As dificuldades que uma família passa, são capazes de mudar os códigos de ética e moral de um ser humano? Tornar-se um assassino profissional é uma questão de vocação ou, uma questão de necessidade ou, ambos os fatores juntos? Todos vocês concordam que um homem que assumiu quase quinhentos assassinatos por encomenda, ao mesmo tempo, seja muito amoroso com sua família?

Este longa metragem, em co-produção com a Globo Filmes e a TV Zero e a distribuição realizada pela Imagem Filmes, é uma adaptação livre do romance do mesmo nome, escrito pelo jornalista Klester Cavalcanti, que conta a história do matador de aluguel, Júlio Santana. A história se passa no interior deste país, mas apurando sob forma jornalística, parece que o enredo deste filme é localizado no Estado da federação caçula deste país, o Tocantins.

Como escrito acima, Júlio Santana assumiu exatos 492 mortes, encomendadas sob os mais variados motivos. Contudo, quem estimula o início de sua carreira é o seu padrinho Cícero, em grande interpretação realizada pelo ator André Mattos. No elenco deste filme, marca a estreia do ator de novelas globais, Marco Pigossi em película, além da impressionante atuação da atriz Fabiula Nascimento, interpretando Maria, a esposa de Júlio Santana.

O personagem principal inicia a sua carreira por intermédio de um “batizado” que o seu padrinho lhe proporciona, matando um homem acusado de estuprar uma menina de apenas doze anos. Júlio entra em uma crise de choro e consciência com o seu padrinho Cícero. A respeito dos crimes que Júlio Santana cometeu, Pigossi comenta, “Eu acredito que a maior parte das pessoas que o Júlio matou eram indígenas, incluindo mulheres. A cena que mais me marcou foi a cena com a Marthinha (Martha Nowill), que é uma cena pesada que tivemos que refazer muitas vezes, com todo o cuidado possível, pois envolvia força física, o chão ficou molhado, e deu muito trabalho. Porém toda essa violência do filme é uma denúncia da nossa triste realidade e eu acredito e espero que seja uma das questões levantadas que vai ser discutida pelo público.”

As produções cinematográficas brasileiras têm se destacado mais além do gênero comédia, têm se evidenciado no gênero suspense e drama, como no filme O NOME DA MORTE. E certamente, essa é uma das discussões leva o público a refletir, a questão da violência gratuita. Júlio Santana sustentará esta mentira por mais por mais de quinze anos, fazendo inclusive sua esposa Maria (Fabiula Nascimento) transformar-se em uma verdadeira perua.

As mudanças internas e externas que esta personagem passa, são realmente impressionantes. E claro e óbvio, para a interpretação desta atriz, que não deixou nada a desejar perante às outras. De acordo com Klester Cavalcanti, em seu livro, Júlio Santana foi preso apenas uma vez, e mesmo assim, solto no dia seguinte, em face ao número de mortes encomendadas à ele.

Dou destaque também, a participação especialíssima de Matheus Nachtergaele, neste filme. O seu personagem é um dos que paga para que Júlio mate a esposa deste, sendo que, de forma bem inusitada. Não desmerecendo jamais a atuação de Marco Pigossi, que foi brilhante, entretanto para mim, a evidência maior sou obrigado a dar para André Mattos. As pérolas que o seu personagem pronuncia em diálogo com o seu afilhado, Júlio, são no mínimo para fazer o público refletir sobre a atual e calamitosa situação da violência, em que a população brasileira ficou exposta, quando não, dar boas gargalhadas.

Em entrevista concedida a mim, na pré-estreia, no dia 31 de julho (http://cinemaparasempre.com.br/index.php/2018/08/02/pre-estreia-do-filme-o-nome-da-morte/), Marco Pigossi fomenta a seguinte definição sobre o filme: “’O NOME DA MORTE’ não está aqui para apontar quem está certo ou, quem está errado. O filme traz uma discussão, um debate, sobre este cenário catastrófico de violência que o Brasil vive. Ele traz essa reflexão”.

Quaisquer afirmações minhas, serão pura redundância. Não preciso nem escrever que recomendo este filme.

Marco Pigossi – Júlio Santana
Fabiula Nascimento – Maria
André Mattos – Cícero
Matheus Nachtergaele

Wellington Lisboa.

  • Avaliação Final
5
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Wellington Lisboa, nascido no bairro das Laranjeiras (mas não é tricolor), formou-se e por duas vezes em Comunicação Social, nas habilitações de Publicidade & Propaganda e Relações Públicas, pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso - FACHA, após cursar a disciplina 'Comunicação & Cinema', com o Professor Carlos Deane, percebeu que o Cinema poderia se tornar a Sétima Arte em sua vida. O falecido Coordenador do Núcleo Artístico e Cultural (NAC), Heleno Alves, propôs a ideia de criar um coral. Foi quando o nosso crítico e colunista enveredou pelo caminho musical. Criado o Coral da FACHA e, logo depois, rebatizado com o nome de DANOCORO, Wellington Lisboa, construiu uma carreira musical, junto com o grupo, ao longo de quase quinze anos. Após concluir as duas habilitações, ele cursou Letras (Português - Italiano) na UFRJ mas, não terminou. Entitulando-se 'um eterno ser em busca de si mesmo', Wellington Lisboa enveredou pela graduação em Cinema, foi quando (re)descobriu que o Jornalismo caminha junto com esta arte.

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