Olá a todos! A narrativa autobiográfica sob a forma literária é muito comum. Contudo perante o feitio cinematográfico, pode ser a construção de um novo olhar, como também, a destruição do mesmo.

Mas certamente não é o que acontece com o documentário, CONSTRUINDO PONTES, ante a direção de Heloísa Passos. A mesma iniciou a sua carreira sendo presenteada pelo pai com uma máquina fotográfica. Começou fotografando seus amigos no teatro curitibano e revelando essas fotos em seu próprio laboratório, em preto e branco.

Heloísa Passos tem em seu currículo uma filmografia importantíssima, entre os quais, Caminho da Escola Paraná, 2006; Osório, 2008; O verbo ser – Retratos brasileiros: Myriam Muniz, 2011 e Entre lá e cá, 2012. Fora os longas metragens em que ela assumiu a Direção de Fotografia. São eles: Meninas, 2006, de Sandra Werneck; Antes de hoje, depois de amanhã, 2009, de Chris Liu; Lixo Extraordinário, 2010, de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley e O que se move?, 2012, de Caetano Gotardo.

A cineasta conta a história de sua vida, mas tendo como pano de fundo, um dos mais tristes, se não o mais triste episódio da História do Brasil, a Ditadura Militar. Ela conta com os depoimentos de seu pai, Álvaro Passos, um dos engenheiros da megaobra, a Usina Hidroelétrica de Itaipu.

Logo no início do documentário, Heloísa Passos traduz ao público a origem da palavra Itaipu, de proveniência tupi-guarani:

  • ITA = pedra
  • I = água
  • PU = estrondo

Por ter uma personalidade bastante forte, Heloísa não esconde a sua insatisfação com a situação atual que o país enfrenta, não escondendo,  inclusive, os verdadeiros embates com seu pai, a respeito da Ditadura Militar, imposta há 54 anos. A mesma defende a premissa de que a Operação Lava Jato é um ato político, analisando somente o Partido dos Trabalhadores (PT), e não, os outros partidos políticos.

É impressionante o arquivo pessoal guardado pelo pai de Heloísa, entre fotos e imagens Super 8,  e que a própria diretora o utiliza para ilustrar a sua infância, e segundo palavras dela, “a narrativa é construída tanto na imagem, quanto na edição”.

Heloísa Passos e seu pai, Álvaro.

A história encerra-se quando Heloísa Passos viaja com seu pai para Guaíra, Cidade do interior do Estado do Paraná e que faz fronteira com o Estado do Mato Grosso do Sul e o Paraguai, chegando a uma linha de trem. Esta, levava os funcionários envolvidos na construção da hidroelétrica, inclusive claro,  seu pai. Tudo isso acontece com a música ao fundo de Belchior, “Comentários a respeito de John”.

O documentário merece toda a recomendação. Primeiro, por Heloísa Passos dividir com o público, quase como uma confidência, sobre a sua homossexualidade e o seu amor por Tina, sua companheira. E pelo segundo motivo, por a diretora contar uma parte História do Brasil, até então, desconhecida do grande público. Assistam!

Wellington Lisboa.

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Wellington Lisboa, nascido no bairro das Laranjeiras (mas não é tricolor), formou-se e por duas vezes em Comunicação Social, nas habilitações de Publicidade & Propaganda e Relações Públicas, pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso - FACHA, após cursar a disciplina 'Comunicação & Cinema', com o Professor Carlos Deane, percebeu que o Cinema poderia se tornar a Sétima Arte em sua vida. O falecido Coordenador do Núcleo Artístico e Cultural (NAC), Heleno Alves, propôs a ideia de criar um coral. Foi quando o nosso crítico e colunista enveredou pelo caminho musical. Criado o Coral da FACHA e, logo depois, rebatizado com o nome de DANOCORO, Wellington Lisboa, construiu uma carreira musical, junto com o grupo, ao longo de quase quinze anos. Após concluir as duas habilitações, ele cursou Letras (Português - Italiano) na UFRJ mas, não terminou. Entitulando-se 'um eterno ser em busca de si mesmo', Wellington Lisboa enveredou pela graduação em Cinema, foi quando (re)descobriu que o Jornalismo caminha junto com esta arte.

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