O Cinema Para Sempre entrevista a atriz e dubladora Flávia Saddy, dona da voz brasileira de personagens com grande popularidade como a Lisa (Os Simpsons), Mulher Maravilha, Daphne (Scooby-Doo), Mia (Rebelde), Barbie, Chloe (Smallville), papéis da atriz Natalie Portman, Supergirl e muitos outros.

Nascida no Rio, Flávia tem a família composta por pessoas da mesma carreira, já que é filha de Marlene Costa – dubladora – e irmã de Fernanda Baronne, que também já conversou com o Cinema Para Sempre (você pode conferir a entrevista aqui).

Fora do seu trabalho como dubladora, Saddy é formada em Direito e fez locução esportiva. Já na carreira de dublagem, conquistou dois Prêmios Yamato, considerado o Oscar da Dublagem. O primeiro em 2005 com a Chloe de Smallville na categoria de melhor dubladora da atriz coadjuvante e três anos depois pelo papel de Lisa Simpson na categoria de melhor dubladora coadjuvante.

Referência na profissão, mãe e flamenguista, Flávia Saddy conversou conosco e você pode conferir abaixo a entrevista:

 

Flávia Saddy faz a voz de muitos personagens famosos e é um dos grandes nomes da dublagem brasileira

CPSPrimeiramente obrigado pelo feedback! Você tem ao redor, na sua família, referências de atrizes/dubladoras, como a sua mãe e irmã. O quanto de influência elas tiveram para a sua carreira?

FS: Minha mãe foi a grande influenciadora, na época em que comecei, minha irmã já fazia algumas participações . Eu sempre muito tímida, dizia não para minha mãe. Mas com a Novela Carrossel, ela precisou de crianças, uma vez que o Silvio Santos, pediu para que a novela fosse feita por crianças e assim acabei entrando. Hoje penso que foi uma decisão que mudou minha vida. Não consigo imaginar como seria a minha vida sem essa escolha.

Minha irmã é uma grande inspiração, sou muito fã. Espero chegar um dia perto do talento das duas!!

CPS: Você começou cedo, ainda criança, em 1989. De lá para cá, foi a voz de muitas personagens marcantes, seja em filmes, séries ou desenhos. Uma que te acompanhou durante muitas temporadas foi a Chloe, de Smallville. Inclusive este trabalho rendeu a ti o Prêmio Yamato em 2005. Qual a diferença entre o trabalho para uma personagem em um filme e um trabalho para uma de uma série, com anos de duração? Há um processo de mudança na voz ao longo das temporadas?

FS: Em filmes o processo é muito rápido. Contamos com o Diretor de Dublagem, para em muito pouco tempo passar toda a história e as características da personagem, além das emoções que serão  desencadeadas no processo. Já nas séries vamos absorvendo ao longo dos episódios e das temporadas, ganhando mais afinidade. Com a Chloe foi mágico! Um  Presente da diretora Sheila Dorfman! Fui amadurecendo junto com ela e meu trabalho de atriz foi mudando. Inflexões mais infantis foram dando lugar a inflexões mais trabalhadas, com um maior entendimento da personagem e das mudanças dela. E a minha voz ao longo de todas as temporadas também se modificou bastante, num processo natural, mas que acompanhou também as mudanças da atriz que fazia a Chloe.

CPS: Vendo uma entrevista, percebi que você tem um grande carinho pela Chloe e os papéis da Natalie Portman de um modo geral, como por exemplo em Star Wars. Smallville, Star Wars…produções da Cultura Pop te agradam como fã, independentemente dos seus trabalhos?

FS: Me agradam muito! Adoro esse mundo dos heróis!! Star Wars fez parte da minha infância, quando fui fazer teste para o Episódio 1 fiquei muito feliz e torcendo para fazer parte de um mundo que eu já conhecia! Fiquei muito feliz e grata quando passei no teste! E hoje em dia curto toda esse universo de Star Wars com meu filho!

CPS: Uma recém xodó sua é a Mulher Maravilha nos filmes. A voz para o papel dela é muito diferente, por exemplo, da  Lisa de Os Simpsons, outra personagem marcante na sua carreira. Como é conseguir dosar a entonação sem prejudicar a voz?

FS: A maioria dos dubladores faz ou já fez fonoterapia para ajudar nesse processo de constante mudança de entonação. Na terapia aprendemos a aquecer as cordas vocais, para evitarmos possíveis danos. E também exercitamos a extensão vocal, para descobrirmos nossas possibilidades. Tento nos meus trabalhos chegar mais perto possível do timbre original.

CPS: A sua formação em Direito te ajudou de alguma forma no processo de interpretação na dublagem?

FS: Ajudou sim, foi uma faculdade sofrida para terminar, uma vez que já dublava, mas que me enriqueceu culturalmente. Quando interpreto advogadas, juízas, policias, sempre vem uma memória dessa época, de termos jurídicos aprendidos. Acho que ajuda a trazer mais verdade para o meu trabalho.

CPS: Além de dubladora, você também já se aventurou em locução esportiva. Inclusive doeu em mim acompanhar no Youtube a narração justamente do seu Flamengo contra o meu Botafogo, não podia ser em outro jogo? (risos) Por que não deu continuidade a esta área esportiva?

FS: rsrsr Estou rindo aqui lembrando dessa época! Foi um trabalho com um menino que era fã de dublagem e me chamou para fazer umas narrações para um portal da internet. Mas era difícil conciliar meus horários com as narrações. Acabamos ficando só amigos, ele até foi ao meu casamento.

Mas foi bem emocionante aquele jogo contra o Fogão! Deu pra sentir que não fui imparcial, né? rsrsrs Quanto a área esportiva, sempre tive vontade de trabalhar com rádio, sou daquelas que escuta band news, CBN, informação através da voz me atrai, por quê será? Seria uma área em que adoraria trabalhar.

CPS: Na rua, qual é a personagem em que as pessoas mais te reconhecem?

FS: Já fui reconhecida pela Barbie (dublei de 2002 até 2014) e também pela Daphne do Scooby-Doo.

Mas geralmente as pessoas falam: –Nossa, sua voz não me é estranha.- Sua voz parece com a de uma moça da tv. rsrsrsrsrs

CPS: Qual foi seu trabalho mais difícil? Seja pela complexidade de algum personagem, entonação ou quaisquer motivos externos?

FS: Um dos mais difíceis que fiz foi um bem recente, o “Eu Tonya”. Passar a veracidade da atriz, em tão pouco tempo, exigiu muito! Sai cansada fisicamente e mentalmente do estúdio. Fechei o filme muito grata com a oportunidade que me foi dada!

E” Lolita”, que dublei duas vezes. Uma assim que foi lançado e outra alguns anos depois. Foi um grande desafio pra mim!

CPS: Como avalia o trabalho de dublagem atualmente no Brasil?

FS: Acho que a dublagem já teve “dias melhores”. Hoje para alguns clientes o prazo e o preço da dublagem contam mais que a qualidade. Acho que o surgimento de novas praças deve ocorrer, novas vozes são necessárias e há espaço para todos. Só Torço por um trabalho com regras iguais e que a qualidade  seja decisiva na escolha do cliente.

CPS: Por fim, mande uma mensagem aos seus fãs 🙂

FS: Vocês são o maior retorno de nosso trabalho tão anônimo! A reação de vocês a cada trabalho, as críticas e os elogios, nos ajudam a crescer como profissionais. Muito Obrigada pelo carinho e por fazer parte do dia a dia de vocês!!

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