Breve Miragem do Sol

O mais novo filme do cineasta Eryk Rocha, conta a história do taxista Paulo interpretado por Fabrício Boliveira, que acabou de se divorciar e ganha o mínimo para sobreviver e pagar a pensão do filho de 10 anos. Nas jornadas exaustivas na noite Carioca, o protagonista tem como objetivo passar mais tempo com o filho, de quem não tem a guarda. Enquanto encontra novos rostos todos os dias no seu taxi, ele conhece a enfermeira Karina, vivida por Barbara Colen, com quem acaba iniciando um romance.

O roteiro não apresenta grandes viradas para o protagonista e o filme pode ser considerado lento para a maioria do público. Mas a grande graça do longa está em justamente brincar de maneira híbrida em documentar a rotina caótica e urbana do Rio de Janeiro e seus víeis sociais e preconceituosos por meio de personagens e diálogos rápidos que entram e saem do taxi. O elemento que ajuda a trazer a ideia de documentário são as mensagens de áudio que se tornam muitas vezes narradoras da história e parecem ter sido retiradas de algum grupo real de taxistas.

A fotografia também leva muito destaque no filme. Eryk aposta em muito em close up para mostrar os diferentes sentimentos presentes no caos noturno carioca através do personagem de Fabrício. Com a câmera quase sempre posicionada dentro do táxi e planos em sua maioria fechados o diretor também critica a claustrofobia da rotina presente na vida do cidadão médio brasileiro. Deixando a agonia da repetição dos planos falarem por si só.

Longe de uma narrativa clássica o roteiro não trás um grande desfecho do clímax, deixando a sensação de impotência do protagonista diante do meio social, mesmo com a criação de um falso happy ending.

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