O filme de Roschdy Zem fala de um dos ícones da comédia francesa, o palhaço Chocolat. O filme foca da infância de Rafael até seus últimos dias e foi interpretado na tela por Omar Sy, um dos atores de maior destaque na França que ganhou fama mundial devido ao seu talento e carisma. É possível que essa combinação entre talento e carisma tenha sido determinante na escolha acertada desse ator. Resultado, um belíssimo trabalho que representa bem o personagem.
Como Rafael não se tornou Chocolate sozinho, Omar Sy dividiu as cenas com o James Thierrée que deu vida ao palhaço branco Footti que teve a visão de que uma dupla de palhaços branco e negro daria certo. Thierrée está ótimo em um personagem difícil porque trabalha com as nuances do personagem que tem como ofício o humor e carrega uma tristeza internamente. O ator tem muitas cenas que fala com a expressão facial e nessas cenas ele se mostra um ator intenso.
A história segue a linha cronológica tradicional e prende a atenção do início até o fim. O roteiro soube contar a história e os diálogos foram colocados de forma natural e ao mesmo tempo que questiona a intenção dos dois personagens em cada cena, em cada embate e em cada momento de parceria entre eles.
Chocolate brilha tecnicamente começando pela bela fotografia viva, vibrante que valoriza o maravilhoso trabalho de direção de arte que passeou pelas várias fases do Chocolate, entre pobreza e riqueza. A trilha sonora pontua muito bem o filme apesar de não ser marcante, é uma boa trilha. O figurino impecável de Pascaline Chavanne merece atenção especial, já que ele nos dá a sensação dos figurinos saíram dos cartazes que conhecemos da dupla Chocolate e Footti. A montagem de Monica Coleman fecha com chave de ouro e nos presenteia com um belíssimo filme.
O diretor Roschidy Zem deixa sua marca não só no cinema francês, mas nos presenteia com uma história que faz parte da história do cinema, já que o personagem principal deixou um legado na comédia que foi seguido por outros artistas em vários países ao longo dos anos.