Eu não apenas amo cinema. Eu vivo de cinema. Literalmente. E, para mim, assistir a um filme é mais do que apenas um prazer, é respirar. Quantas vezes for necessário.

Há filmes que não basta assistir apenas uma vez. A cada nova revisão, novas descobertas, sempre. Há filmes fixos em minha filmografia, inclusive, de programa de aulas, em que, quando leciono todo semestre a uma nova turma, volto e retomo incessantemente. Posso dizer que um exemplo perfeito é a trilogia (“tetralogia”) da incomunicabilidade de Antonioni, composta por 4 filmes com… MONICA VITTI – uma de minhas atrizes favoritas italianas: A Aventura, A Noite, O Eclipse e… Deserto Vermelho. Os quais analiso aqui, confira: 👉🏽 https://youtu.be/xBRFomUO8qY 👈🏽
(Se gostarem e puderem seguir o canal!)

O ídolo metafísico do neorrealismo, que fazia o tempo se dobrar na tela da reflexão, inspirou-se profundamente na atriz, que foi a única protagonista repetida nos 4 longas-metragens.

Hoje, ela se vai aos 90 anos, em comunicado pelo marido que esteve ao seu lado pela vida inteira. Uma eternidade de lembranças cujo trabalho dela compartilha conosco o poder da arte em eternizar o sonho, que sempre permanecerá intocável e constantemente mutante. Ressignificando criador e criatura da gênese cultural a cada vez que nos permitirmos debruçar sobre sua história. E sempre presente em minhas aulas, como permanecerá infinita.

“ROMA, 2 FEV (ANSA) – Morreu nesta quarta-feira (2), aos 90 anos, a atriz italiana Monica Vitti, informou o jornalista e amigo da família, Walter Weltroni: “Roberto Russo, o seu companheiro de todos esses anos, me pediu para comunicar que Monica Vitti faleceu. Eu faço isso com dor, carinho e tristeza”, afirmou. Nascida Maria Luisa Ceciarelli, em Roma, a artista se tornou um ícone do cinema italiano, especialmente, por suas atuações nos filmes de Michelangelo Antonioni. Ao todo, a atriz atuou em mais de 50 filmes, entre as décadas de 1950 e 1990. Ela estava sem grandes aparições em público desde 2001, quando foi recebida no Palácio do Qurinale, sede da Presidência italiana, para o prêmio David di Donatello. Em 1995, Vitti recebeu o Prêmio de Honra por sua carreira do Festival de Cinema de Veneza. (ANSA).” Fonte: https://istoe.com.br/aos-90-anos-morre-a-atriz-ita

Continuação do tributo a Monica Vitti e às parcerias históricas da atriz com o cineasta Michelangelo Antonioni:

O frame de “O Eclipse” em que uma pilastra cobre metade dos corpos do casal principal, interpretado por Monica Vitti e Alain Delon, ao mesmo tempo em que os funde num só corpo, ao menos para mim, é um dos maiores frames semióticos da história do cinema. A metalinguagem deste frame com o título, como a brincadeira farsesca de gênero (romântico) que Antonioni fita marotamente com os espaços que ele ocupa e eclipsa, com a órbita de corpos que entram em colisão, é soberba!

Sem falar na importantíssima inspiração de Antonioni no pintor Giorgio Chirico, com estudos sobre os vazios espaciais e tempos mortos na estrutura geométrica da existência. Os corpos, inanimados ou não, representam identidades flutuantes, entre o dadaísmo e surrealismo social e estética construtivista. Abaixo, os filmes Deserto Vermelho com Monica Vitti e Profissão Reporter com Jack Nicholson.

Lembrando que analiso melhor tudo isso no vídeo de aniversário de 3 anos do Canal Like em que me debruço sobre a trilogia de Antonioni: link nos stories ou logo abaixo:
https://youtu.be/xBRFomUO8qY

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui