Família é família em qualquer lugar do mundo, não importa a cultura, o idioma, toda família tem seus altos e baixos, seus dilemas, problemas e mais problemas. Assunto é o que não falta para desenvolver um filme familiar. São pessoas ligadas pelo laço sanguíneo e afetivo que volta e meia tem um conflito acontecendo, quando não tem mais de um.

O filme holandês de Will Koopman mostra uma família que é reunida pela matriarca para dar uma notícia importante que vai afetar todos os membros. Na trama principal, Mies (Olga Zuiderhoek) é mãe de quatro filhos. Cada um de um pai. A mais velha April (Linda de Mol) é atriz em Hollywood e faz uma série de hospital nos Estados Unidos. Ela enfrenta problemas no trabalho e com seu marido que está tendo um caso. A segunda filha é June (Tjitske Reidinga) casada com três filhos e enfrenta problemas com a filha mais nova que é adotada e tem um temperamento difícil e ela tem dificuldade em lidar com a menina e a permite fazer tudo que quer.  A terceira filha é May, uma jovem perdida na vida, irresponsável e inconsequente que tem um caso com um homem casado. O quarto filho é Jan, que é autista. A mãe diz para as filhas que está com câncer terminal e que vai morrer em breve, mas precisa decidir como deixar as coisas antes de morrer. Então Mies diz que quem cuidar do Jan, fica com a casa da família. Primeiro dilema criado e depois o roteiro de Frank Houtappels vai desenvolvendo todas as problemáticas pelos personagens. Um detalhe interessante é que o nome dos quatro filhos está relacionado aos meses do ano: April (Abril), June (Junho), May (Maio) e Jan (Janeiro).

O elenco é bom e como essas atrizes e atores não conhecidos no Brasil, é interessante descobrir outros talentos. Isso também pode motivar as buscar conhecer outros trabalhos desses artistas.

O filme tem boa qualidade técnica, mas não tem nada espetacular, está cumprindo sua proposta muito bem. O forte aqui são as tramas traçadas como uma colcha de crochê onde a trama principal segue as linhas interligadas para um desenho final dessa história familiar. Então além de falar dos conflitos familiares, tem o ponto do câncer terminal da mãe e o desejo dela morrer com dignidade e não definhando, sofrendo e dando trabalho para a família. A Eutanásia é discutida como forma de avaliar esse dilema. Cada filho tem sua subtrama e ajuda a encorpar mais o filme dando um tom de naturalidade. Nenhum problema nos abandona se chegar outro no caminho, o que acontece naturalmente é um acúmulo de problemas que precisam ser resolvidos, muitas vezes, ao mesmo tempo.

As relações entre os irmãos também são discutidas, assim como mãe e filhos, mas é feito sem muita profundidade. De repente pode ser por causa da falta da personagem Mies em se relacionar com as pessoas ao longo de sua vida. Apesar disso tem muita beleza na relação entre a mãe e o filho autista. A comunicação criada entre eles e mostra um autista que não consegue se relacionar bem com as pessoas só a mãe e um pouco mais com as irmãs, depois que ele entende que a vai morrer por causa da doença e uma delas vai ter que ocupar o lugar da mãe.  Isso também pareceu interessante. Ao não se conectar com as pessoas, Jan surgiu em sua vida para suprir essa deficiência em sua vida.

O que podemos ver é que as relações familiares e afetivas discutidas no filme tem uma visão do cinema holandês de lidar com o assunto. Em cada cultura podemos ver semelhanças e diferenças nas relações entre familiares, amigos e amorosas. O que Koopman demonstra é que a história pode ser contada dentro da visão de cada um, mas também pode ser sentida de forma compartilhada, já que emoção sempre fala mais alto quando nos envolvemos com a história. A conexão entre público e a história vai depender mais da emoção do que a razão. O estilo de vida mãe reflete na vida dos filhos muitas vezes de forma que nem eles mesmos percebem.  Então, a proposta aqui é mergulhar na história dessa família e descobrir como o cinema holandês lida com dilemas culturais que de repente pode funcionar no cinema de qualquer lugar do mundo.

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