ser feito no filme e desenvolveram um roteiro coerente e eficiente com o suporte da supervisão de Gene Roddenberry, criador da série.

Justin Lin soube aproveitar o roteiro e colocou na tela um bom ritmo e belas tomadas valorizadas pela linda fotografia do australiano Stephen F. Windon que tem trabalhou com Justin Lin nos filmes: Velozes e Furiosos Desafio em Tokio, Operação Rio, 6 e 7, além de G.I Joe – A Retaliação e O Patriota.

A direção de arte manteve toda a linha de desenho dos filmes anteriores com cenários e objetos de cena. A caracterização dos personagens estava bonita, elegante e nos mostra uma passagem de tempo com clareza.

Figurinos e maquiagens impecáveis. Destaque para a maquiagem da personagem Jayla vivida por Sofia Boutella e a expressividade da maquiagem do personagem Krall de Idris Elba. Um belo trabalho sob o comando da maquiadora Colleen Conroy. Os elegantes figurinos foram criados pela figurista croata Sanja Milkovic Hays que já trabalhou com Justin Lin em “Velozes e Furiosos 5”.

A trilha sonora de Michael Giacchino marcante em recompor o tema clássico com uma visão mais moderna da versão anterior sem alterar o original. A força da música é um personagem a mais e completa o filme com um acabamento espetacular. A canção forte na voz de Rihanna “Sledgehammer” é a primeira canção marcante da série que prima por músicas instrumentais. Uma bela canção e muito bem interpretada compõe a trilha. Tudo muito bem valorizado pela Edição, mixagem e efeitos sonoros. Você consegue ouvir todos os sons que estão em canais separados em seus lugares bem harmoniosos. E como não falar nos Efeitos visuais? Tudo muito bem desenvolvido, desde os efeitos mecânicos até os de computação gráfica.   Pode parecer até brincadeira, mas não é, quem assina os efeitos é James Kirk que fez os efeitos de filmes como: “Deadpool”, “Os Vingadores a Era de Ultron”, “Transformers: A Era da Extinção”.

O elenco está muito bem e os atores já estão mais íntimos de seus personagens e receberam as visitas muito bem. A nova personagem, Jayla estava completamente em casa adaptada ao um universo que parecia ser parte integrante. O vínculo de amizade entre ela e Sr Scotty é um elo coerente de apresentação da personagem à frota estrelar. Um entrosamento muito bom entre Simon Pegg e Sofia Boutella. O vilão da vez fica à cargo do britânico Idris Elba, um ator intenso que imprime em seus personagens força diferenciada e sua voz potente nos mostra a dimensão do conflito psicológico desse personagem que teve três tipos de caracterização diferentes em um belo trabalho da maquiagem comandada por Colleen Conroy.

O elenco fixo mostrou um pouco mais de seus personagens. Desde o início o foco principal está no vínculo de amizade do trio: Kirk (Chris Pine), Spock (Zachary Quinto) Dr. McCoy (Karl Urban) que é a estrutura base de sustentação dos outros personagens. Os dois extremos entre Kirk e Spock e entre eles o equilíbrio com uma dose de franqueza e metáfora fica o médico meio ranzinza, mas carismático. O crescimento e os ajustes da amizade criada entre eles foi construída de forma proporcional.

Podemos ver nesse filme, um vínculo maior entre Spock e McCoy, que ainda não tínhamos visto nos filmes anteriores. A aproximação de Kirk e Checov foi um ponto positivo para Anton Yelchin mostrar mais de seu navegador da Enterprise.

A amizade entre Uhura e Sulu vemos que Zoe saladana e John Cho trabalharam bem a sintonia de amizade entre eles. O romance tão bonito entre Uhura e Spock que teve espaço, mas sem tornar algo predominante.

Uma falta foi sentida, a Dra. Carol Marcus vivida pela britânica Alice Eve no filme anterior, é uma personagem importante da série que ficou ignorada nesse filme. Esperamos que os roteiristas lembrem de trazê-la de volta no próximo filme. Afinal, ela é a futura Sra. Kirk, mãe do filho de Jim, David.

Uma dica: Vale a pena assistir Star Trek: Sem Fronteiras em uma sala com tecnologia principalmente de som. O ingresso pode ser mais caro, mas vale a pena a experiência de imersão em som e imagem em uma boa sala. Em 3D, XD, IMAX e XPLUS.

O filme tem uma qualidade técnica impecável, uma história bem estruturada com conceitos que podemos pensar em quem somos? E qual nosso papel no mundo conosco e com as outras pessoas? Com certeza “Star Trek: Sem Fronteiras” é um ótimo entretenimento e depois de sair da sala de cinema, ficamos com a sensação de querer que o próximo filme não demore tanto para chegar no templo cinéfilo.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui