Três lançamentos nada atuais nos serviços de Streaming que vale a pena conferir.

This is Spinal Tap (1984)

Hoje, pra todo lugar pra onde você olha, tem uma cinebiografia musical. Já teve do Queen, do Elton John,  do Planet Hemp, da Elis… E não é um movimento de hoje. Desde Música e Lágrimas, sobre o big band leader Glenn Miller, o cinema se esmera em contar as histórias de fama e sucesso dos músicos pra tentar desvendar o seu processo criativo e descobrir o que os tornou tão carismáticos e marcantes. Como não podia deixar de ser é uma passação de pano desgraçada. Ao contrário de outros cinebiografados, que podem ser tratados com mais realidade ou mesmo crueldade, as estrelas da música são transformadas em anjos que podem ter suas falhas, mas sempre tem algo de bom escondido em seus corações de ouro. Óbvio, com o propósito de atrair seus fãs aos cinemas. This is Spinal Tap joga essa fórmula pela janela.

Tá, a banda não existe, ou melhor existe, quer dizer Spinal Tap é uma banda ficcional que apareceu pela primeira vez num esquete do programa T.V. Show do Rob Reiner. A brincadeira entre amigos deu frutos e virou um mocumentário, se não me engano um dos primeiros, sobre a turnê americana de ” Uma das Mais Barulhentas Bandas da Inglaterra”.

Brincando justamente com a atitude beatificadora e redentora dos documentários sobre bandas de Rock, acompanhamos todos os fracassos do Spinal Tap e a total falta de noção dos seus membros. Vemos eles tocarem para estádios vazios, terem shows cancelados, serem manipulados pela namorada, alô, Yoko, de um dos membros e criarem um amplificador que vai de 0 a 11, só para acharem que tocam mais alto do que as outras bandas. Preciso dizer algo mais? Vai lá assistir. Agora.

Indicação: Pra se libertar da fantasia que todos os músicos são uma mistura de Madre Teresa de Calcutá e Albert Einstein.

Onde assistir: Gloogle Play e Apple TV.

The Wonders – O Sonho não Acabou (1996)

Todo mundo que teve banda sabe: elas não foram feitas para durar. O sucesso, ou quase, é sempre fugaz e tudo começa e termina rápido demais pra fazer sentido. Mas quando você é jovem vale a pena juntar alguns amigos, sonhar juntos, curtir e falhar miseravelmente. Não à toa, a grande maioria de filmes sobre bandas segue o seu ciclo completo, da ascensão à queda. Tom Hanks, em sua primeira direção, conta com competência uma dessas histórias passada no período da Beatlemania.

É um filme formuláico, não posso esconder. Os personagens são bem bidimensionais, mas divertidos. Tem o líder da banda obcecado com o sucesso que dá pouca atenção à namorada esforçada, vivida por uma soporífera Liv Tyler; o sátiro engraçadinho que não pode ver um rabo de saia; o personagem inocente que só serve pra fazer um draminha no final; o beatnik desprendido e boa praça que só quer curtir e fazer arte; ah, e o empresário durão mas cheio de sabedoria, vivido pelo próprio Hanks.

Não é ruim, mas parece aquelas pinturas por números. Todos os elementos clichês estão lá e, como se completando uma cartilha, são resolvidos em série com profissionalismo.  O mesmo profissionalismo que a banda não demonstra na sua curta carreira de um sucesso só. E vai ser essa mesma a impressão que o filme vai lhe causar: você lembrará da música, indicada ao Oscar, nem vai se tocar que veio dos “The One-ders”, nem se ligará que o Tom Hanks arrumou mais uma vez um jeito de dar uma ponta pra sua mulher num filme seu.

Indicação: Pra bater palmas junto com a TV quando tocar “That thing you do” e depois esquecer.

Onde assistir: Telecine Play.

Quase Famosos (2000)

O Cameron Crowe, pra quem não sabe, antes de se tornar diretor de cinema, era repórter da Rolling Stone. Ainda embalado pelo sucesso de Jerry Maguire, conseguiu o financiamento para filmar essa pequena pérola inspirada nos seus tempos como crítico musical quando ainda era adolescente.

No filme, o personagem de 15 anos, inspirado em Crowe, em missão pela Rolling Stone, segue os passos da banda Stillwater, baseada nos Allman Brothers, e das groupies que os acompanham. Nessa jornada, óbvio, ele se apaixona pela namorada do guitarrista da banda e se torna homem num ambiente quase mágico de Sexo, Drogas e Rock n Roll. Sim, é um coming of age movie misturado com uma história de Manic Pixie Dream Girl, coisa que Crowe adora fazer. Mesmo assim, o filme não faz feio; muito pelo contrário.

Os personagens são sólidos e bem interpretados; as piadas internas, como as aparições de Lester Bangs e Hunter Thompson; agradam; a trilha sonora é um primor; e as groupies, desculpe, as Band Aids, são diáfanas como as musas inspiradoras que se pretendem ser.

É mais uma história de ascensão e queda de uma banda medíocre, mas com o diferencial de ser narrada pelos olhos de um crítico adolescente apaixonado por rock. Porém, não tirando o valor da banda ou do crítico, nesse filme nossa atenção é toda de Kate Hudson ,em seu primeiro papel de destaque, que rouba todas as cenas em que aparece como a quase mítica Penny Lane.

Indicação: Pra te desintoxicar de Como Perder um Homem em 10 dias e todas as outras porcarias que Kate Hudson fez depois.

Onde assistir: Google Play e Apple TV.

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