O filme escrito, dirigido e produzido por Kenneth Branagh é sem dúvida um dos melhores filmes da temporada. O filme foi indicado a 7 Oscars nas categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante: Jodi Dench, Melhor Ator Coadjuvante: Ciaran Hinds, Melhor Roteiro Original: Kenneth Brannagh, Melhor Canção Original: “Down to Joy”, Van Morrison e Melhor Som. Na verdade, Belfast merecia mais indicações como trilha sonora, Edição e direção de arte. 

O longa tem a proposta de falar das lembranças de Branagh pouco antes de sair de Belfast, sua cidade Natal, ainda criança aos 9 anos de idade.  

É bom frisar que o filme não fala sobre do conflito que virou uma guerra entre católicos e protestantes que atravessou os séculos e reacendeu em um conflito violento na Irlanda nos anos 60 durou até os anos 70, mas o acordo de paz só aconteceu nos anos 90. Esse conflito causou uma série de manifestações pedindo paz na Irlanda e duas músicas importantes: “Give Ireland Back To The Irish” de Paul McCartney & Wings e a mais famosa delas: “Sunday Bloody Sunday” da Banda Irlandesa U2.   

O objetivo aqui é mostrar as memórias de Kenneth Branagh aos 9 anos de idade.  Nós partilhamos das memórias do menino e do que ele ouviu e presenciou. Por isso, em alguns momentos pode parecer faltar alguma coisa,  mas na verdade, não falta, só vemos o que ele viu e só ouvimos o que ele ouviu. O que nos faz refletir sobre o que você lembra quando tinha 9 anos de idade? Com certeza pode se lembrar de algumas coisas, ter alguns flash de memória, mas como o evento da saída de Belfast foi impactante, essa marca fica na memória como uma tatuagem. E esse filme foi uma oportunidade de contar sua história, exorcizar seus demônios e homenagear a irlanda.

O roteiro é bem desenvolvido, já que tem que contar sobre o drama que muitas famílias passam, quando estão numa pré guerra.  É preciso dar fluidez ao texto sem perder a essência da história.  E delimitar o começo,  o meio e o fim com lógica e coerência. O resultado é um filme coerente com a proposta e com uma estética elegante, poética e emocionante. 

O elenco com atores Irlandeses e britânicos foi muito bem escolhido encabeçado por Jude Hill, um ator com 12 anos de idade e que esbanjou muito talento e carisma na tela. Ele interpreta Buddy, o Kenneth Brannagh criança, e contracenou com atores já consagrados no cinema como Ciarán Hinds, Jodi Dench que interpretam os avós de Buddy, e foram indicados ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante, e Catriona Balfe e Jamie Dorman como os pais do menino. 

Destaque para as cenas das conversas entre Buddy e o avô, que era para o jovem, seu melhor amigo.  A comunicação simples, lúdica e objetiva deram ao filme um toque especial mostrando que as lições aprendidas com o avô foram levadas para sua vida até hoje. 

Branagh também tem em sua equipe profissionais Irlandeses e Ingleses, além do diretor de fotografia grego Haris Zambarloukos. 

A  fotografia de Haris Zambarloukos deixa a estética do filme elegante,  além de cumprir com a missão de mostrar que é uma lembrança com o uso da fotografia em preto e branco.  Uma pena essa fotografia belíssima não ter sido indicada ao Oscar 2022. 

A direção de arte elaborada por Stephen Swain teve o cuidado para reproduzir cenários e objetos de cena da Irlanda dos anos 60 da classe trabalhadora. Algumas cenas merecem atenção como a cena do cinema na foto que ilustra essa crítica e a cena do conflito no supermercado. 

O mesmo cuidado foram com os figurinos desde os uniformes de escola as roupas dos trabalhadores protestantes e católicos. Um belo trabalho de Charlote Walker que tem em seu currículo muitos filmes de época,  o que a qualifica para trazer para as telas esse clima. Cada figurino mostra um pouco da história e quem eram aquelas pessoas. 

A trilha sonora do músico Irlandês Van Morrison pontua muito bem o clima de cada cena ajudando a embarcar nessa história. Vale ressaltar que a canção “Down To Joy” está indicada ao Oscar de Melhor Canção Original. E tem grandes chances, apesar do principal concorrente ser a canção “No Time To Die” de Billy Ellish e Phineas O’Connel para o filme “007 – Sem Tempo Para Morrer”. 

A edição da editora irlandesa Úna Ní Dhonghaíle deixa o filme coeso, mas em alguns poucos momentos tem uma transição um pouco brusca. Como na cena do supermercado. Talvez seja para transmitir a sensação de estar perdido em uma cena de conflito. Mas o que importa é funcionar e Belfast tem um bom ritmo e funciona muito bem. 

Ao assistir Belfast, me fez pensar o que estava fazendo aos 9 anos de idade.  Será que com esforço vou me lembrar de tantas coisas?  E isso me fez admirar ainda mais esse trabalho que Kenneth Brannagh dedicou aos irlandeses que partiram,  aos que ficaram e todos os que lutam por um mundo melhor. 

 

Ouça a canção indicada ao Oscar 2022 “Down To Joy” de Van Morrison!

https://www.youtube.com/watch?v=u6R_flCWidw

Ouça também as canções mencionadas acima:

Sunday Bloody Sunday – U2

https://www.youtube.com/watch?v=3hFTc-Zr4Mo

 

“Give Ireland Back To The Irish” de Paul McCartney & Wings

https://www.youtube.com/watch?v=JQAPZ4KBYyo

 

 

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