Iatismo ou vela é o desporto que envolve barcos movidos exclusivamente por propulsão à vela, onde se emprega somente a força do vento como meio de descolamento. Genericamente, podemos dividir os barcos à vela em barcos monotipos e em barcos de oceano ou cabinados, consoante a dimensão do barco e a possibilidade de residir a bordo.

Vela ou iatismo? A dúvida é comum, afinal ambos possuem o mesmo significado. O que os difere é a forma com que os termos são interpretados pelas pessoas, sendo “iatismo” entendido como um esporte caro e pertencente à elite. Para acabar com as diferenças de classe causadas pela nomenclatura, a International Yacht Racing Union, nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, alterou seu nome para International Sailing Federation, substituindo, assim, o termo “iatismo” por “vela” – única vez que um esporte olímpico mudou de nome.

A origem da vela como esporte 

Muito antes de se tornar um esporte, a vela esteve presente no mundo desde os primórdios da humanidade, proporcionando mobilidade à longas distâncias como meio de transporte para o comércio e também como atividade de lazer para velejadores entendidos sobre a força e direção do vento.

Como esporte, sua origem se deu na Inglaterra, no século XVII, quando o rei Carlos II, logo após ser exilado da Holanda, teve a oportunidade de velejar e aprender sobre a prática. Empolgado com a modalidade náutica, se dedicou a organizar competições, sendo as primeiras regatas ocorridas em águas britânicas disputadas e incentivadas por ele.

Séculos depois, no ano de 1851, o surgimento da America’s Cup deu início às primeiras regatas internacionais, expandindo e popularizando a vela pelo mundo. Já no Brasil, o esporte teve início em 1906, no Rio de Janeiro, com a chegada de descendentes europeus e com a criação do primeiro clube do país dedicado à vela, o Iate Clube Brasileiro.

Quanto às categorias, o esporte conta com variadas opções que atendem a diferentes particularidades sobre o tipo de barco e a quantidade de tripulantes, por exemplo. As classes mais conhecidas são: 470, 49er, Finn, Laser Standard, Laser Radial, RS:X e Nacra 17. Em barcos a vela movidos pela força do vento, o objetivo da competição é atingir o menor número de pontos conforme a posição de chegada.

O esporte no Brasil 

No Brasil, a chegada da vela ocorreu no fim do século 19, com descendentes de europeus. Em 1906, foi fundado o Iate Clube Brasileiro, primeiro clube dedicado ao esporte, no Rio de Janeiro.

A primeira prova de vela no país aconteceu em 1935 e foi nomeada Troféu Marcílio Dias. Seis anos depois, foi fundada a Federação Brasileira de Vela e Motor (CBVM).

A entidade controlou o esporte no Brasil até 2007, quando, devido ao acúmulo de dívidas, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) fez uma intervenção e assumiu a organização das competições de vela no país.

Em 2013, foi criada a Confederação Brasileira de Vela (CBVela), nova administradora da modalidade em nível nacional.

O Esporte em Olimpíadas

Nas Olimpíadas, a estreia da vela ocorreu nos Jogos de Paris-1900, ficando de fora somente da primeira edição, em Atenas-1836, devido ao mau tempo. Desde então, o esporte esteve presente em todas as programações do evento, modificando detalhes da sua prática conforme a evolução das embarcações, cada vez mais leves, velozes e modernas.

Nos Jogos Olímpicos, a vela está entre os esportes que mais rendeu medalhas ao Brasil, conquistadas, em sua maioria, por Robert Scheidt e Torben Grael, com cinco cada. No quadro geral, o Brasil já conquistou sete medalhas de ouro, três de prata e oito de bronze.

Nos jogos olímpicos de Tóquio o Brasil já está com 11 atletas confirmados na delegação. Martine e Kahena vão atrás do bi olímpico. As campeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunze garantiram a vaga para o Brasil na 49er Fx durante o Mundial de vela, disputado em Aarhus, na Dinamarca, em agosto de 2018.

Jorge Zarif conquistou a vaga, na classe finn no campeonato europeu disputado o ano passado.

João Pedro Oliveira classificou o Brasil para a Olimpíada de Tóquio ao ficar em 19º. lugar no Mundial de vela, disputado em Aarhus, na Dinamarca, em agosto de 2018, mas quem ficou com a vaga foi Robert Sheidth , que carimbou o passaporte para Tóquio, em fevereiro de 2020, no Mundial de laser.

Nacra 17 (2 atletas) – Samuel Albercht e Gabriela Nicolino garantiram vaga para o Brasil durante o Mundial de vela em Aarhus, na Dinamarca, ao se classificar em quinto lugar para a regata da medalha.

470 feminina (2 vagas) – Fernanda  Oliveira e Ana Barbachan conseguiram  a vaga no Mundial de Classe em agosto de 2019.

49er masculina (2 vagas) – Marco Grael e Gabriel Borges conquistaram a medalha de ouro nos jogos Pan-Americanos.

RS:X (1 vaga)  – Patrícia Freitas

MODALIDADES

As competições de vela são formadas por uma série de regatas, divididas em várias classes – como são conhecidas as categorias do esporte. Variam conforme o tamanho do barco, especificações técnicas, número de tripulantes e o respectivo biótipo de cada atleta. Atualmente, a Federação Internacional de Iatismo (Isaf) reconhece 98 classes internacionais, desde uma pequena embarcação da classe Optimist até os Multihull.

470
Projetada na França por André Cornu, em 1963. O barco é utilizado tanto nas provas masculinas quanto femininas. Os 470 centímetros do comprimento da embarcação justificam o nome da classe. Para dois tripulantes (comandante e proeiro), a embarcação possui três velas. Sua principal característica é a velocidade e a sensibilidade de movimento de corpo dos velejadores. Possui um trapézio, que prende o velejador ao mastro.

