O Jardim de Allah (The Garden of Allah) / Eua, 1936. 79 min. / Direção: Richard Boleslawski / Com: Marlene Dietrich, Charles Boyer, Basil Rathbone, Tilly Losch, John Carradine.

 

“O Jardim de Allah” (The Garden of Allah no original), baseado na obra de Robert Hichens é uma aventura romântica que já havia sido filmada em 1927 no final da era do cinema mudo. David O. Selznick comprou os direitos autorais da MGM e através de sua recém produtora (este seria o segundo filme produzindo sob seu comando) contratou o que Hollywood tinha de melhor, demonstrando assim, suas habilidades de produtor independente numa época onde imperavam os grandes estúdios.

Para os papéis principais, Selznick conseguiu a estrela máxima Marlene Dietrich e o galã francês Charles Boyer. Este mix não estaria completo se não fosse pela competente equipe técnica que incluía o compositor Max Steiner (indicado ao Oscar) e os fotógrafos Howard Green e Harold Rosson (ambos premiados com um Oscar especial por utilizar um novo processo em Technicolor que prometia resultados muito mais espetaculares do que as técnicas habituais).

A trama é um primor de absurdo. Depois da morte de seu pai por uma longa doença, Domini Enfield (Marlene Dietrich) uma jovem e linda mulher, volta ao convento onde foi criada e recebe um conselho da madre superiora: “Vá para o deserto e encontre o verdadeiro eu”.
Em sua peregrinação ela conhece Boris Androvsky (Charles Boyer), um misterioso homem que fugiu de um monastério (onde fez votos de castidade e silêncio) para vivenciar os prazeres da carne. Os dois se apaixonam, se casam e ela acaba descobrindo a verdade. Não podendo suportar tamanha vergonha, o homem volta ao monastério deixando sua linda esposa solitária.

O filme é um primor da cafonice que imperava em Hollywood na década de 30 com muitos véus esvoaçantes, ambientes requintados, diálogos intermináveis e um primoroso vestuário ressaltando, deste jeito, a visão estereotipada que Hollywood impunha sobre o exótico e longínquo Oriente. Dirigido por um desconhecido Richard Boleslawski (que morreu em circunstâncias misteriosas causadas durante a filmagem) fica claro que “O Jardim de Allah” é uma obra onde Selznick obtinha o controle total e que seria o embrião para o ápice de sua carreira, alguns anos mais tarde, quando uma Scarlett O’hara jurou jamais passar fome.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui