Em uma pacata cidade de Seahaven, vive Truman Burbank, um simples cidadão norte-americano com um ótimo emprego, bons amigos e uma linda esposa. Aparentemente, ele vive uma vida perfeita. No entanto, o que Truman sequer desconfia é que seu cotidiano está sendo televisionado ao vivo, por 24 horas ininterruptas e todos ao seu redor, incluindo sua família são atores contratados, estrelas do programa O Show de Truman. A atração se tornou um fenômeno no mundo todo, com inúmeros recordes de audiência. Porém, o que pode acontecer quando Truman descobrir a verdade sobre a sua vida?

Lançado nos cinemas em 1998, O Show de Truman é um dos mais brilhantes filmes da história da sétima arte. O roteiro escrito magistralmente por Andrew Niccoll retrata diversas críticas sociais. A história discorre muito bem sobre a manipulação midiática ao ser humano. A vida de Truman era completamente controlada pela televisão, seu melhor amigo, sua esposa e sua profissão foram determinados pela produção do programa em que vive. Da mesma forma a TV pode controlar a vida dos telespectadores em diversos sentidos. Assim como Truman, muitas pessoas não percebem, mas em diversas vezes, suas roupas, comportamentos e escolhas pessoais são determinados pela grande mídia.

Em determinado ponto do filme, quando questionado de porque Truman nunca conseguir enxergar a verdade sobre sua vida, o diretor do programa entrega a seguinte resposta: “Nós aceitamos a realidade do mundo que nos é apresentada”. No entanto, em outro momento relata: “Se Truman estivesse realmente determinado a descobrir a verdade, não haveria como impedi-lo. “. Ao analisar essa fala, é possível entender outra questão importante abordada no roteiro do filme: o poder da força de vontade. Em certo momento do longa, Truman decide ir para Fiji, encontrar Sylvia, o amor de sua vida. Ele tenta viajar de avião, mas não consegue. Em seguida, compra uma passagem de ônibus, mas novamente, não pode ir. Truman, então viaja de carro, mas é impedido por um suposto acidente nuclear na estrada. Os empecilhos do protagonista se tratavam das ações da equipe do programa que o impediam de deixar a ilha onde vivia. Apesar de seus fracassos, Truman não desistiu e alugou um barco para atravessar o oceano em direção à Fiji. Mesmo tendo medo do mar, devido a um trauma de infância, o personagem venceu essa questão para alcançar seu objetivo. A equipe do programa imediatamente tentou impedi-lo produzindo tempestades e ondas perigosas. Porém, o protagonista não se acovardou e foi em frente. Nesse momento, a produção desistiu de atormentar o personagem, o que o levou a descobrir a verdade sobre sua vida.

Natascha McElhone interpreta Sylvia, amor da vida de Truman.

De fato, quando temos um objetivo, uma meta. Nada nos impedirá de alcançar aquilo o que almejamos, nem os mais terríveis obstáculos.

Ao analisar os personagens do filme, existe um que se destaca, Cristoff. O criador do programa. Interpretado por Ed Harris, em um primeiro momento, os espectadores podem odiá-lo por ele decidir controlar a vida de Truman, o que fica claro na seguinte fala de Sylvia: “Que direito você tem de pegar um bebê e transformar sua vida em uma palhaçada?”

Ed Harris interpreta Cristoff.

No entanto, é possível compreender as atitudes de Cristoff quando ele declara: “Dei a Truman a chance de viver uma vida normal. O mundo fora da TV é um lugar doentio. Seahaven é o modelo de mundo.” Ou seja, a cidade cenográfica em que Truman  vive não têm violência, adultério, pedofilia e assassinatos. Aparentemente é o lugar perfeito. No entanto, pela cotidiano de Truman, entende-se que não é bem assim. O protagonista se sente aprisionado e vigiado. Ele odeia seu trabalho, mas não pôde seguir o sonho de ser explorado por decisão do programa de TV. Da mesma forma, Truman não teve a chance de se casar com a mulher que amava, Sylvia, pois a produção decidiu retirá-la do programa, já que não estava nos planos do diretor casar a moça com Truman. Ou seja, a televisão, muitas vezes, vende uma falsa ideia de felicidade. O ser humano precisa estar atento para não se alienar e se deixar manipular pela grande mídia.

O Show de Truman / 1998 / EUA / gênero: Comédia dramática / Direção: Peter Weir / Roteiro: Andrew Niccol / Elenco: Jim Carrey, Ed Harris, Laura Linney, Noah Emmerich e Natascha McElhone.

 

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