Depois do enorme sucesso dos livros e filmes escrito por J.K Rowling ao apresentar o mundo mágico de Harry Potter, que encerrou sua jornada de uma década, os fãs continuaram insistindo para que a autora continuasse a contar mais histórias desse mundo tão fascinante. Então surgiu a ideia de fazer o filme em cima do livro que era material de estudos dos alunos de Hogwarts e apareceu no filme “Harry Potter e a Pedra Filosofal”.
Em 2001, quando o primeiro filme foi lançado, a autora escreveu dois “spin off”, os livros: “Animais Fantásticos e Onde Habitam” e “Quadribol Através dos Séculos”. O escolhido para virar filme foi o primeiro livro que tem a estreia de Rowling como roteirista no cinema.
Os fãs receberam o conforto ao ter seu universo favorito de volta, mesmo que seja em uma outra época, em outro local, mas funciona como se retornassem ao lar. Nada aguça mais a curiosidade do que detalhes e informações sobre mundo que fascina tanta gente por anos.
Desta vez, o herói é o Magizoologista Newt Scamander e autor do livro. Ele protege em sua mala várias criaturas mágicas. Esse bruxo britânico viaja para Nova York para um congresso bruxo. E ao deixar escapar algumas de suas criaturas, começa a aventura. Esse jovem britânico já é um adulto, estudou em Hogwarts e pertenceu a casa Lufa-Lufa. Newt chega em outro país e Rowling nos mostra como era o mundo bruxo nos Estados Unidos da América, 70 anos antes de Harry Potter começar sua saga.
Para quem não viu os filmes e tão pouco leu os livros, vai entender e aproveitar esse longa. Para quem é fã, vai poder identificar vários elementos do universo mágico como feitiços e algumas características de personagens por pertencer ao mesmo universo.
Se você prestar atenção na obra de Rowlling seu mundo surge através de suas referências literárias. O visual de Newt lembra o jeito do Pequeno Príncipe com toques discretos de Doctor Who. Seu amor e habilidade com os animais lembra Hagrid, o guarda-caça de Hogwarts e um dos personagens mais cativantes de toda sua obra. A Mala que Newt carrega um mundo de coisas lembra o feitiço usado por Hermione em “As Relíquias da Morte – Parte 1” e “As Relíquias da Morte – Parte 2”, onde ela guardou uma mudança dentro de uma bolsinha de mão no casamento de Gui e Fleur e arrastou em sua busca pelas Horcruxes com os Harry e Rony, isso além de feitiços conhecidos dos fãs.
Tecnicamente o filme é impecável. David Yates volta a dirigir um filme do mundo mágico com competência, e a criadora estreia escrevendo o roteiro da sua própria obra. Ninguém melhor que a autora para construir o roteiro do filme como deve ser. Os produtores são os mesmos. Em time que está ganhando não se mexe. David Heyman, J.K Rowling, Lionel Wigram, Neil Blair e Steve Kloves.
A bela fotografia de Phillipe Rousselot valorizou a riqueza do trabalho dos efeitos visuais que fez um ótimo trabalhos com os animais fantásticos, os feitiços e consequências. Valorizou também a rica, detalhada e minuciosa direção de arte de Stuart Craig, um dos maiores profissionais em direção de arte do cinema. Foi indicado nove vezes ao Oscar, e ganhou três. Foi indicado seis vezes consecutivas ao BAFTA pelos filmes de Harry Potter e foi quem projetou os desenhos e detalhes do parque temático. Ele cria um mundo mágico em outra cultura 70 anos antes do mundo que criou para Harry. A caracterização dos personagens ficou impecável com os figurinos de Colleen Atwood, e a maquiagem e cabelos de Fae Hammond. A ótima montagem de Mark Day tem bom ritmo que fecha com a trilha sonora de James Newton Howard que respeitou a essência criada para o universo mágico e trouxe um toque novo identificando o público de cada situação e cena.
O elenco é ótimo e começa com Eddie Redmayne, o vencedor do Oscar de Melhor ator por “Teoria de Tudo”, como Newt Scamander que criou o personagem com toques de ingenuidade e esperteza, mas uma pureza de coração. Katherine Waterston é a típica mulher que quer se impor em seu trabalho, mas tem dificuldades para conseguir o deseja. Dan Floger que é um dos melhores no filme. Ele interpreta um Não-Maj, como é chamado um Trouxa nos Estados Unidos que se envolve no mundo bruxo. E fechando o quarteto principal, Alison Sudol imprime, doçura, sedução e simpatia na sua Quennie Goldstein.
Carmen Ejogo é a Presidente da MACUSA, o governo americano do mundo bruxo e Collin Farell é o determinado auror da Macusa está muito bem em todas as suas cenas. Em algumas cenas ele lembra a austeridade de Severus Snape, Ezra Miller brilha mais uma vez com um personagem excêntrico, Creedence sua caracterização tem toques de personagens clássicos de terror da mesma época. Samantha Morton interpreta a cruel Mary Lou Barebone e a Faith Wood-Blagrove interpreta a irmã de Creedence, Modesty.
Jon Voigth interpreta o magnata da comunicação Henry Shaw que tem uma relação distinta com os filhos o senador Shawn vivido por Josh Cowdery e o jornalista Langdon Shawn vivido por Ronan Raftery. Duas famílias, uma pobre e a outra rica demonstram relações complicadas e mostram com são preconceituosas. Em relação aos pobres, uma demonstração de como um ser humano pode exercer opressão como forma de demonstração de sua força, enquanto a rica, deixa claro como a alta sociedade é preconceituosa até com ela mesma. O pai faz diferença entre o filho senador e o filho jornalista.
O filme levanta algumas discussões sociais que vem se arrastando ao longo dos anos em diversas sociedades. A discussão entre miscigenação e distinção social está entre as pautas das mensagens que filme nos traz ao longo dos 133 minutos.
Para o início de uma nova saga que terá ainda mais quatro filmes que irão para os cinemas de 2 em 2 anos, o filme cumpre sua missão de apresentar uma nova época, sociedade e cultura bruxa e novos personagens.
Vale a pena conferir, mas aqui vai uma dica. Pode optar pelas salas com tecnologia por conta de efeitos visuais e sonoros. Aproveite a experiência em 3D em salas XPlus, IMAX, Kinoevolution, DBOX e XD.
O filme é um bom entretenimento que tem uma qualidade técnica impecável.
