Lázaro Ramos atuou em 40 filmes, desde 1995 com sua estreia no filme Jenipapo, e agora embarca em uma nova função, dirigir um longa. Resultado: Pode seguir em frente como diretor, já que “Medida Provisória”  entra para a história do cinema brasileiro como um dos melhores filmes produzidos. Como se consegue isso? Junte uma boa história, uma boa equipe e um maestro que sabe exatamente o que quer para contar uma história. 

Medida Provisória é um filme inspirado em uma peça que Lázaro Ramos levou para o teatro há 15 anos atrás. A ideia do filme é genial e trabalha o inconsciente coletivo, aquelas perguntas que sempre fazemos: “E se fosse assim …  como seria?” e é em um Rio de Janeiro futurista que Lázaro Ramos nos convida para embarcar em um mundo de questionamentos. Com a proposta que o governo baixa uma medida provisória que todos os descendentes de africanos voltaram para os países de origem começa uma caçada para expulsar cada negro do Brasil e deportar para o país de origem de seus ancestrais. E começa o conflito do filme, onde os racistas estão resguardados para a caçada para a deportação em massa. 

Como todo opressor sempre enfrenta resistência a resistência começa do advogado Antônio interpretado por Alfred Enoch (Harry Potter), sua esposa a Dra. Capitu interpretada por Taís Araújo e o primo de Antônio que mora com eles, o jornalista André interpretado por Seu Jorge.  A vilania fica por conta dos talentos de Adriana Esteves e Renata Sorrah. O elenco coadjuvante que faz a história girar também está harmônico e conta com talentos de Flávio Bauraqui, Dona Diva, Mariana Xavier, Jessica Ellen, Emicida, Paulo Chun, Aldri Anunciação e Hilton Cobra. 

Nem todo diretor é um bom diretor de elenco e aqui, Lázaro Ramos mostrou que tem essa habilidade. Tirar o melhor de seu elenco é extremamente importante  para que o filme crie uma conexão com o público, já que são os personagens que criam os vínculos do público com a história. O roteiro é quem cria como a história será contada e como serão os personagens. 

E Falando em roteiro, o diretor escreveu em parceria com Lusa Silvestri, Aldri Anunciação e Elísio Lopes Jr. O quarteto estava muito bem sincronizado para encontrar os caminhos que transformou o Medida Provisória em um filme necessário, reflexivo e um ótimo entretenimento.

Para ser um entretenimento é necessário se cercar de uma equipe técnica competente e isso já começa com o diretor de fotografia Adrian Teijido que proporcionou uma fotografia mais opaca mostrando a falta de visão mais humana das questões aboradadas. 

A direção de fotografia foi inteligente em mostrar um Rio de Janeiro futurista sem parecer de outro mundo. Já somos testemunhas oculares que as décadas passam e o Rio se conserva com suas caracteristicas e elementos modernos. As roupas também seguem a mesma linha. Uma boa opção do figurinista  Alex Brollo. 

A trilha sonora embala esse filme com muita precisão. O trio Kiko de Souza, Plínio Profeta e Rincon Sapiência mostram que esse filme foi feito com parcerias, o roteiro à 4 mentes, a música à 3 mentes e essa harmonia entre os setores só trazem positividade no resultado do filme. 

Agora não adianta nada disso se a edição do filme não funcionar. E Diana Vasconcellos entendeu o que passava na cabeça do diretor e as necssidades da história. E a montagem faz com que quem assiste ao filme vá sentindo e se embrenhado na história e sendo levado por ela sem piscar. Não dá nem para sentir 1h43m de filme. 

No fim do filme, o Medida Provisória mostra que cabe mais! Que Lázaro Ramos se anime e faça o Medida Provisória 2. 

Assisti a esse filme no Estação Botafogo, em uma sala cheia que não tenho noção de quanto tempo as pessoas ficaram de pé aplaudindo. Depois foi a cereja do bolo, um debate com a equipe do filme e o público presente. 

O Festival do Rio foi muito feliz em levar esse filme para a competição. Pena que não faço parte do Juri, porque se fosse, o Medida Provisória seria o meu Eleito!

 

 

 

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