Uma amizade entre duas crianças de 13 anos, que sempre compartilharam tudo. Passavam o dia sempre na casa um do outro, iam sempre juntos para a escola, ou seja, uma amizade para a vida toda. Ou pelo menos era o que se imaginaria. Porém, de repente, Rémi (Gustav de Waele) deixa de procurar Leo (Eden Dambrine), que inicia um processo de busca interior para entender o que causou esse rompimento.
“Close” nos oferece uma lupa para entendermos como a mudança de idade dos meninos pode desencadear grandes alterações em suas vidas, e como gestos simples podem ser extremamente prejudiciais às amizades mais antigas. Como ao desejarmos nos enturmar em um novo grupo de amigos, acabamos por excluir outros.
A direção e o roteiro de Lukas Dhont (que já trabalhara com adolescentes em “O Florescer de uma Garota”, sobre uma menina de 15 anos), demonstra o quanto ele compreende esse universo, apresentando suas particularidades sem perder o tom emotivo e gracioso que o tema pede. O diretor sabe como extrair de Dambrine toda a ternura e, ao mesmo tempo, todo o drama que o personagem pede, e o jovem ator brilha intensamente. Parece existir uma sinergia entre a câmera e os olhos do protagonista, que nos transporta para a sua intimidade. Sua atuação é bastante natural e verdadeira, nos permitindo sentir o que o personagem sente, e isso nos comove de maneira intensa.
O diretor também soube criar excelentes momentos de transição na história, utilizando belíssimas cenas nas quais os meninos correm por jardins de flores, ou andam de bicicleta na praia. Além de criar um respiro necessário para o filme, essas cenas tocam o espectador de maneira natural, transportando a plateia para aqueles lugares. Também é importante destacar o uso das cores na fotografia, que é espetacular. Lukas Dhont soube explorar as imagens com delicadeza tanto quanto soube trabalhar as interações dos meninos.
“Close” é um primor de película, com uma história tão importante e impactante quanto o brilho no olhar de uma criança.
Nota: 4,0 estrelas
