Quer coisa melhor do que um filme que atinge em cheio o seu público-alvo? A julgar pela sessão lotada  que assisti de “Com amor, Simon“, repleta de uma garotada animada e romântica, suspirando alto, vibrando e torcendo pelo protagonista como se fosse por um amigo, esse é o caso aqui. Um feito e tanto se considerarmos que a tal sessão ocorreu na mesma semana em que estreou “Vingadores – Guerra infinita”.

Vamos à trama: Simon é um jovem de 17 anos que leva uma vida feliz: está prestes a se formar no ensino médio, tem ótimos pais, uma irmã caçula de quem ele gosta, amigos legais. O único porém é que ninguém sabe que ele é gay. Não que isso seja um grande conflito, ele apenas ainda não encontrou a hora certa de dizer aos outros. Quando outro menino do seu colégio, usando o pseudônimo de Blue, escreve no  Tumblr sobre ser gay não assumido, Simon se identifica. Com um e-mail alternativo e um nome falso, ele passa a se comunicar com Blue, e é claro, como não poderia deixar de ser em uma comédia romântica, se apaixona mesmo sem saber de quem se trata na vida real. O problema começa quando outro colega descobre e passa a chantagear Simon, o que o leva a tomar atitudes questionáveis, sobretudo em relação aos amigos. O legal  é justamente o fato de que Simon não é nenhum herói altruísta, tampouco um vilão e muito menos uma vítima. É só um adolescente comum, que por vezes mete os pés pelas mãos, o que ajuda a criar identificação com ele e seus dramas.

O filme – vendido pela Fox como a primeira comédia romântica com um protagonista gay – é baseado em “Simon vs Agenda Homo Sapiens”, livro de estreia da americana Becky Albertalli. O título original vem de um dos e-mails trocados entre Simon e Blue no livro, no qual filosofam que deveria existir uma “agenda hommo sapiens” em que todos tivessem que “se assumir”e  não apenas os gays.  Na tela, de certa forma, esse momento é representado a partir da imaginação de Simon.

Uma curiosidade é que com a chegada da adaptação aos cinemas, o título brasileiro do livro mudou para ficar igual ao do filme. Resultado:  agora é possível encontrarmos nas livrarias o mesmo livro com dois títulos diferentes.  Curiosidade número 2: Becky é psicóloga, trabalhou durante anos com jovens do ensino médio e diz usar essa experiência para escrever seus livros. Deve funcionar, já que logo depois ela escreveu “Os vinte sete crushes e Molly”, outro sucesso editorial entre os jovens.  Curiosidade 3:  o terceiro livro da autora  é uma sequencia do primeiro e conta a história de Leah, a melhor amiga de Simon, interpretada no cinema por Katherine Langford, a protagonista da série da Netflix 13 reasons why .

Li “Com amor, Simon” logo após assistir ao filme no cinema e o que posso dizer  é que apesar dos mesmos personagens e da mesma trama central, há diferenças significativas. Se no filme Simon tem  uma única e fofa irmã menor, na literatura ele tem duas irmãs, uma mais velha que está na faculdade e uma que deve ser apenas um ano mais nova e não é tão fofa assim. Além disso, a família do livro, apesar de  amorosa e supostamente liberal é bem menos perfeita que a do filme. Mas a principal diferença está mesmo no modo como algumas situações se desenrolam, principalmente em relação aos amigos. Digamos que o Simon do filme é mais proativo e comete mais equívocos que o do livro, que parece mais vítima das circunstâncias. Em comum, filme e livro tem o fato de serem despretensiosos e de fácil assimilação.

Um ponto positivo da adaptação  é que ela foge justamente da principal critica feita a filmes com protagonistas LGBT, a de que costumam ter desfechos trágicos. Com amor, Simon não tem maior profundidade, nem leva à reflexões mais elaboradas, mas, isso não tira seu mérito.  Afinal, o filme   é exatamente o que se  propõe a ser: uma comédia romântica adolescente, leve, divertida e repleta de referências pop, daquelas voltadas para toda família. Não duvido que em um futuro não tão distante venha a se tornar um clássico da sessão da Tarde ou algo similar, fazendo a galerinha que um dia assistiu no cinema suspirar novamente e lembrar com saudade. E tomara que seja assim.

Leia aqui a critica de Zeca Seabra no Cinema para sempre: http://cinemaparasempre.com.br/index.php/2018/03/26/critica-com-amor-simon

 

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