Toda história sempre terá três versões, a que ouvimos, a que contamos e o que de fato aconteceu. A verdade inconveniente é que apenas as 2 primeiras são realmente absorvidas, quanto a história real é inacessível e acaba se perdendo com o tempo e a vergonha de ser revelada. No filme “As Verdades” do diretor  José Eduardo Belmonte, que estreia na próxima quinta-feira, 30 de junho, somos envolvidos com 3 versões diferentes de um mesmo acontecimento. Após 2 anos longe de sua cidade natal no litoral nordestino, Josué, interpretado por Lázaro Ramos, retorna como delegado da polícia militar e tem a difícil missão de desvendar a tentativa de homicídio de Valmir, personagem do ator Zé Carlos Machado.

Utilizando uma fotografia diversificada e impecável e com uma narrativa criativa somos conduzidos a acreditar em cada versão de forma diferente, porém deixando sempre uma lacuna de questionamento a cada versão. Francisca interpretada por Bianca Bin, não mostra apenas ser o motivo da tentativa de homicídio de Valmir, como também carrega o peso de transmitir o que muitas mulheres sofrem ou já sofreram com o julgamento pela maneira de se vestir e agir. Sem contar os  constantes assédios e em alguns casos mais extremos o brutal estrupo que marcam não apenas o corpo como também a alma de quem passa por esse tipo de violência.

Tocando em assuntos extremamente delicados, hora em segundo plano com histórias paralelas, outra hora sendo direto e objetivo, o filme “As Verdades” não aborda apenas como um mesmo acontecimento pode ter perspectivas diferentes dependendo do olhar de quem conta sua versão. Mas também a brutal e triste realidade de casos de estrupo de menores de idade que infelizmente continuam acontecendo e pouco são discutidos e questionados, principalmente quando envolve alguém do convívio contínuo da família e da criança agredida.

O ator Thomaz Aquino e as atrizes Drica Moraes e Edvana Carvalho dão um show à parte de atuação e personificação a cada versão de seus personagens, fazendo do filme uma divertida missão de saber quem está dizendo a verdade. Em meio a tantos questionamentos existe apenas a certeza de que o diretor José Eduardo Belmonte, junto com toda sua equipe, entregaram muito mais que um filme para ser assistido em uma quinta-feira à noite, como também um magnífico filme que transmite o impacto necessário para gerar a mudança que precisamos na vida real.

 

 

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