Animação (def.) = A palavra Animação provém do latino “Anima”, que significa “Alma” ou “Sopro Vital”. Animação significa, antes de mais, “dar vida” a objetos estáticos. Robi Engler, no seu livro Atelier de Cinema de Animação, dá-nos a conhecer a sua forma de ver esta forma de arte: «para mim, a animação é não só uma profissão, mas também uma doença – uma doença que atinge a maior parte dos profissionais de animação. Uma vez que ninguém é imune ao vírus, você pode também apanhar a infecção. O primeiro sinal da febre da animação manifesta-se quando você perde a noção do tempo. Quando a infecção alastra, você pode-se encontrar a trabalhar a meio da noite, porque sente a irresistível vontade de passar para o papel uma ideia com que sonhou, e está convencido de que vai realizar uma obra-prima de animação. E então aí está você, desgraçadamente doente, e provavelmente, nunca mais desejará voltar ao seu estado normal.

Seguindo a definição do animador gráfico e publicitário suíço, Robi Engler, certamente, vocês terão plena noção de elaborar um desenho animado não é tarefa das mais fáceis. Imaginem então, como foi para Walt Disney entrar neste mercado em plenas décadas de 20 e 30? Dar movimentos ao Mickey e ao Pato Donald em uma época que o Cinema estreava sob a forma de indústria cultural e onde os desenhos animados eram tidos como verdadeiras ações de mágicas para o grande público? Ah, o desenho animado foi criado bem antes do próprio cinema e os primeiros foram lançados na primeira década do século XX. Detalhe, a grande parte deste público era constituída por adultos e sendo conquistados por Gato Félix, Mickey Mouse e Betty Boop.

Entenderam que os criadores em animação, ainda mais, com a alta tecnologia oferecida hoje, são verdadeiros nerds.  Já imaginaram o tempo que levava para criarem essas animações? Por este motivo que ressalto, a estreia da primeira parte foi em 2004 e 14 anos depois a segunda parte bem mais elaborada. Nesta introdução, refiro-me ao lançamento de OS INCRÍVEIS 2 (THE INCREDIBLES 2).

No dia 28 de junho entrou em cartaz, sob o roteiro e direção de Brad Bird. Produzido pela Pixar Animation Studios e distribuído pela Walt Diney Motion Pictures, os personagens continuam os mesmos, isto é, o casal Roberto (Sr. Incrível) e Helena (Mulher Elástica), e seus três filhos, Violeta, Flecha e o bebê Zezé. Além de Edna Mode (a minha personagem favorita) e Lúcio (Gelado).  A diferença entre o primeiro e o segundo filme, claro, além do enredo, está na apresentação em cada um dos personagens, até por ser o início da série.

Os problemas enfrentados na primeira parte serão também desafiados na segunda, ou seja, humanos com superpoderes que, por suas boas ações, causam o verdadeiro caos entre os que não possuem. O governo cria uma espécie de programa de realocação desses heróis, determinando que estes não utilizem suas qualidades, vivendo corriqueiramente como cidadãos comuns. No primeiro desenho, Roberto assume o sustento da família, encarando um trabalho burocrático em uma empresa. Neste segundo, invertem-se os papéis, causando com isso uma claríssima discussão, o empoderamento feminino.

De uma forma bem antropológica, OS INCRÍVEIS 2 debaterá com o público a questão do machismo, ainda insistente em todo o mundo. Em diversas cenas engraçadíssimas, Roberto (Sr. Incrível) assumirá os cuidados com os filhos, encarando dificuldades, mas saindo muito bem, enquanto Helena (Mulher Elástica), literalmente, vai à luta. O patriarca da família se verá em questões como essas. Isto representa a dificuldades das mulheres ao desafiarem os cuidados de uma casa, dos filhos e sua educação, acrescido da dupla jornada ao trabalhar fora. Por mais incrível que isto possa parecer, mas em pleno século XXI, ainda há homens que pensam e agem sob esta forma retrógrada.

Entretanto, existe outro fato apresentado. As mudanças de mentalidade, na transição infância e adolescência, suas revoltas, além do amadurecimento precoce ou tardio (neste caso, a primeira opção) e representado pela filha mais velha, Violeta.

Outro grande destaque é a menção ao desenho animado criado nos anos 60 pela Hanna-Barbera Productions para a Screen Gems e que misturava aventura com ficção científica. Nada mais, nada menos do que a série animada, Jonny Quest, estrondoso sucesso exibido pela TV nos anos 70 e 80, em várias emissoras abertas no Brasil. Desta vez, o vilão não entra com tanta evidência assim. Diferente do Síndrome, à época, um adolescente rejeitado pelo Sr. Incrível, retornando como um adulto totalmente transtornado e com desejo de vingança, agora, o mau-caráter da vez é o Hipnotizador, representado pela irmã de um empresário na área de tecnologia e que elabora um plano maluco de desmoralizar os super-heróis, utilizando óbvio, a sua habilidade ímpar.

Mas quem rouba a cena em todo o filme, fazendo o público, inclusive eu, dar ótimas gargalhadas, é o bebê Zezé. No final do primeiro desenho, Zezé ensaia dar os primeiros indícios de seus poderes. Neste agora, ele já os apresenta deixando o Sr. Incrível completamente desorientado e, mais uma vez, arrancando risadas homéricas. Uma particularidade! Vocês acreditam, realmente, que o grande público nesta continuação deste filme, foi e é formado pela ala infantil?

Exercendo a minha função aqui, é claro que deixo a minha recomendação para que assistam a este filme. Até a próxima crítica!

Wellington Lisboa.

 

  • Avaliação Final
5
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Wellington Lisboa, nascido no bairro das Laranjeiras (mas não é tricolor), formou-se e por duas vezes em Comunicação Social, nas habilitações de Publicidade & Propaganda e Relações Públicas, pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso - FACHA, após cursar a disciplina 'Comunicação & Cinema', com o Professor Carlos Deane, percebeu que o Cinema poderia se tornar a Sétima Arte em sua vida. O falecido Coordenador do Núcleo Artístico e Cultural (NAC), Heleno Alves, propôs a ideia de criar um coral. Foi quando o nosso crítico e colunista enveredou pelo caminho musical. Criado o Coral da FACHA e, logo depois, rebatizado com o nome de DANOCORO, Wellington Lisboa, construiu uma carreira musical, junto com o grupo, ao longo de quase quinze anos. Após concluir as duas habilitações, ele cursou Letras (Português - Italiano) na UFRJ mas, não terminou. Entitulando-se 'um eterno ser em busca de si mesmo', Wellington Lisboa enveredou pela graduação em Cinema, foi quando (re)descobriu que o Jornalismo caminha junto com esta arte.

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