Três lançamentos nada atuais nos serviços de Streaming que vale a pena conferir.

Gladiador (2000)

Tem umas parcerias no cinema que são clássicas: Scorsese e De Niro, Jimmy Stewart e Hitchcock, Brian Robbins e Ed Murphy… bom, quer dizer nem todas. Mas tem outras que a gente nem dá tanta atenção, apesar de serem frutíferas, com boas obras e, no caso da parceria de Crowe e Scott, terem um certo eixo temático.

O primeiro filme que fizeram juntos foi Gladiador. Nesse clássico multipremiado, Crowe interpreta Maximus, um general hispano-romano, que após ser apontado como o próximo imperador por Marcus Aurelius, é quase assassinado, escravizado, e se torna um gladiador, com o propósito de vingar a morte de sua família pelo diabólico Commodus, filho do antigo imperador, magistralmente interpretado por Joaquin Phoenix.

É um filme épico na melhor assumpção do termo. Cenários majestosos, reconstruídos digitalmente; música vibrante e inesquecível; personagens históricos e exageradamente icônicos; cenas excessivamente dramáticas; sugestões de incesto e perversões diversas; e uma história ao mesmo tempo pessoal e política. Tudo isso com incríveis batalhas no Coliseu, no melhor estilo sandálias e areia.

Um ponto que sempre me toca nesse filme é que seu principal conflito é a luta de um homem para voltar para casa. Maximus, depois de conquistar os bárbaros, estóico como o imperador Marcus Aurelius, que tanto o admirava, só queria viver de forma simples e honesta junto aos seus. Porém, a política de Roma acabou com esse seu sonho e a ele só restou esfregar a terra entre suas mãos e sentir o cheiro do que nunca mais poderia ter. Dá pra ser mais clássico do que isso?

Indicação: Pra quem sabe o que significa dizer: “Eu sou Spartacus”.

Onde assistir: Prime Video, Telecine Play, Netflix, Oi Play e Now. Em quase todos os serviços de streaming. Uma raridade.

Robin Hood (2010)

A parceria de Scott e Crowe é longa e profícua. Claro que nem sempre eles iam acertar. Porém até seus tropeços, como Robin Hood, não são totalmente ruins.

É curioso que esse projeto nasceu para ser um filme sob o ponto de vista do Xerife de Nottingham, mas acabou voltando seu foco para Robin. Acredito que a sugestão inicial geraria um filme bem mais interessante. Mas essa versão, repito, não é uma bomba.

A história todo mundo conhece, ou não? Nessa versão, onde, óbvio, Crowe interpreta Robin, ele é um arqueiro do exército de Ricardo Coração de Leão, que para cumprir a promessa de entregar a espada de um cavaleiro moribundo ao seu pai, assume a identidade desse nobre falecido. É também, como Gladiador, um filme de volta ao lar, mas nesse caso a um lar que não é seu e que você precisa defender, enquanto finge ser o responsável por um povo que não conhece.

E é aí que o filme se enrola. Ao invés de tratar isso como o ponto central da história, as farsas e enganos gerados por esse “roubo” de identidade para encontrar o seu lugar verdadeiro ficam apenas confusos e tornam as relações entre os personagens estranhas e pouco críveis. Pra vocês verem, até Cate Blanchett, que interpreta Lady Marian, fica com dificuldades de entregar uma performance à altura do seu talento.

Eu entendo, Scott fez uma escolha mais realista e suja da história clássica, com um Robin mais humano e com batalhas e uma cenografia bem mais fiel ao período medieval. Porém isso gerou um choque muito grande. Acostumados a versões sempre over the top com um Robin Hood galante e seu estereotipado bando de homens alegres, ver uma versão “histórica” de uma lenda sempre iria descer mal. Mas, nesse caso, não desce tão mal. Provavelmente, se ele não usasse o personagem icônico e tivesse o mesmo plot, a história agradaria bem mais ao público.

Indicação: Pra você que não aceita até hoje que o Robin Hood do Kevin Costner não usava capuz nem chapéu. O do Crowe, pelo menos, tem capuz.

Onde assistir: Netflix, Prime Video, Globo Play.

Um Bom Ano (2006)

Quando um diretor e um ator começam a ter uma parceria mais próxima, muitas vezes eles se permitem realizar pequenas obras mais idiossincráticas só por diversão. Um Bom Ano tem isso escrito em todos os seus fotogramas.

É um filme pequeno, porém não menor. Filmado entre Londres e o sul da França, na Provença, onde, não me digam, Ridley Scott tem uma casa, e baseado, pasmem, num livro escrito por um de seus vizinhos, Um Bom Ano conta a história de Max, sacaram a semelhança com Maximus?, um inescrupuloso corretor de ações, que após a morte do tio bon vivant que o criou, precisa cuidar do vinhedo que recebeu como herança e repensar os caminhos que seguiu e que deseja seguir na vida.

Sim, é só isso. Ah, e tem Marion Cotillard como a forte e íntegra Fanny, a dona de um restaurante local, que questiona Max sobre qual é o seu lugar no mundo.

Como em Gladiador, Crowe é novamente um Max que busca seu lar. Mas nesse caso, ele é seu próprio Commodus. Consumido pela arrogância e pela ganância, ele se esqueceu quem era e não consegue ver que já está em casa. No final, sem a necessidade de lutar contra tigres, ele reencontra seu lar, mas antes disso reprisa a cena de esfregar a terra nas mãos, com um resultado um pouco diferente dessa vez.

Indicação: Pra quem sabe que paz de espírito, e, talvez, um bom copo de vinho podem tornar qualquer casa um lar.

Onde assistir: Telecine Play.

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