“Relatives” é uma comédia russa que nos remete ao clássico da Sessão da Tarde dos anos 80 “Férias Frustradas”, porém esta versão apresenta um pai que resolve levar a família a um festival de música no qual ele sempre quis se apresentar.

Para convencer sua família a acompanhá-lo ao festival, o pai inventa que está com uma doença muito grave, que pode matá-lo em poucos meses, o que faz com que a viagem ocorra sem qualquer planejamento e deixa a todos em polvorosa. Diferente do filme americano, o patriarca de “Relatives” é um sujeito mal-humorado e irritadiço, que quer que tudo seja feito de acordo com sua vontade e que não respeita ninguém ao seu redor. Dos seus três filhos, apenas o mais velho, muito envaidecido e nacionalista, como o pai, aceita sua ideia de sem questionar. A filha, uma aspirante a musicista que vive alheia ao mundo externo, sempre usando fone de ouvidos, sequer conhecia a vontade do pai de querer cantar. Já o terceiro filho, que havia trazido a noiva para morar com eles, anuncia que está de mudança para o Canadá, o que deixa a família em pé de guerra.

Em meio a toda essa confusão, a família embarca em seu furgão e inicia uma longa viagem. De cidade em cidade o patriarca inventa as mais diversas loucuras, o que faz com que todos se dividam entre a preocupação com sua saúde e uma enorme irritação com as situações que ele cria. Por exemplo, em determinado momento o pai tenta se livrar da nora sem o consentimento do filho; em outro momento, ele tentar criar às pressas uma audição para a filha com um músico muito popular.

A direção de Ilya Akssyonov comete um pecado narrativo em “Relatives”. A cena de abertura do longa mostra o pai gravando um vídeo em seu celular, como se estivesse criando um diário para registrar seus últimos momentos de vida e deixar seus ensinamentos para os filhos. O problema é que esse recurso narrativo é usado apenas no início, sendo abandonado em seguida e dando lugar a um filme de narrativa convencional. O estilo “diário” poderia ter dado à história um contraste mais interessante, mostrando as intenções originais do pai gravadas em vídeo e como suas trapalhadas o levaram a colocar em prática o exato oposto do que havia planejado.

Esta é uma comédia russa em formato de road trip que funciona muito bem e proporciona uma experiência um pouco diferente da maioria dos filmes russos que chegam ao Brasil – filmes históricos, épicos, de máfia e sobre a pobreza das grandes cidades. Em “Relatives” somos apresentados à paisagens fora da cidade de Moscou e à uma família de classe média alta. Mesmo que algumas piadas se percam pela falta de familiaridade com as referências culturais recentes da Rússia, o público consegue se identificar com a maioria delas – todos nós temos algum parente que se encaixe nas loucuras retratadas pelo filme. Se Chevy Chase nos fazia gargalhar alto com a série de filmes “Férias Frustradas”, aqui rimos muito mais de nervoso e de raiva do patriarca da família.

 

Nota: 3,0 Estrelas

 

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