Três lançamentos nada atuais nos serviços de Streaming que vale a pena conferir.

Duro de Matar (1988)

Agora virou mato dizer que Duro de Matar é um filme clássico de Natal. É, não posso negar. Mas quando o pessoal fala isso, normalmente o faz pelos motivos errados. Duro de Matar não é um filme de Natal pois é passado perto do Natal. Duro de Matar é um filme de Natal pois trata do reencontro e regeneração de uma família.

Lembro que minha mãe dizia que as eleições eram em novembro pois as famílias, brigadas por diferenças políticas, podiam se reeencontrar, por obrigação religiosa, no Natal e fazer as pazes. É mais ou menos o que McClane, interpretado magistralmente por Brice Willis, tenta fazer.

Ele, um policial bronco de Nova York, viaja para Los Angeles para tentar reatar com a esposa que ascendeu profissionalmente e, pasmem, passou até a usar o nome de solteira. Um crime para o conservadorismo americano dos anos 80. Calha que, durante a festa de Natal do “sirviço” onde eles iam se reencontrar, um grupo de terroristas toma o prédio onde a esposa trabalha. Aí McClane tem a chance de mostrar que tem lá suas qualidades, nem que elas sejam explodir coisas e metralhar europeus estereotipados.

É um filme machista, conservador e racista pacas. Tem o parceiro afro-americano submisso e meio incompetente, a esposa independente que no fim se rende ao poder do marido abusivo, o executivo japonês que é morto por fazer mais sucesso que os americanos, e o vilão europeu educado e refinado, interpretado pelo incrível Alan Rickman, que ameaça o estilo bronco de ser dos Estados Unidos. Mas, se você passar por cima de tudo isso, ainda é um divertido filme de Natal.

Indicação: Pra quem sempre teve a vontade de ter uma camisa com os dizeres “HO, HO, HO, Now I have a Machine Gun”,.

Onde assistir: Telecine Play.

Gremlins (1984)

Nos anos oitenta, Spielberg juntou ao seu redor um grupo de jovens diretores que vinham de uma tradição dos filmes B e que se tornariam blockbusters. Joe Dante foi um deles. Depois de participar da antologia do Além da Imaginação, ele estourou com a fantasia satírica Gremlins.

É mais um filme de Natal passado no Natal. Um pai ausente, o inventor Randall Peltzer, que trabalha tanto que não pode passar nem o Natal com a família, dá ao filho Billy, uma criança grande, como a maioria dos protagonistas dos filmes produzidos por Spielberg, um Mogway, um pequeno ser místico que não pode comer depois da meia noite nem se molhar. Adivinham o que acontece? Pois, é. Quebram todas as regras e a cidade, dominada financeiramente por uma figura claramente inspirada em Scrooge de Um Conto de Natal, é invadida por um grupo de criaturas maléficas e zombeteiras. Os tais Gremlins.

A minha impressão é que os Gremlins são apenas uma representação dos desejos de Billy, pois eles acabam despejando toda a sua agressividade sobre aqueles que o maltrataram. Mas, como é um filme de Natal e requer uma redenção, no fim ele e o Mogway, com a ajuda da namorada vivida pela bela e saudosa Phoebe Cates, trazem a cidade pra normalidade. Isso é, depois de matarem ou torturarem todos os desafetos de Billy.

Indicação: Pra quem odeia as tradições tolas de Natal e, no fim das contas, não consegue deixar de curtir as maldades dos Gremlins.

Onde assistir: NOW.

De Olhos Bem Fechados (1999)

O povo torce um pouco o nariz pra esse último filme do Kubrick, mas acho que é mais culpa do envolvimento do power couple da época,  Cruise e Kidman, na película. É um filme denso, bonito, com uma fotografia genial, e que deveria ser revisitado. Inclusive no Natal.

Durante o período das festas, um casal bem de vida e “muderno” de Nova York acaba confessando um para o outro suas fantasias e seus desejos por outras pessoas. O marido de pouca imaginação e nada original, vivido burocraticamente por Cruise, não aguenta e acaba se metendo numa conspiração sexual bizarra só pra provar que ele também pode ser mais pra frentex do que a sua esposa. Óbvio que dá tudo errado.

Pensando bem, é um canhão pra matar um mosquito. O melhor do filme é a frase final de Kidman que, quase como uma punchline, transforma o filme numa longa, mas bela, piada de salão com final moralista pró família. Mas, como numa comédia de erros, o que interessa nesse pseudo drama, melhor curtido como uma sátira social e sexual, é o meio complicado e surpreendente que Kubrick filma com maestria.

Indicação: Pra lembrar que o Natal tem seu lado sombrio e safado também.

Onde assistir: HBO GO.

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