O documentário dirigido pela dupla Roberto Berliner e Paschoal Samora fala sobre a ligação de amizade entre os três Paralamas e um quarto integrante pouco conhecido, o empresário da banda José Fortes, sendo então, O Quarto Paralama.

O filme não é linear e entre idas e vindas entre passado e presente vemos material de arquivo pessoal de Berliner que registrou a trajetória da banda desde 1983, uma entrevista com os quatro Paralamas na casa de Bi Ribeiro nos dias atuais, eles mostram algumas fotos antigas, um pouco gastas que é um registro de suas histórias ao longo dos anos, alguns shows, clips e viagens.

Tem uma parte dedicada a falar sobre o acidente de Herbert Viana e sua esposa Lucy, sem muitos detalhes, e o impacto desse acidente sobre todos eles. Os dois diretores trataram o assunto com respeito e uma delicadeza única.

O documentário prima por ter um excelente material de arquivo, o que eleva o conteúdo do filme como um registro de referência histórica sobre a música nesse período. Já a parte técnica não tem a mesma qualidade do conteúdo. Não é ruim, mas tem alguns problemas que não tem como não perceber.   A começar pela Direção de Fotografia que é mesclada entre algumas opções desde o granulado até a imagem mais nítida o que deixa o visual um pouco confuso. A montagem deveria ser um ponto alto do filme, mas a opção de ser tudo intercalado sem ordem pode deixar um pouco confuso em alguns momentos como por exemplo: uma cena acabar e logo emenda em outra cena que vai falar sobre outro assunto. Tem uma mudança brusca de imagem e som nessas transições.  Mas ficou interessante a música sendo cantada e as imagens sendo trocadas por eles em diferentes épocas e locais. A Trilha Sonora é obvio que é ótima, nem poderia ser diferente em um filme que fala sobre músicos.

A grande riqueza desse material é ver algo único, um material coletado por 37 anos em que se preserva quem eles são como banda, como músicos, como amigos e como seres humanos que tem algo a contribuir para o mundo. As conversas entre eles anos atrás e a entrevista nos dias de hoje nos trás um conteúdo humano, mas não invasivo ou mitológico. O documentário se preocupa em falar da essência e não do Glamour ou transformá-los em Deuses do Olimpo. Nos dias hoje precisamos muito dessa quebra de conceito de seres humanos perfeitos e intocáveis. Isso é um dos grandes acertos dos dois diretores.

É exatamente o entendimento  de quem são esses quatro artistas como pessoas e o anseio por um mundo melhor que aproxima mais o público do documentário. E é essa simplicidade e coisas que importam para eles que fizeram Os Paralamas do Sucesso se tornarem uma das referências musicais mais importantes da música Brasileira.

E não só de Brasil se rendeu as canções dos Paralamas, eles também são queridos na Argentina, país que acolheu a banda quando o Rock no Brasil começou a esfriar.

Um outro documentário sobre Herbert Viana foi feito em 2009 dirigido e produzido por Roberto Berliner, “Herbert de Perto” onde contava com depoimentos de familiares e amigos. Já em “Os Quatro Paralamas”, Berliner só foca neles por eles. Cada um dos quatro dá seu depoimento sobre os outros três.   Eles contam como se conheceram e algumas histórias sobre as músicas compostas por eles. Os fãs da banda com certeza vão cantar junto canções que viraram clássicos do Rock Brasil.

Só para constar, a banda não é de Brasília como muita gente pensa. Herbert Viana nasceu em João Pessoa, na Paraíba e como seu pai era militar, eles se mudavam muito. Foi em Brasília que Herbert conheceu o carioca Bi Ribeiro, filho de diplomata. Os dois se mudaram para o Rio de janeiro e conheceram o também carioca João Barone. A história é interessante, o que contei aqui não está no filme, mas a história contada por eles é bem mais interessante e vale conferir.

“Os Quatro Paralamas” é um documentário que fala de amizade e simplicidade que revisita as memórias de quatro caras que compartilham suas vidas, afinidades e o amor pela música e por essa família que são Os Paralamas do Sucesso.

 

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