Dedico esta coluna a memória da eterna Marlene Moura, considerada a mãe da caracterização no audiovisual, ela formou uma legião de makes pelo mundo e da qual tenho o privilégio de ter feito parte do “filme da sua vida!”
O Filme da Minha Vida/ Direção: Selton Mello/ Brasil/ Inspirado na Obra: Antonio Skarmeta/
Elenco: Johnny Massaro, Vincent Cassel, Selton Mello, Bruna Linzmeyer, Bia Arantes
Fotografia: Walter Carvalho/ Make: Marlene Moura
O Filme da Minha Vida expressa na tela à relação de amor tão profunda e delicada entre pai e filho, bem apropriado para o dia dos pais, pois retrata o que a maioria dos pais fazem com seus filhos, ensinar as suas habilidades. É uma das mais tocantes que me lembra muito o meu saudoso pai, foi a sequência em que o menino aprende a andar de bicicleta, uma das mais expressivas pois além de ensina o menino a andar com as próprias pernas e ser protagonista da sua história de vida e isso é que os pais esperam de nós, filhos amados.
O longa metragem do ícone do cinema brasileiro, Selton Mello mostra pequenos detalhes da vida do sonhador Tony Terranova vivido pelo protagonista Johnny Massaro, que retrata de maneira sutil todo o sentimento daquele “menino” depois que o pai desaparece: “-“Meu querido pai, nenhuma ausência é tão cara quanto a tua”.
A narrativa em torno do professor Tony se passa na Serra Gaúcha em meados dos anos 60. Além de mostrar o maior conflito que a ausência do pai Nicolas interpretado pelo ator francês Vincent Cassel em duas fases: a primeira em flash back nas lembranças do “garoto” e na fase adulta para o desfecho da trama. “-Eu cheguei e ele partiu. O resto, eu não posso contar“.
A linguagem do corpo dos personagens é um ponto marcante, pois conhecemos a fundo cada um deles. Selton é Paco, elo entre pai e filho, que apesar de querer dificultar a aproximação entre eles, ao final esse homem bronco, não tem mais como impedir este reencontro que é feito dentro de um cinema, pois o pai de Tony se torna um projetor de sonhos da cidade ao lado.
A vida do nosso herói tem inúmeras batalhas a cumprir, como a questão da primeira vez de um homem que em décadas passadas não era com a mulher amada e sim com as da vida, mas até a forma em que mostrado tem um toque de magia. O triângulo amoroso que não chega de fato a se formar, entre Tony e das duas irmãs: Luna e Petra estrelado por Bruna Linzmeyer e Bia Arantes, onde desde começo existe identificação com a sonhadora Luna, amante da fotografia e sua confidente pessoal e num dado momento de crise se rendem ao amor.
O reencontro entre pai e filho que passam anos a fio sem se ver, é outro ponto marcante desta história, pois reforça que os elos são eternos apesar da distância física de anos, através das lembranças, no caso do filme de um pai ausente e no meu caso de um que partiu para nunca mais voltar, mas que permanece vivo dentro do meu coração e o final fica a cargo de cada um e neste momento a magia renasce em nossos corações…
Conteúdo incrível, redondinho e muito bem escrito. Parabéns Raquel Duarte Garcia, fazia tempo que não lia algo tão engrandecedor. E viva o cinema!!!
Agradeço pelas palavras de incentivo e amizade sobre o meu texto! Continue acompanhe as postagens do site, minha querida! Bjs!*