Estrelas de Cinema Nunca Morrem (Film Stars Don’t Die in Liverpool) / Reino Unido, 2017. 105 min. / Direção: Paul McGuigan / Com: Annette Bening, Jamie Bell, Julie Walters

Baseado nas memórias de Peter Turner, Estrelas de Cinema Nunca Morrem (Film Stars Don’t Die in Liverpool) narra os últimos dias da atriz Gloria Grahame, ganhadora de um Oscar em 1952 em um papel coadjuvante por “Assim Estava Escrito” (The Bad and the Beautiful) dirigido por Vincent Minnelli.

A atriz, que teve seu auge na Hollywood dos anos 40/50, conheceu o aspirante a ator Peter Turner, então com 26 anos, numa tournée teatral em Liverpool no declínio de sua carreira. O romance que durou 2 anos, foi repleto de altos e baixos, culminando com a morte de Gloria por um câncer mal tratado aos 57 anos.

Paul McGuigan (indicado a um Emmy pela minissérie Sherlock) assume a direção com muita sensibilidade entregando o papel-título a Annette Bening que compõe o triste ocaso de uma estrela. Aqui há um paralelo entre duas Hollywoods – uma onde o glamour agoniza e definha-se lentamente enquanto outra assume ares de entretenimento descompromissado, como na sequência de Alien – O 8º Passageiro de 1979. O estilo femme fatale já não encontrava mais espaço na indústria cinematográfica e o cinema apontava para outras necessidades. Foi neste momento decisivo que Gloria Grahame conheceu o jovem Turner assumindo mais um escândalo amoroso, dentre tantos que arruinou sua carreira. O filme não segue a trilha dos romances açucarados, ao contrário, ele contém um sabor agridoce de decadência com pitadas de glamour apimentado, graças a entrega do simpático casal principal. Há também uma preocupação em contabilizar os dois lados contrapondo uma narrativa não linear que valoriza os diferentes pontos de vista com diálogos inspirados e perspicazes. Mas a grande surpresa deste filme chama-se Jamie Bell (o rmenino dançante de Billy Elliot). Após algumas produções desinteressantes, Bell retorna intenso e entrega um trabalho sincero e ardoroso como um fã apaixonado que encontra seu ídolo decaído.

Em Estrelas de Cinema Nunca Morrem (Film Stars Don’t Die in Liverpool) nada é muito óbvio, pois o filme nunca se apóia na fácil desconstrução da solidão da fama ou no sofrimento da decrepitude física. É um filme que reacende os holofotes na carreira mal iluminada de uma atriz pouco conhecida e de quebra nos mostra como uma relação entre diferentes gerações pode engraçada, sexy e triste, muito triste.

             

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