O que acontece em um documentário no qual seu objeto é um diretor de cinema, e apenas ele mesmo conta sua história e não existe ninguém para fazer uma contraparte? É algo que passa na cabeça do espectador ao terminar de ver o longa Forman vs. Forman, dirigido por Helena Trestikova e Jakub Hejna, presente no Festival online É tudo Verdade de 2020.

O filme narra a partir de diversas entrevistas do diretor tcheco Milos Forman, sobre sua vida, começando pela infância de pais perdidos pela regime nazista na II Guerra Mundial, mortos em Campos de Extermínio, sua vida de órfão que passa por diversas famílias ate ser aceito na Academia de Cinema Tcheco, e como sua carreira se mistura com os diversos momentos da política do seu país, agora alinhado com o Governo Soviético, ate o momento de autoexílio nos EUA.

O filme faz uma breve retrospectiva da carreira do diretor, no qual ele toma a narrativa para contar as dificuldades e as escolhas que fez em cada um deles, mas de uma forma no qual temos poucos detalhes sobre eles, e isso inclui sua vida privada. Tanto que tem apenas 78 minutos de longa.

A partir dessa narração, sabemos que ele se casa e tem gêmeos na Tchecoslováquia e quando abandona o país, ele não leva sua família. Com isso, não ficamos sabendo como eles ficaram, se sofreram qualquer tipo de ameaça do governo, como eles lidaram com isso, se ocorreu qualquer tipo de mágoa. Sé ficamos sabendo sobre sua solidão e sua tristeza ate conseguir seu primeiro trabalho de diretor no novo país. Ele acaba sendo um documentário egocêntrico, autocentrado, sem espaço para a contradição. Sendo que nos créditos sabemos que os filhos estão vivos e que poderiam aparecer para acrescentar algo sobre o pai, mas que nem aparece alguma pergunta dos documentaristas e que ele tenha se negado a falar.

Para quem gosta de saber de bastidores de filmes, o documentário não se aprofunda em nada, fazendo breves resumos sobre sua produção tcheca (aonde temos mais informações, porém devido mais as questões de censura feitas pelo governo) e sobre os filmes realizados dos EUA. O filme parece mais uma homenagem feita ao diretor, colocado em um pedestal, sem criticas e feitas apenas para termos vontade de ver a cinebiografia completa dele (algo que farei brevemente).

Reconheço que os diretores ao realizar esse documentário, quiseram dar a palavra ao diretor, e dai o titulo deste, mas como documentaristas deveriam também procurar outras vozes, mesmo que sejam para concordar com o diretor, mas ele ficou um silencio sobre coisas não ditas sobre a carreira e principalmente a vida pessoal do diretor, algo que deixa o espectador com mais duvidas e com isso deixa a impressão de terem sido controlados por Forman de alguma maneira, quase que como um censura não regulada. Se isso não ocorreu, então os diretores tem culpa por fazer um documentário incompleto e que deixou os expectores na mão por não dar vozes aos silêncios que ocorreram no filme.

 

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