Sedução da Carne (Senso) / Itália,1954, 123 min. / Direção: Luchino Visconti / Com: Alida Valli, Stewart Granger, Massimo Girotti, Heinz Moog, Sergio Fantoni.
Concebido como uma ópera trágica este melodrama em technicolor reflete a exuberância do cinema italiano dos anos 50. É um filme pomposo, riquíssimo e aristocrático até o talo. A história da condessa bipolar que entra em parafuso após conhecer um malandro oficial austríaco demonstra a simpatia de Visconti pela decadência da aristocracia (meio que ele conhecia muito bem) e que ficaria mais evidente em seus próximos filmes (Os Deuses Malditos, Morte em Veneza e Violência e Paixão).
A condessa Lívia Serpieri (vivida com intensidade por Alida Valli) é casada com um homem bem mais velho e no início do filme a vemos engajada na luta pela unificação da Itália ainda sob o domínio austríaco. Sua fixação atual é seu primo Roberto (Massimo Girotti), um militante apoiador de Garibaldi que depende do apoio financeiro da condessa, mas que acaba sendo exilado e perseguido.
Serpieri então conhece Franz (Stewart Granger), o tal oficial malandro e sedutor que identifica o ponto fraco da condessa após uma caminhada pelas ruas de Veneza. Serpieri cai de quatro por Franz arriscando sua dignidade, traindo seu marido, a luta de seu primo e o próprio povo italiano.
Os enquadramentos são de tirar o fôlego com tomadas exuberantes, vestuário impecável e direção de arte primorosa (Visconti mandava trocar as flores dos cenários todos os dias para parecerem frescas, até nos cenários que não eram usados).
Senso é obra obrigatória para qualquer cinéfilo e está na lista do 100 filmes para se ver antes de morrer. Corre que ainda dá tempo.