49 ER
Com 4,99 metros de comprimento, o 49 ER é uma embarcação de competição leve (dinghy). Tripulada por duas pessoas, a embarcação foi projetada na Austrália por Julian Bethwaite, em 1995. A principal característica do barco é a velocidade. É necessária uma excelente técnica e coordenação entre os tripulantes para a navegação segura e rápida.

Elliott 6m
Para três tripulantes. A embarcação foi projetada por Greg Elliott, na Nova Zelândia, em 2000. O Elliott possui seis metros de comprimento e área vélica de 15,9 m².

Finn
Projetada na Finlândia em 1949, por Rickard Sarby, a embarcação é tripulada somente por uma pessoa.
Como os barcos da classe Laser, o Finn possui apenas uma vela, porém o barco é quase duas vezes mais pesado.
Para que se tenha um bom controle da embarcação, o atleta deve pesar em torno de 100 quilos. É recomendada para jovens com uma boa forma física. Nessa classe, João Signorini, o Joca, é um dos principais destaques.

Laser
A simplicidade e o baixo preço do barco fazem da laser um dos barcos mais vendidos no mundo. São mais de 190 mil embarcações do tipo produzidas no mundo. Tripulada por um velejador, o barco é veloz e pode planar em dias de vento forte. Projetado no Canadá em 1969, por Bruce Kirby a embarcação possui casco com 4,3 metros de comprimento e pesa 59 quilos. É a classe mais simples, e é também por onde iniciam a maioria dos velejadores.

Neil Pryde RS: X
Em 2008, o RS:X substituiu outra classe de windsurfe, a Mistral. As provas são disputadas individualmente, tanto no feminino quanto no masculino. Diferentemente das outras classes, a classe tem como base uma prancha e não um barco. A velocidade varia entre 3 e 30 nós. Um dos atletas brasileiros de destaque na classe é Ricardo Winick, o Bimba, que já disputou três jogos olímpicos e é campeão brasileiro e mundial na categoria.

Star
Classe projetada nos Estados Unidos em 1911, por Willian Gardner, possui 6,9 metros de comprimento. Para dois tripulantes, o barco possui quilha, e peso no fundo do barco, que impede que o mesmo se desloque lateralmente. Apesar de não possuir um desenho moderno, a classe continua popular e competitiva. Estima-se que exista uma flotilha de mais de duas mil embarcações participando de competições. O principal atleta brasileiro na categoria é Torben Grael. Com cinco medalhas – duas de ouro – o velejador também é considerado um dos iatistas com maior número de medalhas.

Outras classes
Também são reconhecidas pela Federação Internacional de Iatismo (Isaf) as seguintes classes: 29 ER, 420, 470, 49 ER, 505, B14, Byte, Cadet, Contender, Enterprise, Europe, Fireball, Flying Dutchman, Flying Júnior, GP 14, International14, Laser II, Lightning, Mirror, Moth, Musto Perfomance Skiff, O’pen Bic, OK Dinghy, Optimist, RS Tera, Snipe, Splash, Sunfish, Tasar, Topper, Vaurien, Zoom 8, 11 metre, 12 metre, 2,4 metre, 5,5 metre, 6 metre, 8 metre, Access 2.3, Access 303, Access Liberty, Dragon, Etchells, Flying Fifteen, H-Boat, IOD, J/22, J/24, J/80, Melges 24, Melgs 32, Micro, Platu 25, SB3, Shark, Soling, Sonar, Star, Tempest, Ultimate 20, Yngling, 60 Multihull, A-Catamaran, Dart 18, Formula 18, Hobie Dragon, Hobie 14, Hobie 16, Hobie 17, Hobie 18, Hobie Tiger, Nacra F18, SL 16, Topcat K1, Tornado, Formula Experience, Formula Windsurfing, Funboarding, Mistral, Raceboard, Speed Surfing, Techno 293, 60 Multihull, Class 40, Farr 30, Farr 40, IMA Mini Maxi, Open 60 Monohull, Swan 45, TP52, X-35, X-41, X-99, A Class, Marblehead, One Metre, Ten Rater.

No cinema 

O documentário“ O Mundo Em Duas Votas“ relata a volta ao mundo feita pela família Schurmann  com a falecida Kat Schurmann, e repete a expedição que havia sido feita por Fernão de Magalhães em 1519, numa viagem que durou cerca de dois anos e seis meses. O filme relata os locais e situações durante a viagem, que passou pela  América do Sul, Oceania , Àfrica e Europa  em um total de 30 países, percorrendo os 4 oceanos da Terra

Curiosidades

  • Uma vez por mês era necessário que o veleiro aportasse em alguma ilha ou porto que tivesse um aeroporto próximo. Desta forma era possível enviar os rolos de filme rodados para Los Angeles. Lá os rolos eram revelados para, posteriormente, serem enviados ao Brasil.
  • O diretor David Schürmann viveu no mar dos 10 aos 15 anos, quando decidiu desembarcar e estudar cinema e televisão na Nova Zelândia.

Em três anos no mar, a família contornou a Patagônia (Argentina), cruzou o Oceano Pacífico adiante e foi até a Ilha da Páscoa (Polinésia Oriental), costeou várias ilhas da Oceania, passou pela África, subiu até Portugal e Espanha antes de retornar ao Brasil.

A realização do filme durou 10 anos, entre concepção da ideia, execução do percurso e pós-produção. Durante a viagem, o veleiro Aysso percorreu mais de 30 países, quatro continentes e três oceanos. Foram cerca de 60 mil quilômetros em 891 dias de viagem.

link- www.youtube.com/watch?v=GNRHook25-w&list=PLjceccegf6LY4_vQganpmuV0ePB8ARIjp

 

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