Ridley Scott dirige um épico histórico

que pode se tornar referência para a década.

 

Ridley Scott leva para os cinemas mais um filme importante para sua carreira, “O Último Duelo” retrata o embate histórico relatado em um livro escrito pelo autor americano Eric Jager, “O Último Duelo: Uma Verdadeira História de Julgamento por Combate na França Medieval” que foi lançado em 2004.

O trio de roteiristas que conta com Nicole Holofcener, Matt Dammon e Ben Affleck. Os três  adaptaram o livro para o cinema, mas a dupla Damon e Affleck, também atuaram e produziram “O Último Duelo” como fizeram com “Gênio Indomável” de 1997, onde a dupla ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original. Quem sabe a história se repete, já que o roteiro de Damon e Affleck tem tudo para concorrer ao Oscar e com grandes chances de levar, e dessa vez tem um bonus de ter  Nicole Holofcener para acompanhá-los. 

Para contar a história do último duelo judicial oficialmente reconhecido na França, que aconteceu em 29 de dezembro de 1386,  os roteiristas optaram por mostrar as três versões daspartes envolvidas no duelo: 1ª parte a versão de Jean Carrouges, a 2ª parte temos a versão de Jacques Les Gris e a 3ª parte, a versão de Marguerite Carrouges, nascida Thibouville.  O interessante é que esse caminho abre um leque para visualizar todas as partes desse julgamento. Mesmo séculos depois, esse fato ainda é tema de debate entre historiadores e juristas.

Um fator que eleva o filme é a importância histórica, não apenas para retratar como a justiça era feita naquela época, mas como Marguerite foi corajosa em denunciar o estupro que foi acometida em uma época que as mulheres eram tratadas como simples objetos e moedas de troca. Todas as mulheres passavam pelo terror de serem subjugadas e tinha que ficar calada. Ela fez prevalecer a justiça para punir seu algoz. Caso seu marido Carrouges perdesse o duelo os dois seriam punidos ele seria morto em batalha e ela queimada na fogueira.

O elenco foi muito bem escolhido e a caracterização impressiona. A beleza de Matt Dammon cede lugar a uma caracterização de um homem bruto com marcas no rosto, sem nenhum charme e atrativo. Ben Affleck está tão bem caracterizado como   Conde Pierre D’Alençon que demorei um pouco para reconhece-lo. Jacques Le Gris foi interpretado por Adam Drive que também está tão bem quanto os colegas de cena, mas quem se destaca é Jodi Comer como a única beleza do filme, Marguerite Thibouville Carrouges. Seu talento na tela transborda com sua atuação na medida certa, minimalista e mais incisiva quando necessário. Jodi Comer interpretou muito com o olhar e deixou a personagem fluir naturalmente que aparentava ser a reencarnação de Marguerite.  

A direção de arte impressiona nos detalhes em recriar a França Medieval, assim como o belíssimo figurino por Janty Yates que tem um Oscar de Figurino pelo filme “Gladiador” também dirigido por Ridley Scott. A edição tem grande importância para o funcionamento do filme como pensado para dar três versões e essa função ficou com a britânica Claire Simpson que dirigiu Platoon de Oliver Stone e “O Jardineiro Fiel” de Fernando Meireles. Mostrar os acontecimentos com três pontos de vista e um trabalho minucioso que requer muita sensibilidade e habilidade para entender a cabeça dos criadores e dar forma a criatura. E nisso, Claire Simpson fez um trabalho espetacular.

Espetacular também é o trabalho de fotografia do polonês Dariusz Wolski. Ele soube trabalhar com o escuro de forma que cada cena ficou com uma visibilidade proporcionando ao público um entendimento visual do que está acontecendo.

Ele trabalhou também os claros mostrando um pouco de contraste e em algumas cenas os tons pastéis contrastava com as cores dos figurinos.

A trilha sonora imponente criada por Harry Gregson-Williams nos leva nessa viagem no tempo até 1386 e nos coloca como espectadores de como as coisas aconteciam em uma sociedade que encarava atrocidades como normalidade.

Ridley Scott estava inspirado e motivado ao fazer esse filme. Ele aproveitou o que o elenco tinha de melhor para compor os personagens. Ele soube como trabalhar a história do ponto de vista da vítima, do acusador e do acusado. A maquiagem e os efeitos visuais impressionam em tornar real cenas de lutas com a brutalidade que era usada na época. Esse é um épico para marcar a década. Nesse filme Ridley Scott mostra como ele se afina bem com Matt Damon que já ficou perdido em marte com o diretor e chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Ator.  

“O Último Duelo” é um filme  que vai ficar marcado na década e entra na galeria de bons filmes de todos os profissionais envolvidos nesse projeto. Vale a pena assistir em uma tela grande e com tecnologia para aproveitar a imersão da grandiosidade das tomadas de Ridley Scott.  

 

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